Além da respiração: outras formas como a poluição nos afeta

02/10/2021 às 09:003 min de leitura

Se você está lendo o Mega Curioso de uma praia tranquila ou de uma zona rural, considere-se sortudo, porque, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, nove entre dez pessoas respiram ar poluído no mundo, a maioria em grandes cidades. 

A principal diferença que sentimos com isso é na respiração: os gases emitidos pelos carros ficam presentes em partículas microscópicas no ar, mesmo que a gente não veja fumaça. No meio disso, só há aspectos ruins: dióxido de nitrogênio, monóxido de carbono, ozônio, óxido de nitrogênio, dióxido de enxofre. Não precisa ser químico para saber que isso não é bom, né?

Essas partículas microscópicas entram no corpo pelo ar que respiramos e fazem um estrago enorme na nossa saúde. Estima-se que um terço das mortes por derrames, câncer de pulmão e doenças cardíacas estejam ligadas à poluição. É o mesmo efeito de fumar cigarro, mesmo que muita gente nunca tenha colocado um na boca. 

Até aí tudo simples de entender: o pulmão fica comprometido, prejudica a respiração, que também afeta o funcionamento do coração e causa derrames. Mas você sabia que a poluição do ar também pode afetar outras áreas do seu corpo?

Mesmo que a gente não veja fumaça, a poluição entra no nosso corpo (Imagem: Unsplash)Mesmo que a gente não veja fumaça, a poluição entra em nosso corpo. (Imagem: Unsplash)

Poluição e Mal de Alzheimer

A partir do momento em que as partículas de poluição entram no organismo, elas conseguem se espalhar e causar problemas em muito mais lugares do que "apenas" o pulmão e os órgãos diretamente relacionados a ele. Elas afetam até o cérebro, com estudos comprovando uma relação entre as impurezas e as doenças psiquiátricas, como a depressão.

Além disso, há uma relação curiosa entre a poluição e o Mal de Alzheimer que foi descoberta por cientistas da Universidade da Califórnia em um estudo publicado em 2020. Segundo eles, é possível observar que os idosos com Alzheimer que vivem em áreas mais poluídas têm maior concentração de placas amiloides. Essas placas são depósitos de gordura no cérebro e um dos principais sintomas da doença. 

A hipótese dos pesquisadores é que as partículas microscópicas de poluição — com todos aqueles elementos que citamos no início — induzem uma resposta inflamatória crônica no cérebro. Com o tempo, isso pode afetar a saúde do órgão e levar ao desenvolvimento de doenças que geram demência, como o Mal de Alzheimer. 

Estudo nos EUA encontrou correlação entre a poluição e o Mal de Alzheimer (Imagem: Unsplash)Estudo nos EUA encontrou correlação entre a poluição e o Mal de Alzheimer. (Imagem: Unsplash)

Poluição e o intestino

Ainda mais bizarra do que a relação entre poluição atmosférica e doenças neurológicas é a forma como as partículas microscópicas afetam o intestino. Sim, o ar impuro que respiramos nas grandes cidades pode levar ao desenvolvimento de doenças inflamatórias intestinais.

Os cientistas descobriram isso analisando os dados de ocorrência de DII pelo mundo: esse tipo de doença atinge mais pessoas que vivem em zonas urbanas do que aquelas que moram em zonas rurais, e habitantes de países mais desenvolvidos (com mais carros e indústrias) do que aqueles de países menos ricos. E não para por aí: o número de casos de DII em países recentemente industrializados na Ásia, na África ou na América Latina tem aumentado. Pois é...

Claro que isso pode ser apenas uma coincidência, e a simples relação entre os números não significa que a poluição causa as doenças intestinais. Os cientistas, obviamente, levantaram essa questão e foram estudar o assunto mais a fundo. Em testes com camundongos, aqueles que inalaram partículas de poluição por alguns dias tiveram mudanças na resposta imune do intestino, alterações no microbioma intestinal e sinais de inflamação nessa área. 

Pessoas que moram em áreas poluídas tem maior propensão às DII (Imagem: Unsplash)Pessoas que moram em áreas poluídas tem maior propensão às DII. (Imagem: Unsplash)

O professor Gilaad Kaplan, da Universidade de Calgary (Canadá), já escreveu diversos artigos sobre a relação entre poluição do ar e as doenças inflamatórias intestinais, como a Doença de Crohn e a colite ulcerativa. Só para resumir o que são essas doenças: são feridas graves e bem doloridas no sistema digestivo, causadas — veja só! — por respostas equivocadas do sistema imunológico, que começam a atacar o próprio intestino e seu microbioma. São os mesmos sinais que apareceram nos camundongos do estudo do professor Kaplan.

E tem mais: não são só as DII que podem ser causadas pela poluição. Uma apendicite pode se tornar mais grave se você mora em áreas com ar impuro, como mostra um estudo comparativo feito pelo professor Kaplan. 

Para não terminar esse texto em um tom tão apocalíptico, a boa notícia é que, sabendo de tudo isso, nós podemos tomar atitudes para diminuir a poluição atmosférica ou nos mudar para o campo e parar de respirar esses venenos. Fica a seu critério. 

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