Como era a vida das prostitutas de luxo no Renascimento?

05/11/2022 às 06:002 min de leitura

Há uma frase antiga que diz que as profissionais do sexo levam uma "vida fácil". Bom, além de machista, esta é uma frase mentirosa. E as prostitutas que trabalhavam durante o período renascentista sabiam bem disso.

Algumas cortesãs que viviam em Veneza, por exemplo, além de serem muito ricas, eram também reverenciadas como intelectuais. Isto porque elas tinham muitos atributos e precisavam estar preparadas para lidar com todo tipo de debate. Não por acaso, várias delas publicaram livros. Por conta disso, estas mulheres conquistavam a liberdade financeira e sexual e inspiravam as esposas dos nobres a imitar o seu estilo arrojado.

Veneza, a capital das cortesãs no Renascimento

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

Veneza era uma das cidades mais ricas da Europa durante o século XVI. O comércio florescia, atraía gente de todo mundo e isso também estimulou o crescimento da prostituição, que se tornou legalizada e tributada.

Os historiadores contam que, em 1509, havia 11.164 cortesãs em Veneza. Há um cálculo apontando que uma em cada quatro mulheres trabalhava neste ramo. Claro que havia as prostitutas de "baixo escalão" (chamadas de cortigiane di lume, ou "cortesãs da luz"), que eram pobres e ganhavam pouco. Mas também existiam as muito famosas e ricas (chamadas de cortigiane oneeste, que quer dizer "cortesãs honestas"), que moravam em casas luxuosas e ajudavam a lançar modas que se espalhavam na sociedade.

O contexto da legalização desta profissão tem razões históricas: no século XIV, a Peste Negra havia dizimado a população de Veneza. Por consequência, até a igreja concordou que a prostituição fosse legalizada, pois isto, supostamente, diminuiria o número de ataques às mulheres.

A consequência é que as cortesãs mais conhecidas tomaram lugar de destaque na sociedade, e foram pintadas por artistas renomados como Tintoretto e Caravaggio. Em boa parte das vezes, elas eram modelos para que os pintores retratassem personagens bíblicas, como Santa Catarina, Maria Madalena e a Virgem Maria.

Histórias de prostitutas renascentistas famosas

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

Muitas destas cortesãs de Veneza entraram para a história. Tullia d'Aragona, por exemplo, morou em várias cidades, como Roma, Florença e Siena. Ela ganhou fama como autora e poetisa, e é considerada a primeira mulher a publicar um poema épico.

Suas ligações com a alta aristocracia a salvou de muitos problemas. Ela foi acusada de infringir a lei que proibia que estas mulheres usassem roupas caras. Contudo, por possuir o apoio do duque e da duquesa de Florença, não foi punida.

Outra cortesã célebre foi Veronica Franco. Ela era filha de outra cortesã e foi educada desde cedo para seguir este trabalho e com ele progredir na sociedade. Veronica publicou um livro de poesias e outro com uma coleção de suas cartas, que continha correspondências com o rei Henrique III da França e com o pintor Tintoretto.

E nem todas as prostitutas eram solteiras. Tullia d'Aragona, por exemplo, casou-se em 1543, o que permitiu que ela não morasse no bairro destinado às cortesãs e não precisasse usar as roupas especiais que identificavam as prostitutas.

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