'Coffin homes': as casas-caixão de Hong Kong com 1 m de largura

23/05/2023 às 04:002 min de leitura

Ninguém poderia imaginar que a longevidade se tornaria um problema para algumas sociedades, como no caso de Hong Kong, um território autônomo no sudeste da China com 7,413 milhões de habitantes. Apesar de o envelhecimento populacional ser uma questão comum na maioria dos países, em Hong Kong, o excesso — mais precisamente 19,3% da população — significa um pesado ônus financeiro aos sistemas públicos de proteção à aposentadoria e altos índices de pobreza para essa geração.

Segundo o Departamento de Censo e Estatística de Hong Kong, a projeção é que a proporção de idosos aumente para 31,7% até 2041. A preocupação aumenta porque, nos últimos anos, a taxa de natalidade vem caindo. Em média, cada casal honconguês tem apenas um filho e se essa tendência continuar, a população ativa despencará enquanto a população de aposentados cresce.

O Relatório da Situação de Pobreza de Hong Kong, emitido em 2020, antes da intervenção política, notou que 45% dos cidadãos com 65 anos ou mais viviam na pobreza – ou seja, cerca de 583 mil idosos. Além da crescente economia da área metropolitana da região, os idosos acabam sendo forçados a recorrer a situações de moradias inumanas, como as coffin homes, as casas-caixão de Hong Kong.

À margem da sociedade

(Fonte: Pinterest/Reprodução)(Fonte: Pinterest/Reprodução)

Os dois extremos das gerações estão sofrendo. Os jovens japoneses que vivem em microapartamentos que parecem caixas de sapatos, com até 8 metros quadrados, não estão sozinhos – apesar de as circunstâncias serem bem diferentes.

Os idosos honcongueses não optam por esse estilo de vida, mas são empurrados para essas condições por falta de respaldo governamental em face à pobreza cada vez maior em Hong Kong, e acabam terminando em espaços com 1 metro de largura por 1,7 de comprimento.

É, no mínimo, irônico que esses idosos sejam jogados em lugares com nomes como Lucky House (em português, "casa da sorte"), quando, na verdade, não têm sorte nenhuma em terem parado ali. Essas pessoas são as mais pobres da cidade mais cara do mundo.

(Fonte: GettyImages/Reprodução)(Fonte: GettyImages/Reprodução)

Em um apartamento de 46 metros quadrados, mais de 30 moradores vivem em beliches, os denominados "caixões" de madeira compensada, cada qual com sua própria porta de correr. São duas fileiras de casas-caixão no espaço, com 16 beliches por fila.

Os aposentados que não têm dinheiro suficiente para pagar por uma moradia minimamente digna dividem espaço com viciados em drogas, pessoas com doenças mentais e trabalhadores braçais. Esses lugares carregam uma reputação de perigo e sujeira, abrigando muitos criminosos e fugitivos.

E como se isso não fosse o suficiente, essas pessoas ainda precisam lidar com infestação de percevejos e outros tipos de pragas urbanas, bem como mofo, calor e frio excessivos.

Uma crise humanitária

(Fonte: GettyImages/Reprodução)(Fonte: GettyImages/Reprodução)

As casas-caixão são ilegais, mas fazem parte da natureza sufocante do capitalismo e do crescimento vertiginoso da economia de Hong Kong que aconteceu ao longo dos anos, disparando os custos de habitação. Isso obrigou a parte mais pobre da sociedade a se adaptar à mudança repentina, reconfigurando seu estilo de vida.

Os moradores são proprietários de seus próprios "caixões". Podendo espremer uma cama e outros móveis pendurados pela estrutura, os habitantes compartilham um banheiro e uma cozinha comunitários em condições insalubres.

As casas-caixão oferecem um risco para seus moradores e para a sociedade. Segundo uma pesquisa realizada por estudantes da Universidade de Hong Kong, os edifícios onde são instalados chegam a abrigar até seis vezes o número de pessoas para os quais foram originalmente projetados, aumentando as chances de surto de doenças e possíveis incidentes de incêndio.

A Society for Community Organization (SoCO) estima que 200 mil pessoas em Hong Kong vivam em moradias inadequadas, entre cubículos e casas-caixão. Trata-se de uma verdade "crise humanitária e de saúde", como a própria Organização das Nações Unidas (ONU) classificou.

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