Por que comidas picantes são tão populares na Ásia?

Quem já esteve em algum país da Ásia, ou simplesmente teve a oportunidade de ir a um restaurante neste estilo, sabe bem: os asiáticos adoram uma comida bem apimentada. Há até algumas teorias que afirmam que as pessoas nascidas nessa região têm uma tolerância maior no consumo dos sabores mais picantes.

Mas será que isso é verdade? Neste texto, compartilhamos a ciência por trás do gosto dos asiáticos pela culinária que aquece o corpo e queima a boca (e o estômago).

O gosto asiático pelo sabor picante

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O mais curioso dessa história é que a pimenta não é um alimento originário da Ásia, e sim das Américas. Ela só foi apresentada ao continente asiático por volta do século XVI, quando foi levada até lá por comerciantes portugueses. 

Mas, assim que chegou, logo a pimenta caiu no gosto do povo: os indianos, especialmente, colocaram o ingrediente em boa parte dos seus pratos. Os chineses, por outro lado, começaram a usar a pimenta mais com fins medicinais e não pelo gosto que ela trazia. Ainda assim, no fim do século XIX, os sabores picantes já estavam espalhados por vários países – embora a pimenta seja relativamente menos apreciada no Japão.

O uso das especiarias na culinária asiática se fortaleceu por todos os lugares, com um toque especial trazido pela culinária tailandesa, que combina várias influências: ela mistura a comida oriental e ocidental com elementos vindos da culinária chinesa e indiana. Isso tornou este estilo um ambiente perfeito para misturar sabores doces, azedos, amargos, salgados e, claro, picantes. Os tailandeses, aliás, capricham nas pimentas em seus pratos também por uma razão a mais: a conservação de alimentos.

Por que os países quentes gostam de temperos picantes?

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Na verdade, a comida apimentada é bastante apreciada nos países de clima quente, como os asiáticos, mas também nos da América Latina (pense, por exemplo, nos pratos da comida mexicana). E há uma explicação científica para isso.

Há alguns anos, o professor Paul Sherman, do departamento de Neurobiologia da Universidade Cornell, lançou a ideia de uma "gastronomia darwiniana". Segundo o que constatou em seus estudos, os países mais quentes privilegiam receitas mais apimentadas porque elas possuem prioridades antimicrobianas, o que reduz o risco de intoxicação alimentar.

Ou seja, as pessoas desses lugares preferem (de forma consciente ou não) comidas picantes porque, ao longo da história, isso as ajudou a sobreviver, visto que corriam menos riscos caso ingerissem alimentos estragados (vale lembrar que, em alta temperatura, a comida deteriora mais rapidamente).

A teoria da gastronomia darwiniana também é uma explicação plausível sobre por que os asiáticos se apegaram tanto à pimenta. Além da capacidade de conservar os alimentos, as propriedades destas especiarias auxiliaram na eliminação de patógenos (organismos que causam doenças) nos alimentos – o que, a longo prazo, significa que as pessoas se tornam mais saudáveis ou conseguem se reproduzir melhor. Sem dúvida, essa é uma boa razão para quem quer curtir os pratos picantes em paz.