'Mel louco': o alucinógeno usado como remédio nas montanhas do Nepal

09/12/2023 às 13:002 min de leitura

Vendido comercialmente nos EUA, mas proibido em muitos países do mundo pelas suas propriedades psicodélicas, o "mel louco" tem sido empregado por séculos no tratamento de doenças como diabetes, distúrbios gastrointestinais e artrite. Também conhecido como deli bal, em turco, diz a tradição que a substância é um poderoso elixir com propriedades afrodisíacas para melhorar o desempenho físico e mental.

Além disso, o mel é também usado há mais de 2,4 mil anos por pessoas em busca dos efeitos alucinógenos que comprovadamente alteram a percepção sensorial e proporcionam experiências intensas de euforia ou sensações de conexão espiritual.

Produzido nas altas montanhas do Himalaia, no Nepal, ou na região do Mar Negro, na Turquia, o "mel louco" é fabricado pelas maiores abelhas melíferas do mundo, a Apis dorsata laboriosa, a partir das flores de rododendro. Em muitas espécies dessa planta, há um composto químico chamado grayanotoxina, responsável pelos efeitos psicoativos do produto.

A tradição milenar da caça ao mel

(Fonte: Bees for Peace)(Fonte: Bees for Peace)

Equilibrando-se em escadas precárias nas falésias do Himalaia, um número cada vez menor de representantes do povo Gurung, do Nepal Central, arrisca a vida na secular tradição de caça ao mel. Por várias gerações, a substância vem sendo usada para diversos tratamentos medicinais e também em cerimônias religiosas. 

Após sedar as abelhas com fumaça, os caçadores usam varas compridas de bambu para retirar as colmeias do alto dos penhascos, jogando-as em um balaio abaixo. Para manter o equilíbrio, os nativos tentam permanecer calmos, mesmo submetidos a uma série de dolorosas picadas de abelhas. 

Após extração do mel, os participantes se reúnem para compartilhá-lo e saboreá-lo, além de reservar uma parte para o mercado negro, onde 500 gramas do produto chegam a US$ 80 (cerca de R$ 393), segundo o Atlas Obscura.

Os riscos de consumir "mel louco"

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

Com o aumento da popularidade do "mel louco", principalmente pelos seus efeitos de alteração da mente, casos de intoxicação por grayanotoxina têm sido relatados em muitos países ao redor do mundo, como Turquia, China, Filipinas, Coreia, Indonésia, Japão, Nepal, Áustria, Alemanha, Brasil e América do Norte. No entanto, a maioria de casos continua ocorrendo na Ásia Menor e Turquia.

Pessoas que consomem o "mel louco", tanto como remédio como pelo seu efeito alucinógeno, devem ficar cientes que, embora as abelhas diluam a grayanotoxina com outras substâncias presentes no néctar, ela pode, dependendo da quantidade de mel consumida, causar desorientação, tontura, náusea, vômito, queda de pressão, perda de controle muscular, disritmia e até paralisia temporária.

De acordo com um estudo publicado na revista RSC Advances, essas reações podem durar até 24 horas, mas, "exceto por um único caso no condado de Lanping (sudoeste da China), o prognóstico para intoxicação por "mel louco" é ótimo, e nenhuma morte foi relatada na literatura médica moderna", dizem os autores,  

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