Ciência
30/11/2024 às 21:00•2 min de leituraAtualizado em 30/11/2024 às 21:00
Todo mundo está careca de saber que a alimentação equilibrada é um dos caminhos mais importantes para uma vida saudável. E que uma forma de fazer justamente o contrário (se alimentar muito mal) é ingerindo comidas ultraprocessadas.
Há também uma crença coletiva de que as dietas baseadas em vegetais – seja por questões de saúde, ambientais ou éticas – são sempre mais recomendadas. Mais um novo estudo sugere que mudar para o vegetarianismo pode acarretar um efeito colateral indesejável: comer mais alimentos ultraprocessados.
Em um novo estudo, cientistas analisaram o consumo de alimentos ultraprocessados e minimamente processados entre cerca de 200 mil pessoas que participaram de um projeto chamado de UK Biobank.
O que eles descobriram pode ser surpreendente para alguns: que os vegetarianos comiam mais alimentos ultraprocessados (em cerca de 1,3%) em comparação aos consumidores regulares de carne vermelha. Até os veganos comiam um pouco mais de alimentos ultraprocessados em comparação aos carnívoros, embora a disparidade não fosse significativamente diferente (1,2%).
O relatório do estudo ainda afirma que isso demanda ações públicas. “É importante que as políticas que incentivam a transição urgentemente necessária para padrões alimentares mais sustentáveis também promovam o reequilíbrio das dietas em direção a alimentos minimamente processados”, acrescenta.
Este é um debate muito complexo que envolve várias nuances. Para começar, é preciso saber que muitas pessoas que mantêm dietas baseadas em vegetais no mundo industrializado não comem apenas uma variedade equilibrada de vegetais e frutas frescas. Para fugir da carne, muitos consumidores podem procurar substitutos em refeições prontas, que possuem mais calorias, gordura saturada, sal, açúcar e todos os tipos de aditivos.
É sabido que esse tipo de alimento é altamente prejudicial à saúde. Já há vários estudos que relacionam a grande quantidade de alimentos ultraprocessados de origem vegetal pode representar um risco maior de doenças cardiovasculares em comparação com alimentos de origem vegetal menos processados.
No entanto, é preciso lembrar duas coisas. A primeira é uma questão sócio-econômica: em muitos lugares, os ultraprocessados podem ser mais baratos que vegetais, e muita gente não tem dinheiro para manter uma alimentação vegetariana saudável.
A segunda tem a ver com o próprio conceito de “alimento ultraprocessado”. Alguns pesquisadores afirmam que a categoria “ultraprocessado” ainda pode ser subjetiva e alvo de debates.
Entendemos como ultraprocessados os alimentos que passaram por maior processamento industrial. No geral, eles possuem alta adição de açúcares, gorduras, substâncias sintetizadas em laboratório e, principalmente, conservantes. Isso pode incluir comidas bem frequentes no cardápio dos brasileiros, como pizza congelada, macarrão instantâneo, hambúrgueres pré-embalados, cachorros-quentes, barras de chocolate, cereais matinais adoçados, refrigerantes açucarados e muito mais.
Da mesma forma, não se pode desconsiderar outros fatores, como os estudos que mostram uma ligação entre uma alta ingestão de carne vermelha e um risco maior de doenças cardíacas, câncer, diabetes e até mesmo a possibilidade de uma morte prematura.
Por isso, a questão aqui a se ter em mente é que, independente de ser carnívoro ou vegetariano, os alimentos ultraprocessados, em geral, são prejudiciais para a sua saúde, embora as definições sobre que comidas são essas possam ser um tanto ambíguas. E isso serve tanto para a alimentação que se baseia em carne ou em vegetais. É sempre melhor consumir alimentos frescos.