Crânio intacto de 1,8 milhão de anos pode mudar a história evolutiva

18/10/2013 às 10:383 min de leitura

Depois de oito anos estudando um crânio de 1,8 milhão de anos encontrado na República da Geórgia, os cientistas fizeram uma descoberta que pode reescrever a história evolutiva do ser humano. O motivo é que este crânio é o mais completo já encontrado de nossos ancestrais e mostra que os primeiros hominídeos a povoar o Planeta podem pertencer a uma única espécie.

Esta foi a conclusão alcançada por uma equipe internacional de cientistas liderada por David Lordkipanidze, um paleontólogo do Museu Nacional da Geórgia, em Tbilisi, como foi noticiado nesta quinta-feira (18.10) na revista Science.

Uma outra história para a evolução

Batizado como “Crânio 5”, o achado foi descrito pelos cientistas como "o primeiro crânio de hominídeo adulto totalmente preservado do mundo", levantando a questão que espécies como Homo erectus, Homo rudolfensis e Homo habilis não eram diferentes e, sim, todos da mesma linhagem, que evoluiram para o homem moderno.

Durante muitos anos, os cientistas acreditavam que diversas espécies humanas habitavam a Terra há dois milhões de anos e esta nova descoberta põe essa teoria em dúvida. A descoberta do “Crânio 5” ao lado dos restos mortais de outros quatro hominídeos em Dmanisi, uma região da República da Geórgia, deu aos cientistas a oportunidade de comparar e contrastar os traços físicos de ancestrais que viveram aparentemente no mesmo local durante o mesmo período de tempo.

Fonte da imagem: Reprodução/The New York Times

Segundo Lordkipanidze e seus colegas, os fósseis encontrados na Geórgia eram bastante diferentes um dos outros, mas ainda assim pertenciam a membros de uma mesma espécie, sendo esse o ponto chave da descoberta: não há espécies diferentes e sim diferenças dentro da própria espécie.

“Se a caixa craniana e o rosto do Crânio 5 tivessem sido encontrados separados em regiões distintas da África (onde já foram encontrados outros fósseis conhecidos) eles poderiam ter sido atribuídos como espécies diferentes”, disse o coautor do estudo, Christoph Zollikofer, da Universidade de Zurique. Isso porque essa era a prática comum dos pesquisadores, que usavam variações nas características e regiões para definir novas espécies.

Então que espécie seria?

De acordo com o que Marcia Ponce de León, que também fez a pesquisa, disse em um comunicado, eles observaram o Crânio 5 possui um padrão muito semelhante aos registros fósseis africanos (com cerca de 2,4 milhões de anos) e eles assumem que eles possam pertencer à mesma espécie. Mas qual seria ela?

Alguns membros da equipe de pesquisa simplesmente a chamam de “Homo”. Outros enfatizaram as fortes semelhanças com o Homo erectus, que viveu entre dois milhões e menos de um milhão de anos atrás, considerando-o como o mais primitivo Homo erectus já encontrado.

Fonte da imagem: Reprodução/The New York Times

De acordo com o The New York Times, o Crânio 5, e todos os outros quatro crânios e esqueletos de hominídeos, foram encontrados em tocas subterrâneas, sugerindo cenas terríveis das vidas arriscadas que estes primeiros Homos tiveram.

Eles viviam entre os carnívoros, incluindo tigres dente de sabre e um tipo de leopardo gigante primitivo. Todos os cinco indivíduos foram provavelmente atacados e mortos pelos animais carnívoros e tiveram os seus cadáveres arrastados para as covas para um “banquete” pós-caça. A descoberta sugere que a espécie surgiu na África e foi se expandindo para a Eurásia, espalhando-se para locais como a Geórgia.

Divergências entre cientistas

Segundo o pesquisador Christoph Zollikofer, eles não são contra a ideia de que pode ter havido várias espécies há dois milhões de anos atrás. Porém, eles dizem não ter evidências fósseis suficientes para fazer as distinções entre as espécies.

No entanto, outros não estão convencidos e vão contra as teorias propostas pela descoberta. Fred Spoor, do Instituto de Antropologia Evolutiva em Leipzig, na Alemanha, concorda que a descoberta é fantástica e tem uma preservação única pelo tempo de existência. Além disso, também concorda que os espécimes de Dmanisi pertencem ao Homo erectus e que ela foi variável. Porém, ele não acredita que todos os fósseis africanos pertencem a Homo erectus.

Ele ressalta que a análise de Lordkipanidze sugere que os hominídeos encontrados eram muito mais parecidos com macacos no gênero Australopithecus (devido à pequena estatura e pequena caixa craniana), considerando-os como o grupo de erectus, e não acredita que isso seja correto de afirmar. Pelo jeito, a descoberta ainda vai dar muito pano para a manga e discussões sem fim entre os pesquisadores da evolução. 

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