Será que um dia deixaremos de ter dedos nos pés?

04/09/2017 às 03:003 min de leitura

Se no futuro teremos pés de pato e olhos de gato, só mesmo a evolução poderá dizer, mas já sabemos que seres humanos evoluíram muito desde que surgiram e, com essa evolução, tiveram também espaço as mudanças comportamentais, econômicas, sociais e, claro, anatômicas.

Hoje somos bípedes, e já há gente nascendo sem os sisos, os famosos “dentes do juízo”. Por que será que nossos pés ainda têm dedos? Você já se perguntou isso? Ainda que fiquem bonitos depois de uma ida à pedicura, nossos dedos dos pés não chegam a ter uma real utilidade – bater o mindinho em qualquer quina é uma utilidade cruel – ou será que servem, sim, para alguma coisa?

Para que ter dedos nos pés?

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Quem vai nos ajudar a entender isso é o Dr. Terry Philbin, da American Academy of Orthopaedic Surgeons, que falou sobre o assunto em declaração publicada no Atlas Obscura. Antes de tudo, se você está achando bizarra essa ideia de que dedos dos pés podem deixar de existir com o tempo, lembre-se que muitos animais já têm dedinhos minúsculos acoplados às patas, como é o caso dos gatos – diferente deles, alguns macacos, como o gibão, têm dedos dos pés longos. Seria uma coisa de primatas, apenas?

O fato é que, no caso dos humanos, temos um dedo visivelmente maior e mais forte do que os outros, mas ele não é o grande responsável por nos manter estáveis ou por nos prover de qualquer habilidade especial. Dr. Philbin divide o pé humano em três partes básicas: calcanhar e tornozelo; arco do pé; e antepé, que é basicamente a região dos dedos.

Em uma caminhada-padrão, o impacto com o chão começa na parte de trás do pé e acaba nos dedos. Dessa forma, o maior impacto é absorvido pela parte mais dura do pé, que é o calcanhar. Acontece que a sola do pé também recebe impacto do solo, e ali quem trabalha para absorver esse impacto de forma saudável são músculos e tendões. Nesse processo de locomoção, os dedos impulsionam a levantada do pé, e o ciclo de movimento e absorção de impacto continua.

Uma questão de impulso

Muita coisa envolvida em um só passo

O fato é que o ato de andar, embora nos pareça tão naturalmente simples, envolve um grande trabalho muscular de equipe, digamos assim. É por isso que é possível que algumas pessoas, especialmente as que trabalham com balé, consigam se equilibrar nas pontas dos dedões dos pés: os músculos deles se conectam com músculos presentes na sola do pé que, por sua vez, se liga ao calcanhar.

Manter-se equilibrado na ponta dos dedos faz com que a fáscia da planta do pé, que é o músculo da sola, fique esticada – pense nela como uma borracha flexível que fica mais fácil imaginar. Esticar essa estrutura é o que nos faz tirar o pé do chão – os dedos do pé são fundamentais, portanto, para dar o impulso de que seu pé precisa para sair do chão, no que é conhecido como “mecanismo de guincho”.

Todo esse processo deixaria de funcionar se seu pé não tivesse dedos, e caminhar seria uma tarefa mais difícil de ser realizada – teríamos, basicamente, que criar outro método de propulsão. No momento atual da evolução, nossos dedos são fundamentais e, sem eles, colocaríamos pressão em áreas que não estão preparadas para isso.

Necessários, mas nem tanto

Fonte: Shutterstock.

Tudo isso não significa, no entanto, que dedos dos pés são absolutamente essenciais. Na verdade, precisamos de alguma coisa flexível na ponta dos pés, mas essa coisa não precisa ser um conjunto de dedos. Aliás, só por curiosidade: ninguém sabe ainda com certeza por que temos exatamente cinco dedos nos pés. Eis um dos mistérios da nossa humilde existência.

Em relação ao tamanho pequeno de nossos dedos, o que sabemos é que, ao contrário dos nossos amigos primatas gibões, que precisam subir em árvores e têm uma vida muito mais selvagem que a nossa, nós não necessitamos de tantas habilidades assim, então os dedos ficaram curtinhos mesmo.

E se tivéssemos dedos compridos nos pés?

Gibão.

Aliás, um grupo de cientistas megacuriosos resolveu descobrir como seria se nós, humanos, tivéssemos os dedos dos pés mais longos. Adivinha só? A verdade é que um mínimo alongamento já requereria uma grande quantidade de energia para manter o funcionamento dos nossos membros andantes, e um aumento de 20% no tamanho dos pés conseguiu duplicar a quantidade de força gerada pelos nossos pezitos.

Por um lado, isso é bom, especialmente para corredores, que conseguiriam correr ainda mais; por outro lado, como precisaria de muita energia, a corrida tenderia a durar menos, ou seja... Não é lá um grande negócio.

A verdade é que dedos curtos, exatamente como os que temos agora, são ideais para nossas atividades básicas de locomoção. É por causa do tamanho dos nossos dedos dos pés, inclusive, que conseguimos percorrer longas distâncias caminhando – além do mais, ao que tudo indica, o tamanho de nossos dedos é também um dos diferenciais que nós, seres humanos, temos em relação aos outros animais. Então, fique tranquilo: possivelmente teremos dedos nos pés por mais alguns bons séculos.

*Publicado em 19/04/2016

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