Primatas brasileiros entraram na Idade da Pedra há 700 anos

13/07/2016 às 12:162 min de leitura

Ao longo da nossa evolução como espécie, nós passamos por diversas “fases tecnológicas” — hoje conhecidas como Idade da Pedra, do Bronze e do Ferro, caracterizadas pelo desenvolvimento e uso de ferramentas específicas em cada um desses períodos. Essa divisão da pré-história é conhecida como Sistema de Três Idades e foi concebida para se referir aos avanços conquistados exclusivamente pelos seres humanos no decorrer da História.

O mais interessante é que, segundo Robin Andrews, do portal IFLS, um estudo recente apontou que primatas da Tailândia parecem estar criando ferramentas há, pelo menos, 50 anos — sugerindo que outras espécies além dos humanos também podiam passar por diferentes fases tecnológicas. Mais interessante ainda é o fato de um novo estudo ter revelado que os macacos-prego brasileiros entraram na Idade da Pedra há 700 anos.

Macaquinhos espertos

De acordo com Robin, pesquisadores da universidade de Oxford, na Inglaterra, encontraram artefatos de pedra criados por macacos-prego há, pelo menos, 700 anos — o que significa que, quando a humanidade estava entrando na Renascença, os bichinhos brasileiros começaram a fazer martelinhos e outras ferramentas e usá-las em seu cotidiano. Aliás, pode parecer uma bobagem, mas os cientistas estão superimpressionados com a descoberta. Veja a seguir:

*Você pode ativar as legendas em português no menu do vídeo:

Segundo explicaram, as ferramentas mais antigas — criadas por espécies não humanas — conhecidas até então foram encontradas em três áreas ocupadas por chimpanzés na Costa do Marfim, na África, e a datação apontou que os artefatos tinham entre 4,3 mil e 1,3 mil anos. Entretanto, as peças criadas pelos macacos-prego sugerem que outras espécies de primatas também estavam desenvolvendo objetos em outras partes do mundo além da África.

Os pesquisadores já haviam observado os macacos-prego aqui no Brasil usando pedras para “martelar” e quebrar a casca de castanhas e sementes, por exemplo. Ademais, os cientistas também observaram como os animais mais jovens assistiam aos mais velhos para aprender a usar as ferramentas.

Parceria entre espécies

Algo curioso que os pesquisadores descobriam sobre os artefatos usados pelos macacos-prego é que as ferramentas têm tamanhos, formatos e pesos diferentes, além de serem fabricados com rochas distintas. Segundo os cientistas, um dos artefatos usados pelos animais é feito com pedras mais chatas e que pesam, em média, quatro vezes mais do que as peças usadas como martelo — e que quase sempre são produzidas a partir de fragmentos afiados de quartzito.

Esse item, por sua vez, é quatro vezes mais pesado do que as demais pedras comuns que se encontram nas redondezas. Depois de abrir castanhas ou sementes com as ferramentas, os macacos costumam abandonar esses artefatos — e os cientistas passaram um bocado de tempo esperando que as peças fossem descartadas e escavando a área ocupada pelos animais para encontrar itens mais antigos.

Representação dos humanos da Idade da Pedra

No total, os pesquisadores conseguiram resgatar 69 ferramentas — encontradas a até 70 centímetros de profundidade —, e a datação revelou que os itens mais antigos foram criados entre 600 e 700 anos atrás. Isso significa que os macacos-prego começaram a produzir esses artefatos cerca de 200 anos antes da chegada dos europeus às Américas.

Portanto, de acordo com os pesquisadores, existe a possibilidade de que as populações indígenas que ocupavam o Brasil naquela época tenham observado os macacos usando pedras para quebrar as cascas de castanhas e sementes para ter acesso a fontes de alimento — e que tenham aprendido com eles a fazer o mesmo. Assim, em vez de os animais terem aprendido com os humanos, pode ser que tenha ocorrido o contrário. Teoria interessante, não é mesmo?

Os cientistas também estimaram que, ao longo desses 700 anos, as ferramentas foram usadas por cerca de 100 gerações de macacos-prego, e, nesse tempo todo, os artefatos e o comportamento dos animais praticamente não mudaram. Traduzindo esse período em termos humanos, os 700 anos corresponderiam a cerca de 2-2,5 mil anos da nossa história — e nesse intervalo nós não só deixamos a Idade da Pedra para trás, como chegamos até onde nos encontramos hoje.

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