Ciência
06/09/2014 às 05:40•2 min de leitura
As formigas possuem um modelo de trabalho que geralmente é utilizado em muitas metáforas, já que esses insetos são organizados e possuem funções bem delimitadas – como manutenção dos túneis, coleta e estocagem de alimentos, defesa das colônias contra invasores, entre outras tarefas. Recentemente, cientistas descobriram outro fato curioso sobre as formigas: elas são capazes de converter o dióxido de carbono da atmosfera.
Antes de tudo, é preciso relembrar alguns fatos. Em escalas de tempos geológicos, a Terra possuiu um conveniente regulador em seu termostato: o desgaste de muitos minerais. Esses minerais reagem com o dióxido de carbono, que produz o chamado carbonato. Dependendo das regiões climáticas, mais ou menos quantidades de CO2 são liberadas na atmosfera, o que pode aumentar ou diminuir as temperaturas do planeta.
Esse processo é muito complexo e existem vários elementos que participam dele (sejam organismos vivos ou não), sendo que quantificar as influências biológicas de todos esses fatores é um verdadeiro desafio. Contudo, um deles passou completamente despercebido por muitos anos: as formigas. Você já irá entender o sentido disso...
Ronald Dorn é um estudioso do intemperismo, que é o conjunto de fenômenos físicos e químicos que levam à degradação e ao enfraquecimento das rochas. No início dos estudos, Dorn foi aconselhado a fazer um projeto de longo prazo, já que eles são bastante escassos nesse campo e demoram bastante tempo para chegar às conclusões. Foi então que Dorn iniciou um estudo que se estendeu por 25 anos e que revelou dados impressionantes.
Ele misturou basalto com areia do Havaí e procurou por lugares variados para enterrar os diferentes pacotes, como as Montanhas Catalina, no Arizona, e o Canyon Palo Duro, no Texas. O basalto arenoso foi enterrado em buracos de meio metro em ambientes bem diversos, como desertos, regiões próximas de árvores e de colônias de formigas. A cada intervalo de cinco anos, Dorn coletava amostras do material enterrado a fim de visualizar as alterações que ocorriam e o grau de intemperismo que as partículas sofriam com a ação do tempo.
Como a ação de intemperismo produz carbonato, as quantidades de carbonato em todos os pontos em que o basalto foi enterrado também foram analisadas. É aí que o resultado inesperado foi percebido: o material coletado próximo das colônias de formigas se destacou significativamente. O basalto arenoso coletado próximo de árvores sofreu entre 10 e 40 vezes mais intemperismo do que os materiais de base, o que confirmou que as árvores e seus fungos simbióticos ajudam no processo de quebrar os minerais.
Já nas colônias de formigas, o intemperismo identificado foi entre 50 e 175 vezes mais intenso do que nos materiais de base. As colônias também acumularam grandes quantidades de carbono, algo que não foi tão percebido em amostras enterradas em outras regiões, o que pode corroborar para a alta taxa de desgaste das rochas em contato com os insetos.
Como ninguém estudou o intemperismo de minerais em colônias de formigas antes, não é possível saber como o processo está ocorrendo em detalhes. Tudo o que nós sabemos é que as formigas movem pedaços de terra para lá e para cá e que, aparentemente, elas convertem o dióxido de carbono da atmosfera em minerais no subsolo.