Artes/cultura
16/06/2015 às 13:41•2 min de leitura
Grampeadores constam entre aqueles apetrechos do dia a dia que, por seu caráter eminentemente utilitário, dificilmente ganham atenção especial. Mas é provável que isso apenas torne a história particular dos tradicionais Swingline algo ainda mais fascinante — embora, convenhamos, também um tanto fortuito.
Afinal, quem não se lembra do grampeador vermelho que era quase um ator coadjuvante no filme “Como Enlouquecer o seu Chefe” (Office Space), sempre nas mãos de um protagonista que era a própria encarnação da miséria corporativa, o resmungão Milton Waddams, interpretado pelo ator Stephen Root.
"Você está com o meu grampeador?"
Naturalmente, isso levou a uma busca em massa pelo modelo. O problema? A Swingline não produzia modelos de carcaça vermelha à época — aquilo era uma criação dos designers do longa-metragem. Como resultado, uma avalanche de versões personalizadas em vermelho do grampeador tomou o eBay — pelo menos até 2002, quando a própria Swingline colocou adicionou à sua linha de produção o Rio Red 747 Model.
Entretanto, a história desses grampeadores revolucionários vem de muito antes das desventuras de Milton Waddams e Peter Gibbons. Pode parecer algo cotidiano hoje... Mas você provavelmente pensaria diferente caso precisasse costurar cada uma das páginas daquele seu trabalho de faculdade.
Conforme o passeio histórico promovido pelo site mental floss, foi apenas por volta de 1200 que estudantes acadêmicos começaram a abandonar a agulha e a linha para usar cera e fita — ou simplesmente dobravam as folhas na parte superior esquerda, como nós fazemos ainda hoje.
Os primeiros grampeadores apareceram apenas no século XVIII, embora fossem um tanto diferentes dos atuais. Consta, por exemplo, que o rei Luis XV tinha seu próprio exemplar, embora fosse um tanto diferente daqueles do nosso cotidiano: a estrutura era toda em ouro incrustado de pedras preciosas.
“Uma ferramenta inovadora e útil para prender grampos”, dizia a patente associada aos primeiros grampeadores. Entretanto, os primeiros modelos ainda não eram tão incrivelmente úteis, já que era preciso prender manualmente os grampos. O projeto foi aperfeiçoado pela companhia E. H. Hotchkiss, o que levou a uma nova versão, lançada em 1895.
O novo grampeador se tornou rapidamente popular ao redor do globo. No Japão, por exemplo, a nova geringonça ganhou um nome derivado de hochikisu. Entretanto, a geringonça de então não era tão prático quanto fazia crer sua patente. Apesar de aperfeiçoados, os grampeadores lançados até 1920 ainda eram muito pouco práticos. “Você praticamente precisava de uma chave de fenda e de um martelo [para utilizá-lo]”, conforme disse John R. MacArthur em seu livro “The Selling of ‘Free Trade’”.
Foi apenas em 1937 que o empreendedor Jack Linsky apareceu no mercado com o seu “Speed Stapler” (grampeador rápido). O modelo projetado por Linsky foi o primeiro a carregar toda uma fileira de grampos em sua parte superior. Em 1956, a sua empresa foi renomeada como Swingline, tornando-se uma das marcas mais lucrativas e bem estabelecidas do globo — sendo a principal marca de grampeadores nos EUA ainda hoje.
E os novos grampeadores se tornaram rapidamente um item imprescindível em escritórios. Naturalmente, essa onipresença fez de seu criador um homem extremamente rico — o que podia ser comprovado por uma coleção particular de ovos Fabergé, então a maior do país. Após vários anos de sucesso, entretanto, Jack Linksy acabou vendendo sua companhia em 1970 por US$ 210 milhões (equivalente a US$ 1,27 bilhão atualmente).
Mas os grampeadores Swingline mantiveram seu apreço no mercado, algo tornado ainda mais forte pelos anos de estrada. Atualmente, esse invento histórico é parte da exposição permanente do Museu e Instituto de Arte de Chicago.