Artes/cultura
16/07/2015 às 05:49•4 min de leitura
Não é novidade que, com o passar do tempo e a modernização até dos itens mais básicos, novos campos de trabalho surgem e alguns acabam extintos. Nós já falamos aqui no Mega Curioso a respeito de profissões que deixaram de existir há algum tempo – mais de uma vez, inclusive. Agora, o List Verse reuniu mais algumas funções bastante bizarras que existiam no início do século passado – confira:
Veja só que ofício ingrato. O mais bizarro é que ele existia há menos de 100 anos. Nos anos de 1930, pesquisadores canadenses precisavam coletar a urina de éguas prenhas para extrair estrogênio – o hormônio era utilizado para aliviar os sintomas da menopausa. O problema, na verdade, era conseguir o xixi do animal.
Para resolver essa questão, fazendeiros canadenses contratavam homens especialmente para a função. O trabalho era basicamente ficar de olho em diversas éguas prenhas e, quando uma delas começasse a fazer xixi, o coletor pegava seu baldinho, corria em direção ao animal e colhia o material necessário. Era preciso ser bastante ágil e conhecer o animal a ponto de reconhecer qual expressão ele fazia momentos antes de começar a fazer xixi.
Só mais um detalhe: o salário era praticamente simbólico. Além disso, o estrogênio extraído da urina dos animais era muito pouco; como o coletor ganhava por litro de urina recolhido, ele levava praticamente um dia inteiro para conseguir pagar por pelo menos um prato de comida. Quando o estrogênio sintético foi produzido, a função de coletor foi extinta.
No início de 1900, o transporte do momento era o trem, que permitia que as pessoas cruzassem países e cidades com certa comodidade. O que você talvez não saiba é que, por trás dessa comodidade, milhares de pessoas – incluindo crianças – trabalhavam exaustivamente.
Para garantir o bom funcionamento das locomotivas, essas pessoas faziam a manutenção de trilhos, passageiros e bagagem. Na separação das funções, uma chama bastante a atenção: alguns empregados eram encarregados de vigiar túneis.
As funções do vigia de túnel eram variadas, mas em Nova York, por exemplo, o trabalho exigia que o funcionário fosse de uma ponta à outra do túnel, pelo lado de dentro, inspecionando tudo. Depois, fazia o caminho reverso. E isso acontecia o dia todo.
Já em Chicago, o sistema era diferente: um vigia ficava em uma ponta do túnel enquanto o outro se posicionava no extremo oposto. A função dos funcionários era avisar os outros da aproximação do trem. Além disso, eles precisavam limpar bem a região dos trilhos, de modo a evitar que qualquer pedra ou pedaço de madeira atrapalhasse a viagem.
Além de ser um trabalho relativamente monótono, a função tinha também a questão da periculosidade, afinal, os vigias poderiam morrer caso não vissem o trem a tempo ou ficassem presos no túnel quando algum acidente, desabamento ou incêndio acontecia.
O Canal do Panamá começou a ser feito pelos franceses no século XIX, mas a partir de 1902 os EUA passaram a administrar a construção, que já havia sido responsável pela morte de mais de 20 mil operários. Com a administração norte-americana, o número de mortes foi de 5,6 mil pessoas.
A modernidade do Canal do Panamá custou caro: os operários responsáveis pela escavação da região passavam longos períodos trabalhando sem descanso. Além das jornadas exaustivas, essas pessoas eram afetadas frequentemente por doenças como malária e febre amarela.
No início, acreditava-se que as mortes eram provocadas pela sujeira do local e pela péssima qualidade do ar que os funcionários estavam respirando. Só depois os médicos descobriram que malária e febre amarela eram doenças transmitidas por mosquitos. Ainda que medidas tenham sido tomadas para evitar a proliferação dos insetos, mais de 25 mil pessoas morreram enquanto o canal foi construído.
Mais um trabalho ingrato relacionado a estações ferroviárias. Aqui, os funcionários deveriam trabalhar com trens parados, que ficavam em um pátio ferroviário. Basicamente a função era limpar o motor da locomotiva – isso, claro, enquanto estivesse quente. Na sequência, deveriam carregar o trem com carvão para a próxima jornada.
Em um primeiro momento, essa função pode parecer de fácil execução, mas não era bem assim. Imagine que esses operários trabalhavam sem qualquer equipamento de segurança, mexendo em motores extremamente quentes e sem qualquer garantia contra incêndio. Não é à toa, portanto, que os relatos de acidentes e mortes eram bastante comuns.
Um desses casos foi parar no tribunal do Texas, em 1921. Na ocasião, mais um funcionário havia morrido enquanto trabalhava. A conclusão do caso: o operário morto foi considerado culpado da própria morte por ter manobrado uma peça com defeito – a empresa, que era proprietária do trem, foi inocentada.
Trabalhar em minas de carvão nunca foi uma atividade segura, divertida, fácil ou tranquila. Pior ainda quando esses trabalhadores eram crianças e adolescentes, contratados como ajudantes quando tinham entre oito e 12 anos de idade.
Esses jovens enfrentavam jornadas exaustivas de trabalho, chegando a passar 14 horas por dia separando carvão de xisto. Ao final do período, estavam cobertos de poeira preta, que, logicamente, chegava até seus pulmões. Alguns relatos dessa época diziam que era possível observar o pó saindo dos narizes dos garotos à medida que respiravam.
Além disso, muitos se cortavam ou quebravam ossos enquanto trabalhavam. Um dos meninos chegou a ser triturado pelos maquinários do local. Por trabalharem curvados, muitos deles acabavam desenvolvendo problemas crônicos de postura. Quem conseguia chegar à fase adulta tinha um destino não muito diferente: trabalhar no setor de operários adultos, também em minas de carvão.
Ser mulher e trabalhar no início do século XX não era uma coisa assim tão simples. Geralmente, as operárias que conseguiam trabalhos eram mulheres pobres que precisavam se submeter a funções desgastantes, como a de encadernar livros à mão.
Com o passar do tempo, equipamentos mecânicos foram criados para facilitar o processo e, dessa forma, encadernar várias páginas de uma vez só. O problema foi que a novidade acabou aumentando o número de acidentes de trabalho nessas fábricas.
Um caso, registrado em Los Angeles em 1908, relatou a história de Freida Stahl, que, cansada durante o trabalho, acabou tendo os dedos presos na máquina de encadernação – dois deles foram completamente esmagados e um parcialmente machucado. O pagamento era de US$ 15 por 48 horas semanais de trabalho.
Tudo bem que no quesito insalubridade o fiscal de farol não corria grandes riscos. Ainda assim, é bizarro imaginar como esses faróis funcionavam sem eletricidade. Basicamente um homem, sua esposa e filhos se mudavam para o local e lá viviam.
O trabalho começava antes do crepúsculo, quando as lamparinas eram reabastecidas antes de serem acesas. Depois, o fiscal deveria passar a noite toda de olho no farol, para que a luz não se apagasse. Quando havia sinal de tempestade, a atenção era redobrada, e o fiscal deveria ficar de olho no mar, à procura de possíveis navios naufragados.
Durante o dia, as lâmpadas eram apagadas e os equipamentos, limpos. Ainda que a função principal do fiscal fosse manter o farol aceso, ele e sua família eram encarregados também de proteger a propriedade como um todo – além disso, muitos cultivavam alimentos nas terras do local, para terem o que comer. Como estavam praticamente ilhados, precisavam planejar suas viagens com muitos dias de antecipação. Essas viagens eram extremamente raras, inclusive.
A função, obviamente, era descrita como solitária, entediante e chata. Era basicamente morar no local de trabalho e trabalhar sem folga nem a possibilidade de sair da região com frequência.
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