
Estilo de vida
07/11/2011 às 13:44•3 min de leitura
A coleção ecológica da H&M. Fonte: hm.com
O TodaEla já mostrou várias iniciativas que demonstram a preocupação das empresas com o meio ambiente: de ecobags a cosméticos orgânicos, o mundo fashion está fazendo sua parte para garantir o futuro das próximas gerações.
No caso das roupas, se antes usar tecidos ecológicos era uma iniciativa de algumas marcas mais engajadas, agora a moda sustentável ganha cada vez mais espaço no mercado, sendo alvo de interesse também das grifes de luxo. Afinal, ser sustentável está em alta.
A primeira ecobag. Fonte: ReproduçãoAs coleções amigas da natureza já apareceram na H&M, Stella McCartney, Osklen e até no Wal-Mart. Seu diferencial está no fato de serem feitas de materiais reciclados, tecidos orgânicos, couros alternativos e outras fibras naturais, como o bambu.
A iniciativa é importante, pois o setor é um dos que mais consome recursos do planeta, como água e combustíveis fósseis. Segundo o órgão americano que acompanha a emissão de poluentes no mundo, o Environmental Protection Agency, a cultura de algodão é uma das principais causas da contaminação de solos e rios devido à utilização de pesticidas.
As alternativas para o tecido, no entanto, não faltam. A sua versão orgânica é um dos principais exemplos. Ela é produzida sem o uso de agrotóxicos ou fertilizantes químicos e o tingimento é feito com pigmentos naturais. Para ganhar a certificação, é preciso acumular três anos de plantio sem qualquer prejuízo ao meio ambiente.
Há ainda a lã orgânica, a seda e o cânhamo. Esse último é proveniente de fonte renovável, o que tem popularizado bastante sua produção, assim como o bambu, que cresce ainda mais rápido e não necessita de qualquer aditivo sintético. Suas fibras são aproveitadas principalmente para roupas íntimas e esportivas, já que elas são ricas em propriedades naturais que eliminam as bactérias. As roupas feitas com a planta também são muito macias e, por isso, são comparadas, inclusive, ao cashmere.
As garrafas pet também não foram esquecidas pela indústria da moda sustentável. O tecido que vem da sua reciclagem é forte e suave, podendo ser incorporado ao algodão.
Por fim, a juta vem sendo utilizada para a produção de coleções amigas da natureza. Isso porque ela é uma alternativa ao linho que precisa apenas de água para seu cultivo. Além disso, ela também é biodegradável.
A má notícia é que nem sempre se vestir de forma sustentável é sinônimo de gastar pouco. Pelo contrário: por causa da disponibilidade variável de matéria-prima, a maioria dos artigos acaba ficando mais cara que as versões normais. Porém, já existem pesquisas e iniciativas na área para que cada vez mais consumidores possam também estar na moda sem prejudicar o planeta.
Ecofashion: sustentabilidade na moda mundial
No cenário mundial, a chamada ecofashion ganhou adeptos de luxo e também grandes redes que investem cada vez mais em matérias-primas ecológicas e mão de obra com condições dignas de trabalho.
Stella McCarteney é um dos exemplos de estilistas que conseguiram aliar elegância e sustentabilidade em uma coleção. Seus looks não utilizam couro de vaca nem peles de animais. Em vez disso, ela assinou uma linha com peças feitas com tecido de PET reciclado e algodão orgânico para a Adidas. Há ainda lingeries da designer desenvolvidas apenas com fibra natural.
A People Tree ganhou visibilidade graças à Emma Watson (a Hermione dos filmes de Harry Potter), que é adepta da ecofashion e garota-propaganda da grife. A marca é de Londres e utiliza algodão orgânico e pigmentos naturais na produção de suas peças.
Mark Liu optou por outro caminho para dar um toque sustentável a suas coleções: ele mesmo recicla todo o material que sobra do processo de desenvolvimento de suas peças. Assim, botões, pedaços de tecidos e linhas são reaproveitados em outros projetos, sem precisar chegar ao lixo.
Bolsa ecológica H&M. Fonte: hm.com
As grandes redes de fast fashion também não ignoraram as iniciativas amigas da natureza. A H&M, por exemplo, tem investido no uso do algodão ecológico para produzir coleções alternativas. Desde 2004, materiais como o poliéster e a lã reciclados também podem ser encontrados nas prateleiras da loja. E a tendência é que até 2013 essa presença aumente em pelo menos 50%.
Quem quer adquirir as peças deve procurar pelas etiquetas verdes, como no caso da coleção para o verão 2011, batizada de “Garden”.
A moda sustentável brasileira
No Brasil, não faltam iniciativas para quem quer estar na moda sem agredir o meio ambiente. Estilistas como Glória Coelho, Fause Haten e Lino Villaventura já incluíram em seu portfólio peças ecológicas.
A coleção de verão da Osklen. Fonte: osklen.com
A Osklen é uma das empresas que mais investem na sustentabilidade em suas peças. A coleção para o inverno 2011 trouxe para a passarela acessórios feitos com couro de salmão, que eliminam esse resíduo da natureza. A marca também desenvolveu sandálias feitas de PVC reciclado e sacolas de juta capazes de se decompor em apenas dois anos.
O Instituto Ser Sustentável com Estilo reúne nomes da moda brasileira, como Pedro Lourenço e Reinaldo Fraga, para que as grifes passem a aderir ao algodão orgânico e pigmentos naturais. A ideia foi de Chiara Gadaleta, que busca promover a sustentabilidade e a troca de experiências no setor.
Há ainda iniciativas para popularizar a ecofashion. O Wal-Mart, por exemplo, lançou uma linha de underwear feita de bambu, que vendeu 30% a mais que o esperado. A coleção também tem camisetas e outras peças a preços acessíveis.
E a tendência é que a moda sustentável cresça ainda mais nos próximos anos. A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias) desenvolve estudos para produzir roupas a partir do milho e da soja.
Todos podem fazer a sua parte para garantir o futuro do planeta.