publicidade

Parece mágica: descubra 4 truques de uma persuasão poderosa

07/05/2015 às 05:224 min de leitura

Será que temos controle de nossas vidas ou não passamos de marionetes de uma força maior? Muita gente acredita que é inteiramente livre, tendo o poder de controlar o destino com as próprias mãos... Mas não é bem assim. Muitas vezes, nós não passamos de bonequinhos dançando sob a influência de outras pessoas. O pior é que nem sempre percebemos as cordas que nos regem, acreditando que aquela ideia que seguimos era nossa desde o princípio.

“O que estamos descobrindo na psicologia cada vez mais é que muitas das decisões que tomamos são influenciadas por coisas que nem percebemos”, informa Jay Olson da Universidade McGill, em Quebec, no Canadá. As grandes perguntas são: será que podemos perceber os truques da persuasão? Como utilizá-los a nosso favor?

A magia da sugestão

Olson passou sua vida inteira estudando maneiras de enganar a percepção das pessoas, e tudo começou com a mágica. Aos cinco anos ele já havia aprendido alguns truques, passando a se apresentar com sete de idade. Como um estudante de psicologia, ele percebeu que os novos apontamentos sobre a mente humana batiam com as habilidades que ele havia aprendido como hobby.

“Muito do que eles dizem sobre atenção e memória era a mesma coisa que os mágicos ensinavam, porém com outras palavras”, informa Jay. Um truque de cartas chamou a atenção do rapaz durante sua pesquisa. Ele consiste em embaralhar um deck em frente a uma pessoa e pedir para que ela selecione uma aleatória.

Sem que o voluntário saiba, ele já descobriu qual será a carta escolhida, permitindo assim que ela seja apanhada em seu bolso e mostrada, deixando assim o convidado perplexo. Abaixo, você confere o vídeo do truque.

Minha carta, minha decisão!

Aparentemente, o segredo é convencer a pessoa a selecionar o card certo enquanto você embaralha o deck. Em entrevista concedida ao site BBC, Olson não quis revelar como consegue realizar a façanha, mas tudo indica que uma pequena demora na carta escolhida faz com que ela se sobressaia entre as outras. Os milissegundos em que o baralho é misturado e o card se destaca são suficientes para que o convidado selecione a carta separada pelo mágico.

Como cientista, a primeira missão de Jay era descobrir sua taxa de sucesso. Dos 105 participantes, 103 deles foram enganados pela ilusão. Depois de atrair a atenção da mídia, o rapaz ficou ainda mais surpreso como nossa mente pode ser facilmente manipulada.

Por exemplo, ao questionar os voluntários depois do teste, ele descobriu que 92% deles não tinham ideia de que estavam sendo sugestionados, acreditando que estavam em pleno controle da situação. O pior é que muitos deles até criaram razões imaginárias para suas escolhas.

Segundo Olson, uma convidada disse que havia escolhido o 10 de copas porque esse é um valor alto e que ela estava pensando em corações antes do experimento – ignorando o fato que desde o começo foi o mágico que a manipulou.

Outra descoberta do estudante é que a personalidade não parece influenciar na maneira como somos sugestionados. Portanto, qualquer indivíduo é vulnerável. Além disso, as propriedades da carta – cores e números – persuadiam menos ainda.

Essa descoberta vai muito além dos shows de mágica, fazendo com que reconsideremos nossa percepção e nossos desejos. Apesar do grande senso de liberdade, nossa habilidade de tomar decisões próprias pode não passar de uma grande ilusão. “Ter uma escolha arbitrária é só um sentimento – ela não está ligada com a decisão em si”, defende Olson.

Um menu sutilmente manipulado

Não acredita? Lembre-se quando você vai a um restaurante para almoçar. Segundo Jay, qualquer pessoa está duas vezes mais suscetível a escolher algo que esteja muito no topo ou muito no fim do cardápio – porque essas duas áreas atraem mais os olhos.

“Porém, se alguém te perguntar por que escolheu o salmão, você dirá que estava com vontade”, explica Olson. “Ninguém falará que foi a primeira coisa que viu no menu. Em outras palavras, nós confabulamos para explicar nossas escolhas, em vez de admitir que o restaurante já tinha planejado tudo.

Outro exemplo é a escolha de um vinho no supermercado. A pesquisadora Jennifer McKendrick e alguns colegas da Universidade de Leicester descobriram que tocar música alemã ou francesa no background levava as pessoas a comprarem bebidas dessas regiões. Entretanto, ao serem questionados, os clientes não davam conta do fato.

Todavia, ainda não está claro como esse fator se relaciona com outras formas de primado – autossugestão inconsciente. Nas eleições americanas dos anos 2000, por exemplo, os apoiadores de Al Gore acusaram os republicanos de exibirem a palavra “rats” em letras garrafais durante uma propaganda contra os democratas.

Segundo eles, a suposta mensagem subliminar afetou os votos do partido. Ao refazer a propaganda com um candidato inventado em um teste de laboratório, Drew Westen, da Universidade Emory, descobriu que o flash do termo realmente afetou a pontuação do político. Porém, se a utilização de mensagens subliminares influenciaria uma campanha inteira ainda não se sabe, mas é certo que ela pode afetar nosso comportamento sem que percebemos.

Em outra análise publicada no ScienceDirect, apenas visualizar a foto de um corredor vencendo uma competição fez com que as vendas por telefone aumentassem significantemente – mesmo que a maioria das pessoas nem ao menos conseguisse se lembrar de tê-la visto.

Há também evidências de que entregar uma bebida quente para alguém faz com que você seja visto como uma pessoa “amável”; e de que cheirar algo ruim faz com que o você se torne moralmente “enojado”, fazendo com que julgue os outros com mais rispidez.

Como identificar uma manipulação

Óbvio que, nas mãos erradas, esse tipo de ensinamento pode ser utilizado para coação, entretanto é importante saber como identificar quando você está sendo manipulado sem se dar conta. Agora, confira quatro movimentos que podem revelar um influenciador.

1.) O poder do toque

Simplesmente tocar no ombro de uma pessoa, e olhá-la nos olhos, faz com que ela fique mais suscetível a sugestões. Esse é um truque que Olson utiliza durante suas mágicas, mas que também pode ser usado no dia a dia, por exemplo, quando você for pedir dinheiro emprestado ou o contrário.

2.) A velocidade do discurso é importante

Jay informa que os ilusionistas tentarão acelerar o voluntário, fazendo assim com que ele escolha a primeira coisa que vem à mente – provavelmente a ideia que ele já tenha plantado. Todavia, assim que o indivíduo tenha decidido, o mágico se torna mais calmo e relaxado.

Ao repensar sua decisão, o assistente considerará que teve todo o tempo do mudo para escolher o que queria.

3.) Fique atento ao campo de visão

Ao se demorar na carta escolhida, Olson a torna mais “destacada” na mente do voluntário sem que ele perceba. Há muitas maneiras para fazer isso, desde colocar o item na altura dos olhos até posicionar o objeto próximo do alvo. Por razões semelhantes, geralmente nós acabamos com as primeiras coisas que nos são oferecidas.

4.) Algumas perguntas plantam ideias

Por exemplo: “Por que você acha que essa seria uma boa ideia?” ou “Qual seria as vantagens disso?” Pode parecer óbvio, mas fazer com que as pessoas se convençam sozinhas faz com que elas se tornem mais confiantes de suas decisões – como se tivessem sido delas desde o princípio.

Talvez todos sejamos marionetes guiadas por influências discretas. Todavia, se você começar a perceber quem está manipulando as cordas, fica mais fácil puxá-las de volta.

Últimas novidades em Ciência

publicidade

NOSSOS SITES

  • TecMundo
  • TecMundo
  • TecMundo
  • TecMundo
  • Logo Mega Curioso
  • Logo Baixaki
  • Logo Click Jogos
  • Logo TecMundo

Pesquisas anteriores: