O mistério do olho azul que ficou verde por causa do Ebola

14/05/2015 às 08:422 min de leitura

Ian Crozier levou um enorme susto depois de ter sido considerado curado do vírus Ebola. O médico, que havia sido diagnosticado com a doença em setembro do ano passado, fez todo tipo de tratamento para erradicá-lo com sucesso. Exames feitos em outubro não detectaram nenhum traço do vírus em seu corpo, e o médico foi declarado livre dessa ameaça.

Algum tempo depois, uma inflamação no olho o levou a buscar tratamento. Além de uma alta considerável na pressão interna de seu globo ocular, o que mais chamou a atenção em seu caso foi a mudança da cor de sua íris: de azul claro para um verde bastante nítido. Exames comprovaram que ainda havia resquícios do vírus Ebola escondido em lugares de difícil acesso dentro de seu olho, local imunologicamente privilegiado.

Tratado devidamente, Ian Crozier conseguiu finalmente se livrar de uma vez por todas da doença tomando medicamentos antivirais potentes, que conseguiram afetar o interior de seu olho e erradicar o vírus. A pressão em seu globo ocular diminuiu, a visão que estava turva voltou ao normal e a coloração verde voltou a dar lugar ao seu azul de nascença. Mas o que isso significa para a medicina e especialmente para a ciência por trás da erradicação do Ebola?

Novos meios de transmissão

O que esse incidente nos mostra em termos de prevenção e cura do vírus Ebola é que ele pode continuar sendo transmitido mesmo depois do paciente contaminado ter sido considerado curado por uma série de exames médicos. Isso pode fazer com que todo o tipo de teste e status de cura tenha que ser revisto e alterado pelos médicos epidemiologistas.

Apesar de uma série de experimentos ter sido realizada no médico infectado e ter mostrado que não havia possibilidade de contato com a doença através de suas lágrimas ou da superfície de seu olho, podemos ficar preocupados caso o vírus se esconda em outros lugares de difícil acesso do nosso corpo que tenham algum tipo de contato externo.

Um desses lugares possíveis são os testículos, que também possuem certa imunidade dentro de nosso sistema por se desenvolverem plenamente apenas quando nosso corpo já está bastante crescido, durante a puberdade. Caso o vírus tenha capacidade de se refugiar lá, um paciente supostamente curado pode ainda transmitir a doença através do contato com o sêmen.

Heterocromia ocular forçada

O mistério por trás da mudança de cor em um dos olhos de Ian Crozier tem a ver com uma porção de modificações realizadas dentro de seu globo ocular. Uma delas é ligada à alteração de sua pressão interna, que diminui os espaços entre as proteínas que refletem a luz dentro de nossos olhos. É possível reparar na imagem do olho verde como o desenho da íris ficou mais opaco, com a sensação de estar “esponjoso”. Isso foi causado pelas variações de pressão, que afetaram as proteínas refletoras e mudaram a cor que vemos na íris do médico.

Na torcida para que a alteração proposital da cor dos olhos por meio do vírus do Ebola não vire moda entre as pessoas (sim, pode considerar isso um medo palpável, tendo em vista a quantidade de absurdos que se faz em busca de alterações corporais), devemos nos preocupar mais ainda com possíveis meios de transmissão ainda desconhecidos dessa terrível doença que, apesar de estar agora sob relativo controle, continua sendo uma das maiores ameaças à vida humana no mundo moderno.

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