
Ciência
14/05/2013 às 04:53•3 min de leitura
A ideia surgiu enquanto Camille Seaman passava aspirador em casa. Conforme disse a fotógrafa ao site Mashable, nesse momento sua filha assistia a um documentário sobre caçadores de tempestade, o que fez a menina disparar: “Mãe, você deveria fazer isso!”.
Camille considerou a ideia “bastante divertida”, e em três dias já integrava um grupo de caçadores de tempestades profissional, ajudando a monitorar, rastrear e fotografar enormes formações de nuvens na região conhecida como Grandes Planícies, nos EUA. Isso foi em 2008, e de lá para cá a fotógrafa tem trazido registros absolutamente singulares do poder e da beleza dos eventos naturais — o que pode ser visto na foto que abre este texto.
Fonte da imagem: Reprodução/Mashable (Camille Seaman)
Na verdade, Camille não era uma fotógrafa amadora em busca de experiências exóticas. De fato, o seu nome já era bem conhecido por ter registrado glaciais nas regiões polares. Neste momento, entretanto, ela se prepara para mais duas empreitadas — factíveis graças ao espírito “aventuresco” de doadores anônimos.
Camille atualmente coleta fundos no Kickstarter para organizar suas duas próximas viagens. E a coisa vai realmente bem. Ela já levantou mais de US$ 15 mil — um belo montante, considerando-se que a proposta inicial era de US$ 6,9 mil e há ainda mais cinco dias de campanha.
O projeto Big Cloud é bastante específico, pois Camille pretende registrar supercélulas. Tratam-se de enormes formações de nuvens isoladas caracterizadas pela presença de um mesociclone (corrente de ar ascendente girando no interior da nuvem). São o que se chama de “tempestades girantes”.
Fonte da imagem: Reprodução/Mashable (Camille Seaman)
“Elas são, basicamente, essas nuvens individuais que aparecem do nada”, explicou a fotógrafa à referida publicação. “E elas são enormes! Algumas podem se elevar a até 65 mil pés na atmosfera e se espalhar por 50 milhas.” Entretanto, ela explica que a ideia de que supercélulas são sempre uma porta de entrada para tornados não é totalmente válida. De fato, apenas 2% dessas formações acabam por originar ciclones.
Conforme mencionado, o cronograma de Camille vislumbra duas empreitadas distintas. Ainda em maio, a fotógrafa se juntará a caçadores de tempestades da Nova Zelândia e da Austrália. Em junho, ela deve liderar um workshop para seis aspirantes a “fotógrafos da natureza”.
Interessado em sair registrando as maravilhas da mãe natureza? Bem, antes de mais nada, é bom que você tenha algo em mente — digamos, algo além do perigo de morte iminente, vale dizer. Conforme disse Camille ao site Mashable, um caçador de tempestades passa em média oito horas por dia esquentando o assento de um carro.
Tipicamente, a tarefa de dirigir por enormes distâncias é alternada pela coleta de dados da National Oceanic and Atmospheric Administration em laptops. Tratam-se das informações que permitem aos caçadores predizer os locais em que é mais provável a formação de tempestades.
Fonte da imagem: Reprodução/Mashable (Camille Seaman)
Entretanto, durante as expedições, os profissionais acabam se deparando com um risco grande que pouco tem a ver com eventos atmosféricos. Tratam-se, justamente, dos acidentes de carro. “Diversas vezes, quando o tempo fica doido, as pessoas passam a fazer coisas estúpidas ao volante”, afirma Camille.
“Quando há uma tempestade ou um tornado tocando o chão, as pessoas tendem a sair da pista e pular de seus carros.” De fato, diz Camille, é fácil acabar sendo atropelado nessas ocasiões, já que “outros motoristas estão com sua atenção mais focada na nuvem gigante no céu do que na estrada”.
Com o resultado dos empreendimentos do Big Cloud (confira acima), Camille pretende vender parte do material para revistas ou mesmo publicar um livro com os registros. Entretanto, ela reforça: “Eu realmente espero que essas imagens sirvam para conscientizar sobre esse tipo extremo de atmosfera — não necessariamente de uma forma assustadora, mas também como uma maravilha.”
Fonte da imagem: Reprodução/Mashable (Camille Seaman)
Ela continua: “E quero que as pessoas conheçam a magnificência e o poder do nosso planeta”. Por fim, Camille reconhece que os eventos que presencia jamais são contemplados diretamente por grande parte das pessoas. E é por isso que, talvez, convenha largar algumas moedas no Kickstarter.