Conheça a história do núcleo demoníaco que matou dois cientistas

26/05/2018 às 08:012 min de leitura

Recentemente, o mundo ficou em alerta devido às ameaças do ditador norte-coreano Kim Jong-Un de lançar uma bomba atômica sobre os EUA. Mas há aproximadamente 73 anos, eram os EUA que lançavam duas bombas atômicas sobre o Japão, deixando o mundo com muito receio de que o ato tivesse sido o estopim de uma guerra nuclear.

A tecnologia se tornou viável militarmente, mas não por isso era segura. Além do próprio poder de destruição dos artefatos, alguns casos de acidentes foram registrados durante pesquisas. Não se sabe ao certo o número total, pois o assunto exigia sigilo, mas eles geralmente eram mortais para as pessoas próximas.

Fim da guerra

O lançamento das bombas, por sorte de toda a humanidade, teve o efeito desejado, e o Japão se rendeu. Ainda assim, existia um terceiro núcleo de plutônio preparado para outro ataque. Ele estava sob a responsabilidade de cientistas, no Laboratório Nacional de Los Alamos, e ficaria conhecido como Núcleo Demoníaco.

Parte de um dos experimentosParte de um dos experimentos

Durante uma explosão nuclear, o núcleo radioativo é ativado para que se inicie uma reação em cadeia, e a partir desse momento a velocidade da reação aumenta de forma incontrolável. Essa segunda fase é chamada supercrítica e conhecida dos cientistas, mas eles queriam saber quais eram os limites do núcleo para que entrasse nesse modo.

Uma das formas de se testar esse limite é jogando novamente os nêutrons liberados pelo núcleo nele, para que se desestabilize ainda mais. Um grupo, chamado “Grupo de Montagem Crítica”, desenvolveu uma série de experimentos em que envolviam o núcleo com materiais que refletiam os nêutrons liberados, acompanhando a evolução da atividade.

Não é preciso nem dizer que estudar reações atômicas levadas ao limite é uma atividade bem perigosa. Tanto que, 12 dias após o lançamento da segunda bomba, antes mesmo de o Japão assinar os termos de rendição, ocorreu o primeiro acidente durante os testes.

O físico Harry Daghlian estava sozinho no laboratório, construindo um escudo de carboneto de tungstênio ao redor do núcleo. Durante o processo, os nêutrons estavam sendo refletidos, até o físico posicionar um pedaço do escudo que deixou o núcleo muito enclausurado. Isso ativou a fase supercrítica, e ele foi exposto a uma dose letal de radiação, morrendo 25 dias depois.

Retomada das pesquisas

Louis SlotinLouis Slotin com uma das primeiras bombas dos EUA

O acidente não fez com que o projeto fosse cancelado, tanto que 9 meses depois se iniciaram novos testes. Na ocasião, foi desenvolvido um mecanismo que levava o núcleo quase ao limite baixando uma cúpula de berílio sobre ele.

Louis Slotin, físico canadense, já tinha se acostumado a operar o novo modelo de experimento. Com uma das mãos ele segurava a cúpula, enquanto a outra segurava uma chave de fenda que regulava a abertura. Apesar do método extremamente rudimentar, isso limitava a reflexão dos nêutrons e mantinha a estabilidade do núcleo controlada.

No último experimento executado, sua mão escorregou, e a cúpula fechou totalmente, fazendo com que o núcleo entrasse novamente em estado supercrítico. Outros sete cientistas estavam presentes na sala, mas só Louis morreu, nove dias depois.

Louis SlotinLouis Slotin e o estudo que o levou à morte

Em ambos os casos, quando o núcleo passou de seu limite e iniciou o processo de emissão de radiação, uma luz azul tomou conta do ambiente. Isso era o resultado do choque de partículas altamente energizadas com as moléculas de ar, que liberavam sua energia como fachos de luz.

Após o incidente, a pesquisa foi interrompida e o núcleo, provavelmente detonado em uma explosão de teste que aconteceu 5 semanas após o evento.

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