Ciência
23/07/2018 às 12:00•3 min de leitura
Superstições fazem parte das nossas vidas. Seja através de ações, como as que falamos nessa lista, ou na escolha de um número da sorte, para algumas pessoas esses costumes possuem uma influência enorme no dia a dia. Mas quando alguém determina que um número específico lhe traz sorte ou azar, qual seria o motivo da definição?
Sempre interessado em números, o colunista do The Guardian Alex Bellos lançou uma pesquisa: qual é o seu número favorito e por quê?
Dos 44 mil participantes, 4 mil (quase 10%) escolheram o número 7 como favorito. Não houve rigor científico, já que a enquete foi colocada em um site e pessoas de todas as partes do mundo podiam responder, mas as explicações sobre o motivo da escolha do número foram bem diversificadas.
Dentre os que responderam à pergunta com o número 7, uma norueguesa de 48 anos explicou que este a deixa animada e transmite algum tipo de conforto; já um libanês de 25 disse que ele tem um grande significado no islamismo e nos milagres de Deus. Um húngaro, com a energia de seus 20 anos, explicou que o algarismo, para ele, é o melhor, como uma mulher bonita e esperta.
Apesar do caráter recreativo, Bellos acredita que uma pesquisa em laboratório chegaria a resultados semelhantes. Ele fala isso com base em estudos sobre o assunto, realizados de forma rigorosa, nos quais se observou a existência de um padrão de afinidade das pessoas com determinados números.
Segundo informações do blog de Bellos, Marisca Milikowski, da Universidade de Amsterdã, realizou um experimento em que os participantes eram apresentados a números entre 1 e 100, precisando categorizar cada um deles entre bom e mau, assim como entre agitado e calmo. Os resultados da análise mostraram que, em geral, números pares são vistos como bons, enquanto ímpares são vistos como maus. Aqueles terminados em 1, 2 ou 3 são vistos como mais agitados, e os pares, em sua maioria, são considerados calmos.
Em outro estudo, também relatado no blog, Dan King, da Universidade Nacional de Singapura, e Chris Janiszewski, da Universidade de Flórida, questionaram os participantes sobre o sentimento deles quanto a todos os números entre 1 e 100. As possibilidades eram “gosto”, “não gosto” e “neutro”, com os valores aparecendo de forma aleatória em uma tela enquanto eram avaliados. Os pesquisadores concluíram que números pares e os que terminam em 5 são mais bem vistos pelas pessoas, quando comparados a outros ímpares.
Quando consideramos esses resultados, o 7 fica fora dos considerados bonzinhos ou calmos. Talvez, o gosto pelo valor possa ser explicado por um popular estudo de psicologia, no qual pessoas são orientadas a escolher um número entre 1 e 10. No resultado, a tendência ao uso do 7 é grande, explicada pelo nosso desejo de fornecer o mais aleatório possível. O 1 e o 10 são muito óbvios, assim como os pares. O 5 está bem no meio, então também é previsível, com o 7 ficando em destaque. Ou seja, a “aleatoriedade” do valor pode fazer com que ele se pareça especial.
Aqui no Brasil, assim como em grande parte do Ocidente, o número 13 possui um significado especial. Para algumas pessoas ele pode ser um sinal de boa sorte, mas no geral é evitado e tratado como prenúncio de azar. Apesar dessa relação, não chegamos nem perto do que acontece com o número 4 no Oriente, pois lá esse tipo de superstição é muito mais perceptível no dia a dia.
Para os falantes de japonês, coreano, mandarim e cantonês, a pronúncia do número 4 é bastante semelhante à da palavra morte. Isso parece algo banal, mas por lá prédios não possuem o quarto andar, empresas tentam evitar o uso dele a todo custo, e até mesmo alguns aviões não possuem a quarta fileira de assentos.
De forma contrária, a pronúncia do número 8 se assemelha à de prosperidade, então é clara a preferência pelo uso do algarismo. Um estudo, baseado em anúncios de jornais chineses, mostrou que o 8 é o número mais utilizado depois do 0. Valores como ¥6,800 ou ¥280 tornariam os produtos mais atrativos para compra.
Nada mais normal do que possuir um número da sorte. Para Bellos, isso pode criar mais intimidade com eles, fazendo com que você se sinta mais à vontade com contas e a matemática em si.
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