Ciência
23/08/2019 às 12:00•2 min de leitura
Na década de 40, um britânico perambulando pelo Himalaia, na região norte da Índia, se deparou com algo bastante sinistro: um lago glacial repleto de ossos humanos. O local se encontra em um vale a mais de 5 metros de altitude e se chama Lago Roopkund, mas, desde a sua descoberta, o mistério de como tantos esqueletos foram parar lá intriga os cientistas.
Diversas teorias foram propostas ao longo dos anos para dar conta da origem dos ossos, como a de que eles poderiam pertencer a antigos peregrinos que foram pegos de surpresa por uma terrível tempestade de granizo durante sua passagem pelo vale e acabaram perecendo no local. Existe também a hipótese de que os esqueletos poderiam ser de vítimas de algum ritual envolvendo sacrifícios humanos, de um suicídio coletivo, de uma avalanche e até mesmo de que os ossos seriam de soldados japoneses da Segunda Guerra Mundial.
Como você viu, não faltam possíveis explicações para o enigma do Lago dos Ossos e, agora, após a recente realização de exames de datação por radiocarbono e de DNA, o mistério sobre a origem dos esqueletos se tornou ainda mais... misterioso. Os testes – realizados em 38 esqueletos – revelaram que eles pertencem a 3 grupos distintos de indivíduos, sendo 23 deles pertencentes a homens e mulheres de descendência sul-asiática, 14 provenientes da região banhada pelo Mediterrâneo, possivelmente da Grécia, e 1 originário do sudeste asiático.
Os exames também mostraram que os ossos dos indivíduos de origem sul-asiática são de pessoas que faleceram entre os séculos 7 e 10, enquanto que os demais esqueletos são de muito mais tarde, do século 19, mais ou menos. Esses resultados sugerem então que, em vez de um único evento dramático, os cadáveres foram – de alguma forma – parar no lago em ocasiões diferentes no decorrer de um milênio.
Sobre como os esqueletos foram parar no lago, testes anteriores feitos em ossos diferentes desses examinados agora indicaram a presença de pessoas de uma mesma família ou tribo, bem como a de um grupo distinto formado por indivíduos de menor estatura. As análises também revelaram que os esqueletos eram do século 9 e que apresentavam ferimentos nos crânios – descobertas que deram origem à teoria da tempestade de granizo que, por sinal, está associada a uma lenda local sobre uma deusa da montanha que teria punido um grupo de peregrinos com um violenta chuva de gelo depois de eles desrespeitarem seu solo sagrado.
O estudo atual apoia a teoria da tempestade para explicar a presença de pelo menos uma parte dos esqueletos – a identificada como sendo de origem sul-asiática. No entanto, essa alternativa não se aplica a todos os ossos encontrados no lago. Os cientistas pretendem vasculhar arquivos e documentos antigos em busca de registros de grupos de estrangeiros que possam ter passado pelo vale (da morte...) nos últimos séculos e perecido durante a viagem, portanto, o enigma sobre a origem dos mortos continua.