Daniel LaPlante: o criminoso que vivia dentro das paredes

25/09/2020 às 15:004 min de leitura

Na pequena cidade de Townsend, localizada em Massachusetts, nos Estados Unidos, Annie Andrews, de 16 anos, morava com seu pai, Brian Andrews, e a sua irmã, Jessica Andrews. Era 1986 quando ela recebeu um telefonema anônimo de um jovem chamado Daniel LaPlante, ele alegou que estudava na mesma escola que a garota e tinha pegado o número dela com um de seus amigos.

LaPlante se descreveu como como um garoto loiro, bonito, de porte atlético e que morava na mesma vizinhança que Annie. Sempre muito educado, eles conversaram durante várias semanas até que Annie estivesse convencida de que estava pronta para encontrá-lo pessoalmente.

Quando a garota atendeu à porta na noite do encontro, ela se deparou com um rapaz de cabelos escuros, roupas sujas e aparência suja, totalmente o oposto do que ela havia ouvido dele. Apesar disso, Annie aceitou ir com ele à feira local, mas fugiu para casa depois de 1 hora de encontro. 

Além de o garoto não ser nada do que afirmara ser, ela já estava desconfortável o suficiente com as perguntas intransigentes dele, que insistia em querer saber detalhes da morte de sua mãe (que morreu de câncer) do que conversar.

Naquela noite, o obscuro interrogatório de LaPlante despertou a saudade em Annie, por isso ela e a irmã decidiram tentar contato com o espírito da mãe através de um tabuleiro Ouija. No mesmo dia, as irmãs ouviram batidas vindo de dentro das paredes do quarto onde dormiam.

Olhos famintos

(Fonte: The Boston Globe/Reprodução)
(Fonte: The Boston Globe/Reprodução)

Acreditando que o contato havia dado certo, elas passaram a se comunicar com o suposto espírito, que respondia através de batidas na madeira. A prática se repetiu por várias noites até que as batidas se tornaram inconvenientes e perturbadoras, tirando o sono das duas. Quando elas pararam de responder, a mobília da casa passou a ser movida de lugar ou a desaparecer.

As meninas achavam que se tratava de um demônio, mas Brian Andrews acreditava que eram as próprias filhas querendo chamar atenção, ainda transtornadas por causa da morte recente da mãe.

Em janeiro de 1987, depois de meses que as garotas passaram ouvindo pancadas pelas paredes, elas desceram no porão da casa armadas com uma faca quando escutaram barulhos. “Estou no seu quarto. Venha me encontrar”, estava escrito em vermelho na parede do porão. 

Brian novamente não acreditou nas filhas e foi procurar aconselhamento psicológico para elas.

(Fonte: ColourBox/Reprodução)
(Fonte: ColourBox/Reprodução)

Semanas depois, Annie se deparou com outra mensagem, dessa vez escrita na parede de seu quarto: “Estou de volta. Encontre-me se puder”. O comportamento do pai permaneceu o mesmo, apesar das súplicas da garota.

Brian deixou as filhas na casa de um vizinho e, ao voltar para sua casa, encontrou-a mais bagunçada do que antes. Desconfiado, entrou no quarto de Annie e se deparou com a estranha mensagem: "Case comigo". Mas o pior ainda estava por vir.

O homem foi surpreendido pela visão de um jovem alto vestido com as roupas de sua falecida esposa. Ele usava maquiagem, um vestido e a peruca loira que a mulher colocara quando seus cabelos começaram a cair. O garoto segurava uma machadinha.

Eles entraram em uma luta corporal, mas Brian conseguiu fugir e chamar a polícia. Durante a busca por pistas pela casa, um dos policiais descobriu um túnel atrás do armário embutido do quarto de Annie. Ao abri-lo, encontraram o jovem encolhido lá dentro. 

Annie Andrews o identificou como sendo Daniel LaPlante.

Uma mente atormentada

(Fonte: Novel Concepts/Reprodução)
(Fonte: Novel Concepts/Reprodução)

Durante a investigação, os policiais descobriram que LaPlante estava há meses vivendo dentro das paredes da casa. Havia furos por onde ele observava a movimentação, túneis, espaços para respirar e comida.

Ele nunca disse como pegou o número de Annie Andrews, mas os investigadores deduziram que LaPlante teria invadido a casa dela antes e descoberto seu telefone, devido ao histórico que já sustentava. Nascido em 16 de maio de 1970, em Townsend, LaPlante foi abusado sexual e psicologicamente ao longo de toda a sua infância e por todos os adultos que passaram por sua vida.

O resultado de uma criação disfuncional fez com que ele fosse diagnosticado com dislexia desde muito cedo. Em seus anos na North Middlesex High School, ele não tinha amigos e todos o chamavam de “retardado mental”, além de "assustador" e "esquisitão". Foi a psicóloga da escola que o conduziu a um psiquiatra devido ao seu comportamento anormal. Lá, ele foi diagnosticado com transtorno de hiperatividade, embora não condissesse com sua conduta.

Para piorar, como se anos de espancamento e todos os tipos de abuso que sofrera não fossem suficientes, LaPlante teve a mente revirada por um psiquiatra pedófilo, que o estuprou durante as sessões, destruindo o resto de sua psique. Em virtude disso, LaPlante cresceu socialmente apático, raivoso e desenvolveu tendências assassinas. 

A sua adolescência foi marcada por roubos e invasões de casas na vizinhança onde morava. Foi assim que ele descobriu seu gosto em desempenhar jogos psicológicos com suas vítimas, movendo coisas do lugar ou deixando rastros perturbadores de sua passagem.

Eu não sinto muito

(Fonte: Life and Death Prize/Reprodução)
(Fonte: Life and Death Prize/Reprodução)

LaPlante ficou só alguns meses internado em uma instituição juvenil e foi liberado em outubro de 1987, cerca de 1 mês depois voltou a praticar assaltos e invasões. Durante um dos roubos, ele pegou 2 revólveres que lhe foram úteis para o que faria em seguida.

Em 1º de dezembro de 1987, o jovem de 17 anos invadiu a casa da enfermeira Priscilla Gustafson, na época com 33 anos, mãe de Abigail, William e grávida de seu 3º filho. Ela foi estuprada por LaPlante e depois baleada várias vezes na cabeça, enquanto as 2 crianças foram afogadas na banheira. Foi Andrew Gustafson, o pai da família, que chamou a polícia ao se deparar com a cena quando voltou para casa após o trabalho.

Uma testemunha descreveu LaPlante para a polícia, por isso foi fácil conectá-lo ao crime e dar início às buscas. O garoto foi encontrado 48 horas depois em uma lixeira. Um fio de cabelo de Abigail Gustafson em sua meia comprovou seu envolvimento no crime.

(Fonte: CBS Boston/Reprodução)
(Fonte: CBS Boston/Reprodução)

Diagnosticado com transtorno de personalidade limítrofe, Daniel LaPlante foi condenado à prisão perpétua pelo assassinato da família Gustafson. Entre 1988 e 2014, ele ergueu vários processos contra os tribunais alegando que o sistema prisional norte-americano violava seus direitos de exercer a sua religião, o satanismo, mas ele nunca foi muito longe.

Em 22 de março de 2017, LaPlante apelou em uma audiência no Tribunal Superior de Middlesex, em Massachusetts, por uma redução em sua pena com base na nova lei que estabelece que jovens condenados por assassinato com extrema crueldade podem pedir liberdade condicional depois de 30 anos de encarceramento.

“Eu realmente sinto muito pelo mal que causei. Do fundo da minha alma, eu sinto muito”, declarou ele. O juiz então estabeleceu mais 45 anos de pena e decretou que o homem estaria sujeito a uma avaliação psiquiátrica para que fosse atestado que ele genuinamente se arrependia de seus crimes.

Até então, Daniel LaPlante não demonstrou nenhum sinal de remorso, apesar de seu discurso emocionado.

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