Artes/cultura
15/04/2021 às 10:00•2 min de leitura
Em um período tão violento, tenso e sangrento como foi a Primeira Guerra Mundial, que matou e feriu mais de 25 milhões de pessoas em 3 anos de duração, é improvável que uma trégua durante o conflito acontecesse, por isso houve um espanto quando os soldados alemães emergiram de suas trincheiras em 24 de dezembro de 1914 e cruzaram o campo de batalha em direção ao território das tropas aliadas.
Desarmados, os homens gritavam "Feliz Natal!" para seus inimigos e no idioma deles, o que causou ainda mais surpresa a todos. A princípio, os soldados aliados temeram que se tratasse de algum tipo de emboscada, tanto que permaneceram em suas posições, prontos para contra-atacar; então, percebendo que centenas de combatentes faziam o mesmo, eles entenderam que a motivação era genuína.
De acordo com o diário escocês de um oficial do Royal Irish Rifles, foi relatado ao quartel-general que os alemães iluminaram suas trincheiras às 20h30 e começaram e entoar canções natalinas.
(Fonte: BG Independent News/Reprodução)
Na manhã seguinte, a magia do Natal parecia ter contagiado a todos, pois eles jogaram futebol, trocaram cigarros, pudins de ameixa e até dividiram bebidas em meio ao cenário de destruição que havia ao redor deles. Existem relatos de que até uma árvore de Natal improvisada foi construída de ambos os lados dos territórios, próximo das trincheiras que cheiravam solidão e morte.
“Como era maravilhoso, mas como era estranho também ver toda aquela celebração”, relembrou o tenente alemão Kurt Zehmisch. “O Natal, a celebração do Amor, conseguiu reunir os inimigos mortais como amigos por um tempo. É algo admirável”.
Estima-se que mais de 100 mil soldados embarcaram no espírito natalino. Além da notória partida de futebol, também destacaram-se as filas que os homens fizeram para se barbear e cortar o cabelo nas cadeiras daqueles que sabiam realizar o trabalho. Enquanto isso, alguns aproveitaram o momento para realizar a tarefa triste e sombria de recuperar os cadáveres de outros combatentes que acabaram ficando no campo de batalha, longe de qualquer chance de serem recuperados e entregues para suas famílias.
(Fonte: History/Reprodução)
A intitulada "Trégua de Natal de 1914" aconteceu apenas 5 meses depois que a guerra eclodiu na Europa, e foi considerada o último exemplo de demonstração de humanidade entre inimigos de guerra em prol de um momento em comum. As futuras tentativas de cessar-fogo em outras guerras até tentaram acontecer, porém, foram anuladas por ameaças de ação disciplinar de oficiais superiores.
Muito embora a trégua não tenha agradado os líderes dos exércitos, de qualquer forma, o que aconteceu naquele Natal de 1914 deixou claro que guerras não são travadas por forças, mas sim por seres humanos – apesar de tudo.