Ciência
14/12/2022 às 11:00•2 min de leitura
Muito se aprende na escola sobre o passado da humanidade, desde os primórdios da raça humana até a formação das primeiras civilizações. Mas e se antes de tudo isso tivesse havido uma sociedade avançada, que se perdeu no tempo e na história após passar por algum tipo de evento cataclísmico?
É exatamente sobre isso que fala a série Revelações Pré-Históricas (Ancient Apocalypse, no título original em inglês), lançada em novembro deste ano pela Netflix. Na produção, o "jornalista Graham Hancock viaja mundo afora em busca de indícios de civilizações misteriosas perdidas desde a última Era do Gelo". Mas será que há algum fundo de verdade sobre o assunto?
Na produção do serviço de streaming, o jornalista viaja para diferentes lugares do mundo em busca de pistas e informações que reforcem sua teoria de que existiu uma civilização antiga milhares de anos atrás — uma sociedade sobre a qual os livros de história jamais falaram.
"Por 30 anos venho buscando por algo que me foi dito ser impossível de existir: uma civilização humana avançada, muito mais antiga que a nossa", diz Hancock na série da Netflix. O autor fala ainda sobre como somos ensinados desde cedo a respeito do surgimento das primeiras civilizações e sobre como nossos ancestrais, até então caçadores, decidiram simplesmente parar tudo e começar a plantar, colher e criar gado.
Para ele, as primeiras civilizações não foram estas, que começaram a se formar cerca de 6 mil anos atrás. Hancock acredita que bem antes disso, milhares de anos no passado, a humanidade já se agrupava em civilizações bastante avançadas, mas que hoje foram totalmente esquecidas. Já nos primeiros episódios da série, por exemplo, o jornalista busca pistas sobre tais civilizações na maior pirâmide do Egito e sai atrás até mesmo da mítica ilha submersa de Atlântida.
Apesar de parecer levar sua pesquisa bastante a sério, o mesmo não pode se dizer de vários outros cientistas, pesquisadores e até mesmo colegas jornalistas, que questionam a veracidade e a validade das informações disseminadas pelo autor.
Em 2015, por exemplo, o jornal The Telegraph publicou uma reportagem sobre Graham Hancock na qual falava sobre como as teorias do autor vêm sendo criticadas por arqueólogos há décadas. O texto relatava ainda como Hancock chegou a ser chamado de "pseudoarqueólogo" e "piramidiota" (juntando as palavras "pirâmide" e "idiota"), além de ser comparado a Dan Brown, o famoso autor de livros muito populares e de bastante sucesso como O Código Da Vinci.
Does this discovery of ancient stone carvings prove that conspiracy theorist Graham Hancock was right all along? https://t.co/qXdWnjSQBk
— The Telegraph (@Telegraph) April 21, 2017
Já o professor de antropologia John Hoopes, em um comunicado divulgado pela Universidade do Kansas, nos Estados Unidos, chegou a comparar a série Revelações Pré-Históricas a programas como Alienígenas do Passado e similares do canal de TV History Channel. Ou seja: para Hoopes, as teorias de Hancock são absurdas e não passam de espetáculos para entreter as massas.
Mesmo sendo alvo de tantas críticas, Graham Hancock parece não se deixar abalar. Também ao Telegraph, o autor disse em 2015 que não aprecia os ataques ao seu trabalho, mas também não sente nenhum ressentimento. Ele atribui este comportamento negativo em relação à sua obra, que ele considera "uma extraordinária reinterpretação do passado", como uma reação natural daqueles que "investiram toda a sua vida e carreira no estudo do passado da humanidade".
Vale ressaltar sempre que não existe nenhuma prova concreta do ponto de vista científico sobre as afirmações de Graham Hancock, e sua produção deve ser considerada, claramente, apenas ficção.