A influência e o legado de Andy Warhol para o mundo da moda

06/08/2012 às 17:024 min de leitura

Fonte: Reprodução/sqmagazine.co.uk

No dia 6 de agosto de 1928 nasceria aquele que ficaria conhecido como um dos ícones mais emblemáticos do cinema, da arte e da moda. Se ainda estivesse entre nós, o artista gráfico, pintor e cineasta Andy Warhol completaria 84 anos. No entanto, mesmo tendo nos deixado há 25 anos, seu legado em diferentes tipos de expressões culturais ainda se faz presente nos dias de hoje.

Além de sua influência direta aos artistas e cineastas que acompanharam seu trabalho e vieram após ele, não podemos deixar de destacar as contribuições de Warhol para o mundo da moda. Ao criar anúncios publicitários, retratar ícones do cinema e da televisão e por captar tão bem o funcionamento de uma sociedade consumista, o artista multifacetado garantiu seu lugar entre os gênios da cena fashion do século XX.

Para prestar uma homenagem a uma personalidade que imprimiu sua marca no mundo com tanta originalidade, vamos revisitar um pouco da influência e do legado de Andy Warhol para a moda. Para nos ajudar a relembrar os pontos altos da relação entre o artista e a moda, o TodaEla conversou com Caelen Teger, professora do departamento de moda da Universidade Positivo, em Curitiba.

Década de 1950: a arte da publicidade

Andrew Warhola – que mais tarde excluiria algumas letras de seu nome para assinar apenas Andy Warhol – é mundialmente conhecido por suas pinturas coloridas de objetos do cotidiano, como garrafas de Coca-Cola ou latas de sopa Campbell, ou de celebridades, entre elas, Elvis Presley e Marilyn Monroe, que colocariam seu nome entre um dos principais do movimento artístico batizado de “Pop Art”.

No entanto, o que poucos sabem é que o começo da carreira do artista foi marcado pela criação de anúncios publicitários para publicações renomadas, como a Harper’s Bazaar, Vogue, The New Yorker etc. Boa parte do seu talento durante os anos 1950 foi dedicada às ilustração de anúncios, em sua maioria de sapatos, que logo chamaram a atenção de todos.

Alguns dos anúncios de sapatos criados por Andy Warhol.
Fonte: Divulgação

A professora de moda Caelen Teger destaca que no começo da carreira de Warhol é possível visualizar o embrião de uma genialidade que despontaria anos depois. Aqui, enquanto ilustra anúncios publicitários, o artista desvenda os mecanismos que relacionavam a arte, o consumo e a comunicação de massa. Esses são aspectos importantes que estarão presentes durante toda sua carreira.

Na sequência, o artista seria convidado a trabalhar pela RCA Records e teria seu primeiro contato com a indústria da música. Graças aos seus traços coloridos e marcantes que ilustravam as páginas das revistas, Warhol foi contratado para ilustrar capas de discos e outros materiais promocionais com o objetivo de atrair o público-alvo. Nessa época, Warhol explorava diferentes técnicas de impressão e, frequentemente, suas obras apresentavam falhas, manchas e outras imperfeições, que eram deixadas pelo artista.

Década de 1960: o consumismo na arte

Marilyn Monroe, eternizada pelo talento de Warhol, em uma exposição em Londres.
Fonte: Getty Images

Grande parte das imagens que costumam vir à nossa cabeça quando tocamos no nome de Andy Warhol foram produzidas e exibidas durante a década de 1960. O icônico rosto de Marilyn Monroe – que foi impresso em larga escala logo após a sua morte –, notas de dólares, as latas de sopa Campbell e outros itens de consumo diário apareceram em forma de obra de arte nessa época.

Ao retratar celebridades e produtos, Caelen Teger explica que o artista está abrindo espaço para um culto das estrelas e do consumo de massa. Ele recupera o mecanismo dos anúncios publicitários e dá um passo a frente, iniciando um diálogo que vai resultar no que mais tarde ficaria conhecido como a “Pop Art”.

Foi também durante os anos 1960 que Warhol inaugurou seu estúdio “The Factory”, espaço que promovia a interação entre artistas, escritores, músicos e pequenas celebridades. Nessa espécie de ateliê, o artista produziu inúmeras pinturas e filmou alguns vídeos que aos poucos foram sendo revelados ao público. Baseado em uma de suas declarações famosas (“No futuro, todos serão famosos por 15 minutos”), o cineasta filmava pessoas do seu círculo de amizades e, assim, acreditava que as transformava em celebridades.

Década de 1970: uma nova visão

Entre 1969 e 1970 registra-se a criação da revista Interview. A publicação que existe até hoje e que, segundo Caelen Teger, pode ser reconhecida por um estilo diferente e provocador, tem uma ligação direta com o artista americano.

A especialista em moda vê a relação entre Warhol e a criação de uma revista como uma maneira que o artista encontrou de expressar sua própria visão. Ao criar um novo veículo de comunicação, ele estaria abrindo espaço para um olhar diferente do que estava posto na época.

Nos primórdios, o próprio fundador da revista entregava exemplares da publicação que prezava pela arte e apresentava entrevistas com grandes celebridades. Com o passar do tempo, Teger explica que a revista se adequou aos padrões editoriais, no entanto, ainda é possível reconhecer um apreço pela arte que vem diretamente da influência de seu criador.

É nessa época também que Warhol faz diversos retratos encomendados de personalidades como Mick Jagger, Liza Minnelli, John Lennon, Diana Ross e Brigitte Bardot.

Anos 2000: Influência que vai além

Castelbajac encerra seu desfile com o rosto de Andy Warhol em uma de suas criações.
Fonte: Francois Mori/AP

Além de figurar entre itens de decoração, as imagens de Andy Warhol também foram exploradas no universo fashion. A professora de moda Caelen Teger comenta que uma das coleções lançadas pelo estilista francês Jean-Charles Castelbajac seria uma homenagem ao trabalho do artista. Com cores fortes e estampas típicas do universo pop de Andy Warhol, o estilista recria a atmosfera que cercava o artista e, inclusive, imprime seu rosto emblemático em uma das criações.

Ainda, na cidade natal de Warhol – Pittsburgh, na Pensilvânia, nos Estados Unidos – foi fundado o The Andy Warhol Museum, o maior museu americano dedicado à vida e ao trabalho do artista. Esse espaço foi idealizado pelo próprio pintor que deixou em seu testamento o desejo de que fosse criada uma instituição para o “desenvolvimento das artes visuais”. O The Andy Warhol Museum mantém uma exposição permanente com arquivos e obras de arte importantes de Warhol.

Mais recentemente, a empresa de cosméticos Nars anunciou o lançamento da “Nars Andy Warhol Collection” – uma linha de produtos desenvolvida em parceria com a The Andy Warhol Foundation. Segundo a Vogue, os produtos devem chegar aos Estados Unidos em outubro e ao Brasil em novembro. Além disso, a empresa divulgou um teaser inspirado na obra “Silver Clouds”, do próprio Warhol.

Um artista visionário

Não há como negar que todos os trabalhos de Andy Warhol são representativos para a nossa cultura. Seja as suas pinturas que revelam o rosto de pessoas famosas, seus filmes enigmáticos ou as declarações polêmicas que o artista deu durante a vida, ele imprimiu uma marca indelével por onde passou.

No entanto, Caelen Teger ressalta um ponto específico que, segundo ela, seria o grande trunfo deste artista multifacetado. A especialista acredita que Warhol tenha conseguido identificar e analisar a efemeridade de uma sociedade de consumo muito antes de qualquer pessoa. Caelen acredita que tenha sido ele o primeiro a interpretar de maneira brilhante a rapidez e a volatilidade da moda, do design e da arte que é produzida e consumida em tempo recorde.

Esse tipo de pensamento está plenamente em sintonia com o que vivemos hoje. Não é à toa que o estilista Jean-Charles Castelbajac comenta em entrevista à AFP que certamente Warhol teria adorado a era da internet – um espaço em que as informações surgem e desaparecem na velocidade da luz e que todos nós podemos ter “15 minutos de fama”.

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