Jornalista retrata albinos que vivem isolados por medo de feitiçaria

26/06/2017 às 04:002 min de leitura

Você já imaginou como é viver com albinismo? Enquanto algumas pessoas conseguem achar uma brecha contra o preconceito e se firmar dentro de seus ramos – como o caso da modelo Thando Hopa –, a maioria sofre estigmas sociais muito além das limitações físicas que sua condição lhe impõe.

Os riscos de cegueira e câncer de pele são muito mais elevados entre os albinos, que têm um defeito genético que afeta a produção de melanina. Felizmente, apenas 0,005% da população mundial nasce com esse distúrbio.

Na Tanzânia, porém, os albinos correm um risco ainda maior: a perseguição. E se engana quem pensa que é por causa do preconceito ou coisa parecida. O buraco é bem mais embaixo. Nesse país africano, há a crença popular de que os ossos dos albinos podem ser usados em feitiços para trazer fortuna e boa saúde.

undefinedCriança de 12 é fotografada por jornalista norte-americana em aldeia onde vive isolada por conta de sua condição

A fotojornalista norte-americana Jacquelyn Martin tomou conhecimento dessa realidade em 2011 e publicou um ensaio com albinos da Tanzânia na revista Smithsonian. Ela visitou uma aldeia em que essas pessoas podem viver em paz, longe de supostos curandeiros que chegam a mutilar mãos e braços dos albinos para “roubar” os ossos e fazer os seus feitiços.

“Sob pressão internacional, o governo da Tanzânia proibiu os feiticeiros no início de 2015”, explicou Jacquelyn. Porém, os crimes de mutilação continuam acontecendo. A jornalista relata a história de um menino de seis anos que teve a mão decepada em março deste ano, mesmo após a proibição da prática.

undefinedFotógrafa Jacquelyn aparece abraçada a duas mulheres albinas na Tanzânia

“Existem várias ONGs internacionais que trabalham para aumentar a conscientização do que é o albinismo e por que esses ataques devem acabar”, conta a jornalista. Jacquelyn também falou que o caso não é isolado: ataques contra albinos já foram relatados em 24 países, como Quênia, Burundi e Malawi. Em todos eles, algo em comum: a busca pelos ossos dessas pessoas.

Entretanto, o elevado número de albinos na Tanzânia e a crença popular na magia negra elevam a preocupação de ativistas no país. Ainda não se sabe, porém, por que há uma alta taxa de albinismo por lá – tanto que se acredita que esse seja o berço dessa mutação genética. É possível que isso também seja resultado do isolamento que os albinos enfrentam na Tanzânia, que gera casamentos entre pessoas que já possuem essa característica, perpetuando ainda mais a mutação.

undefinedMeninas conversam em aldeia isolada

*Publicado em 24/08/2015

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