Emílio Ribas: o médico que mudou o combate de epidemias no Brasil

25/04/2022 às 13:302 min de leitura

Considerado o patrono da saúde pública do Estado de São Paulo, Emílio Marcondes Ribas (1862-1925), é um dos personagens mais importantes da medicina brasileira, sendo precursor na área sanitária e de microbiologia. Uma de suas principais e mais significativas realizações foi mudar a forma de se combater epidemias no Brasil.

O antenado sanitarista

Ribas era um médico que gostava de estar por dentro do que havia de mais novo na microbiologia e na medicina sanitária de sua época. Era um apaixonado por coisas inovadoras. Costumava acompanhar de perto tudo o que acontecida nos principais centros médicos da Europa, da América do Norte e da América do Sul.

Ribas é considerado um dos pais do sanitarismo no Brasil. (Fonte: Revista Galileu/ Reprodução)Ribas é considerado um dos pais do sanitarismo no Brasil. (Fonte: Revista Galileu/ Reprodução)

Todo esse empenho acabou se tornando o seu principal diferencial quando, em 1895, tornou-se inspetor sanitário e começou a atuar em São Paulo no combate às epidemias, principalmente a da febre amarela que assolava a população de cidades como São Caetano, Pirassununga, Rio Claro e Araraquara.

Ribas, a cobaia de testes

Em 1896, já como diretor do Serviço Sanitário do estado, conseguiu um dos maiores êxitos de sua carreira: acabou com um surto de febre amarela que atingia a cidade de Campinas.

Nessa época, havia a crença de que essa doença era transmitida diretamente entre pessoas. Mas Emílio Ribas não estava totalmente convencido por essa ideia. Buscando uma melhor compreensão acompanhou os resultados e descobertas de experiências feitas por médicos EUA e de Cuba.

A febre amarela assolou o Brasil na década de 1900. (Fonte: Biblioteca Guita/ José Mindlin/ Reprodução)A febre amarela assolou o Brasil na década de 1900. (Fonte: Biblioteca Guita/ José Mindlin/ Reprodução)

Para tirar suas próprias conclusões sobre a febre amarela e sua forma de transmissão, em 1903, Ribas decidiu realizar por aqui a mesma experiência que conheceu com os cubanos. Foram duas etapas de experimentos. 

A primeira envolveu seis voluntários que se deixaram ser picados diversas vezes por mosquitos infectados. Esse grupo contava com um italiano, três brasileiros, o próprio Ribas e seu amigo médico Adolfo Lutz, considerado o pai da medicina tropical.

A segunda fase do experimento contou com três voluntários que haviam imigrado da Itália. Eles dormiram por várias vezes envolvidos em lençóis e roupas infectados com vômito, sangue e fluidos corporais dos doentes.

Os resultados foram muito esclarecedores e Ribas conseguiu a comprovação de que precisava para afirmar que a febre amarela era transmitida pela picada dos mosquitos e não pelo contato com a pessoa doente ou itens infectados.

Apesar da importância de sua descoberta, Emílio não escapou de algo que conhecemos bem até hoje: a desconfiança. 

Ele precisou lidar com seus colegas médicos que chegaram a protestar contra sua afirmação de que a febre amarela era transmitida pela picada do Aedes aegypti, o mesmo mosquito transmissor da dengue.

Aedes aegypti. (Fonte: Shutterstock/ Reprodução)Aedes aegypti. (Fonte: Shutterstock/ Reprodução)

Depois que foi contaminado pela doença, Ribas agiu rapidamente criando uma linha de combate intensiva para acabar com os focos do mosquito.

Seu sucesso acabou sendo reconhecido, especialmente porque enquanto o médico Osvaldo Cruz ainda tentava lidar com os surtos da doença no Rio de Janeiro, Emílio praticamente tinha acabado com ela em São Paulo.

Emílio morreu em fevereiro de 1925. Além de seu legado no combate à febre amarela, também deixou importantes trabalhos sobre outras doenças, como a lepra e a febre tifoide.

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