Ciência
20/07/2022 às 13:30•2 min de leitura
É comum surgirem interrogações sobre as diferenças que existem acerca de algumas associações para pessoas com alto QI. Um dos membros dessas associações, o PhD neurocientista luso-brasileiro Prof. Dr. Fabiano de Abreu Agrela, afirmou que as que mais se destacam são a Mensa e a TNS — Triple Nine Society. Fabiano, que também é jornalista, esclareceu alguns destes tópicos por meio de uma entrevista com o suíço-alemão Thorsten Heitzmann, presidente da sociedade de alto QI TNS.
Segundo Abreu, o primeiro questionamento foi a respeito do que torna a Mensa mais famosa sob a sua perspectiva. "A Mensa é mais visível aos olhos do público porque dois dos seus três objetivos oficialmente declarados são dirigidos ao mundo (para identificar e fomentar a inteligência humana em benefício da humanidade; incentivar a investigação sobre a natureza, as características e os usos da inteligência); e apenas um dos objetivos é dirigido aos seus membros (proporcionar um ambiente intelectual e social estimulante aos seus membros). Portanto, penso que a Mensa, pela forma como se molda, tem muito mais presença do que a TNS, onde os nossos objetivos são mais introvertidos", respondeu Thorstens.
Para o presidente da TNS, isso favorece a Mensa porque mais pessoas buscam o ingresso nela, mais pessoas falam sobre ela e mais pessoas ouvem falar dela. Fabiano questionou-o também por que existem diferenças nos testes para aprovação da entrada de novos membros das duas associações.
"Este não é um tópico em que eu seja muito indicado para responder, mas há uma série de testes populares, fáceis de aplicar e baratos que não discriminam bem na área acima do 3SD. Estes testes não podem ser utilizados para TNS — e o outro problema é quando as soluções dos testes são divulgadas na internet; por essa razão já não podemos aceitar o antigo HAWIE III", argumentou o presidente.
Thorsten Heitzmann, presidente da TNS. (Fonte: Acervo pessoal)
Outra pergunta de Fabiano na entrevista foi sobre o que pode distinguir pessoas de QI 99,9 de outras que também possuem superdotação, mas em grau mais baixo. Sobre isso, Thorstens respondeu que esse é outro tópico difícil: "Porque, em parte, as diferenças percebidas podem ter a sua causa subjacente na forma como as coisas são estabelecidas. Muito frequentemente, as pessoas dizem-me que a atmosfera dentro da TNS é mais cordial e menos competitiva do que na Mensa — e eu não penso que isto esteja relacionado com o QI", afirmou o presidente da TNS.
"Mas penso que quando alguém se junta à Mensa, há, muitas vezes, a sensação de ter encontrado o seu lugar, de ter conseguido algo. Na TNS, as pessoas sentem-se frequentemente impostores e os outros membros descobrirão em breve que testar tão alto foi provavelmente algum erro. Claro que não é este o caso, mas as pessoas ficam frequentemente surpreendidas com o QI muito elevado e se dão conta de que há outros que farão muito melhor em muitos aspectos e que cada pessoa é bastante única. Isto muda um pouco a perspectiva, sinto eu", concluiu Thorstens.