Ciência
20/04/2022 às 13:00•4 min de leitura
Muito se teoriza sobre como a inteligência humana se desenvolve e os mais diversos estudos a respeito do cérebro humano foram criados, principalmente sobre sua anatomia, como a frenologia, a craniometria, entre outros. Atualmente, muitas pesquisas são pautadas na influência dos genes na inteligência e num dos meus artigos publicado na Revista Científica Multidisciplinar Ciência Latina, liderei uma pesquisa que contou com a participação da neuropsicóloga especialista em testes de QI, Leninha Wagner e a biomédica Natália Barth, onde apontávamos que existem várias categorias de inteligência, mas o córtex pré-frontal determina o desenvolvimento das demais habilidades, pois promove melhores condições para o desenvolvimento destas, e também aponta quais são os fatores propulsores em seu desempenho.
O desenvolvimento da inteligência é influenciado por múltiplos fatores, tais como os externos, relacionados aos níveis socioeconômicos, por exemplo, e os biológicos, sendo estes associados à genética e à influência da massa branca e cinzenta no desempenho intelectual de uma pessoa. Ou seja, não é somente o volume e a grossura da massa cinzenta cerebral, mas também o conjunto de ações dos neurônios, a função da matéria branca nos lóbulos temporal, frontal e parietal, somados à função simpática, à plasticidade cerebral e à atuação do córtex pré-frontal que implicam na inteligência.
Sabendo agora de antemão todos esses processos, posso afirmar que a minha autodescoberta começou muito cedo, era eu muito pequeno. As questões ligadas à inteligência e à percepção das coisas sempre me acompanharam até pela forma como olhava o mundo, mas sem ter a noção delas, como algo natural, que não se nota porque faz parte de nós. Apenas mais tarde na vida e por consequência de alguns problemas na escola vim a descobrir que talvez existisse em mim algo mais do que aquilo que primeiramente supunha. A realização de diversos testes de QI e, consequentemente, a entrada para as 4 principais associações ligadas à inteligência no mundo tiveram um impacto maior do que imaginei, tanto obviamente pela repercussão na imprensa, mas principalmente por me ajudarem a saber, a conhecer e a reconhecer quem sou.
Após descobrir a pontuação e comprová-la com diversos testes, a minha curiosidade fez com que eu mergulhasse em cursos e estudos para poder desvendar o cérebro de pessoas muito inteligentes e ajudar a sociedade no desenvolvimento intelectual. Esse seria um passo essencial, compreender as questões da inteligência nos mais diversos sentidos.
Não seria justo da minha parte não admitir todas as portas que se abriram para mim, mas sempre com o meu esforço e trabalho como aliados. Mas, acima de tudo, fico extremamente grato por conseguir ajudar e encaminhar crianças que são donas de inteligências ímpares. A imprensa mesmo que de forma não direta conseguiu unir-me a estas famílias e fez-me conhecer pessoas incríveis.
Voltando ao estudo que falei anteriormente, é pertinente afirmar que a inteligência tem uma grande participação genética, e as suas respectivas variações determinam a categoria de inteligência de cada indivíduo. Os principais agrupamentos são a inteligência cristalizada e a fluída. A primeira está relacionada com os conhecimentos e experiências prévias e reflete na cognição verbal, enquanto a segunda requer um raciocínio adaptativo de novas hipóteses. O desenvolvimento cristalizado é influenciado também pela estrutura cortical e a grossura desta nas regiões laterais dos lóbulos temporais, enquanto o córtex frontal lateral está relacionado ao raciocínio, a atenção e a memória, assim como o lóbulo parietal.
Podemos então referir que existem informações de que as pessoas mais inteligentes têm atividade neural nas regiões pré-frontais e parietais laterais, ou seja, região associada ao raciocínio lógico. É válido pontuar que a herança intelectual e o raciocínio lógico também são processos evolutivos naturais, uma espécie mais inteligente busca um par igualmente inteligente para a procriação. Isto deve ocorrer porque nosso código genético atua com um instinto de sobrevivência.
Muito do instinto humano está voltando e evoluiu para a sobrevivência da espécie, como a liberação do neuro-hormônio associado ao amor e a paixão, a oxitocina. Portanto, ainda nessa linha evolutiva, o córtex pré-frontal atua como um centro de distribuição de dados onde vigia e molda outras áreas do cérebro. Independentemente dos conhecimentos adquiridos previamente, a capacidade de resolver problemas lógicos em situações atípicas já define essa região como gestor de todo o processo intelectual humano. Afinal, o processo de evolução sempre está em busca do mais apto, e o raciocínio lógico é uma ferramenta para a evolução dos componentes, tendo como a região cortical o seu carro-chefe na participação dos neurônios, nas sinapses e na composição genética e, consequentemente, no coeficiente intelectual de um indivíduo.
Gostava de deixar bem claro que as pessoas de alto QI utilizam com mais frequência as áreas responsáveis pelo pensamento e tomada de decisão, possuem uma maior área em seu córtex cerebral, uma maior densidade de neuritos, que permitem que os neurônios se organizem em padrões mais eficientes. Há também uma proporção elevada de células gliais, que são suportes neuronais, há uma relação da função e a estrutura da célula piramidal relativo ao tamanho dendrítico e a velocidade do potencial de ação, que são as sinapses.
O estudo sobre o assunto pode ser acessado aqui.
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Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues, colunista do Mega Curioso, é PhD em Neurociências; doutor e mestre em Ciências da Saúde nas áreas de Psicologia e Neurociências; mestre em Psicologia; mestre em Psicanálise com formações em neuropsicologia, licenciado em Biologia e em História, tecnólogo em antropologia, pós-graduado em Programação Neurolinguística, Neurociência Aplicada à Aprendizagem, Psicologia Existencial Humanista e Fenomenológica, MBA, autorrealização, propósito e sentido, filósofo, jornalista, especializado em programação em Python, Inteligência Artificial e tem formação profissional em Nutrição Clínica. Atualmente, é diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito; membro ativo da Redilat — La Red de Investigadores Latinoamericanos; chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International, cientista no Hospital Martin Dockweiler, professor e investigador cientista na Universidad Santander de México, diretor da MF Press Global, membro da Sociedade Brasileira de Neurociências e da Society for Neuroscience — maior sociedade de neurociências do mundo, nos Estados Unidos. Membro da FENS, Federação Europeia de Neurociências; membro da Mensa International, Intertel e Triple Nine Society (TNS), associação e sociedades de pessoas de alto QI, esta última TNS, a mais restrita do mundo; especialista em estudos sobre comportamento humano e inteligência com mais de 100 estudos publicados.