Commotio cordis: conheça fenômeno que quase matou atleta nos EUA

04/01/2023 às 11:003 min de leitura

O mundo dos esportes sofreu um grande susto nesta segunda-feira (02), durante uma partida realizada entre o Cincinnati Bengals e o Buffalo Bills pela National Football League (NFL) — a maior liga de futebol americano do mundo. Ainda no primeiro quarto de jogo, o atleta Damar Hamlin, dos Bills, recebeu uma forte pancada no peito enquanto tentava parar um passe recebido por Tee Higgins, dos Bengals.

Embora o lance parecesse normal, Hamlin acabou caindo duro no gramado logo após se levantar por alguns instantes. Não demorou muito para que a ambulância entrasse no gramado do Paul Brown Stadium, em Cincinnati, para realizar os primeiros socorros. Depois de algum tempo, os fãs foram informados que o jogador de Buffalo sofreu duas paradas cardíacas em campo e precisou ser entubado já no hospital — uma vez que apresentava pulso, mas não estava conseguindo respirar por conta própria.

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Na internet, muitos médicos estão sugerindo que a causa para esse incidente seria um fenômeno chamado commotio cordis, no qual um impacto súbito e contundente no tórax provoca uma morte súbita. Entenda mais sobre o assunto nos próximos parágrafos!

O que é commotio cordis?

Segundo especialistas, o termo commotio cordis é utilizado para descrever quando um impacto súbito causa a morte súbita de um indivíduo sem que verdadeiramente exista um dano cardíaco. Nesse sentido, o corpo sofre uma perturbação elétrica, que provoca uma parada cardíaca. Então, o coração não consegue mais ejetar sangue para o cérebro e para o restante do corpo.

Essa condição passou a ser descrita na medicina pela primeira vez por volta do século XVIII, quando trabalhadores industriais sofriam algum tipo de trauma torácico. Nas últimas décadas, no entanto, esse tipo de evento tornou-se mais "comum" dentro do mundo dos esportes, onde os impactos são mais frequentes.

O que aconteceu com Hamlin?

(Fonte: Dylan Buell/Getty Images)(Fonte: Dylan Buell/Getty Images)

Conforme explicou o cardiologista e arritmologista José Alencar em sua página no Twitter, é bem provável que o atleta do Buffalo Bills tenha sofrido uma morte súbita em campo. No entanto, o pronto atendimento prestado pela equipe de paramédicos presentes dentro do estádio fez com que essa morte súbita tenha sido abortada.

O termo "morte súbita" é usado para descrever a morte que ocorre instantaneamente — algo que afeta 13% da população mundial. No âmbito esportivo, entre 0,5 a 2,1 mortes súbitas ocorrem por 100 mil pessoas/ano. Em 1989, um estudo publicado no American Heart Journal mostrou que 84% das mortes súbitas acontecem por conta de arritmias malignas, que respondem bem ao tratamento de choque. Por isso, o uso de desfibriladores é extremamente importante nesse tipo de situação.

Mortes súbitas não são novidades no meio esportivo. Somente no futebol, nomes como Serginho (São Caetano), Miklos Feher (Benfica) e Marc-Vivien Foé (Camarões), morreram defendendo seus clubes. Quanto mais rápido uma pessoa em morte súbita por arritmia chocável recebe a desfibrilação, melhores as suas chances de sobreviver. A cada minuto sem atendimento, as chances desse paciente falecer aumentam em 10%.

O que representa uma arritmia maligna?

(Fonte: Shutterstock)(Fonte: Shutterstock)

Nos casos de commotio cordis, a arritmia maligna se inicia devido a um impacto direto ao coração em um momento específico do nosso ciclo cardíaco. Por conta do impacto, as fibras cardíacas se estiram e nenhuma gota de sangue passa a ser ejetada pelo órgão. Portanto, a circulação sanguínea para por completo.

Em um período entre 4 e 8 segundos, o sistema reticular ativador ascendente (SRAA), que é a parte do cérebro que nos mantém consciente, desliga-se. Esse provavelmente é o momento em que Damar Hamlin cai no chão. Segundo Alencar, a taxa de sobrevivência de um episódio de morte súbita chega a 7,6% em países desenvolvidos — podendo ser 50% maior caso exista treinamento em massa da população para esse tipo de caso. 

Segundo o último boletim divulgado pelo Hospital Universitário de Cincinnati e informações vindas de dentro da NFL, Hamlin sobreviveu ao evento, mas ainda está em estado crítico e precisará de uma longa recuperação.

Tipos de tratamento

(Fonte: Shutterstock)(Fonte: Shutterstock)

Uma vez que a morte súbita é abortada através do atendimento imediato com auxílio do desfibrilador externo automático (DEA), o paciente entra na fase de cuidados cardiológicos. No hospital, ele deverá passar por diversas reavaliações para identificar algum tipo de dano no coração. Caso nada seja encontrado, ele poderá voltar ao esporte sem maiores problemas.

Entre os danos possíveis, os mais comuns são a identificação de arritmias, sequelas pela perturbação elétrica causada pelo commotio cordis ou até mesmo alguma lesão gerada durante a massagem cardíaca. Enquanto essas novas avaliações não surgirem, só nos resta torcer para que Hamlin consiga se recuperar integralmente. 

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