Os prós e contras da controversa pílula do exercício físico

25/05/2023 às 13:003 min de leitura

Dados lançados em 2021 pela Organização Mundial da Saúde indicaram que uma em cada quatro pessoas pelo mundo é fisicamente inativa, colocando-a em situação de risco de doenças que podem ser fatais — e igualmente comuns —, como hipertensão e diabetes.

A revista médica Lancet Global Health revelou que 28% dos adultos não se exercitam, um número que permanece inalterado em relação a 2001. Ou seja, isso significa que mais de 1,4 bilhão de adultos estão sob risco de desenvolver ou exacerbar doenças relacionadas a inatividade, podendo ter sua saúde mental e a qualidade de vida drasticamente afetadas.

(Fonte: The List/Reprodução)(Fonte: The List/Reprodução)

Essas pessoas não estão se exercitando porque não têm acesso a locais seguros e financeiramente acessíveis para isso; ou se sentem envergonhadas, carecem de apoio social, não sabem por onde começar, tiveram experiências negativas na infância que as desanimam, ou simplesmente detestam atividades físicas. Paralelamente, estima-se que entre 30 a 40% dos homens estão ansiosos com seu peso e que até 85% deles estão insatisfeitos com sua aparência física.

É cientificamente provado que a atividade física reduz o risco de derrame, doenças cardíacas, diabetes tipo 2, alguns tipos de câncer, demência e morte precoce. 

Diante disso, pesquisadores do Baylor College of Medicine publicaram um estudo na revista Nature sobre uma "pílula do exercício físico", que visa oferecer os benefícios de um estilo de vida ativo – mas nem tudo são flores.

A alternativa "revolucionária"

(Fonte: New Scientist/Reprodução)(Fonte: New Scientist/Reprodução)

Os pesquisadores descobriram uma molécula produzida pelo corpo durante a atividade física que pode reduzir o apetite e a obesidade. Analisando amostras de sangue de camundongos que correram em uma esteira, eles concluíram que um aminoácido modificado chamado Lac-Phe é produzido a partir de lactato e fenilalanina.

Quando esses camundongos obesos foram colocados em uma dieta rica em gordura recebendo Lac-Phe, a ingestão de alimentos caiu cerca de 50% em 12 horas, sendo que essa redução no percentual não estava relacionada ao movimento ou ao gasto de energia dos roedores.

(Fonte: Exame/Reprodução)(Fonte: Exame/Reprodução)

Administrando o aminoácido ao longo de 10 dias, os pesquisadores descobriram que reduzia a ingestão de alimentos e gordura corporal, melhorando a tolerância à glicose. Os altos níveis de Lac-Phe encontrados em cavalos de corrida e humanos após exercícios físicos, reforçou a ideia de que essa resposta bioquímica é um sistema regulador que sempre esteve presente em muitas espécies.

Colocar essa molécula em forma de pílula para obter os benefícios de algumas horas de atividade física se tornou uma possibilidade interessante para os pesquisadores, sobretudo por oferecer uma maneira de melhorar a saúde daqueles que são impedidos de praticar exercício devido a vários fatores. 

O outro lado da moeda

(Fonte: NCOA/Reprodução)(Fonte: NCOA/Reprodução)

Os benefícios da atividade física não se resumem ao corpo, muito pelo contrário, questões emocionais e mentais que um estilo de vida ativo pode oferecer são um dos fatores que mais causam impacto. Afinal, o exercício está associado à autoestima, confiança, cognição, senso de propósito, capacidade de conexão interpessoal, e senso de realização ao atingir metas personalizadas e sob medida. Nada disso a pílula do exercício físico poderia suprir, além do caráter estético muito desejado pelas pessoas que lutam contra a própria imagem.

Ainda que os estudos sobre isso estejam no começo, é uma grande incógnita o quão longe a pílula conseguiria chegar para se assemelhar aos benefícios de se movimentar. Está comprovado que a prática de atividade física desde criança cria indivíduos com melhor cognição e aumenta a capacidade de concentração, servindo também como um termômetro emocional. A substituição por uma pílula poderia desequilibrar toda essa estrutura.

(Fonte: BetterUp/Reprodução)(Fonte: BetterUp/Reprodução)

Alguns especialistas chegaram a comparar a possível pílula ao comportamento de um pai ausente presenteando o filho em vez de dar o que não é palpável: atenção, afeto e outros tipos de sentimentos. A pílula não só seria uma substituição, como, no futuro, poderia atuar como potencializadora de uma onda de solidão que a sociedade já sofre.

No final das contas, a saúde e bem-estar geral são compostos por elementos físicos, mentais e emocionais que não são mutuamente exclusivos, mas devem coexistir em uma harmonia paralelamente perfeita.

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