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19/06/2023 às 06:00•2 min de leitura
Um estudo sugere que há novas esperanças para as pesquisas que visam combater o vírus HIV. A pesquisa provou que o vírus da imunodeficiência humana pode ser capaz de permanecer "adormecido" no cérebro.
A constatação é que as células micróglias — que existem no sistema nervoso central e têm uma função similar à dos glóbulos brancos na corrente sanguínea — atuam como um local onde o vírus persiste "escondido". A expectativa é que essa descoberta possa abrir novos caminhos para a erradicação do vírus.
(Fonte: GettyImages)
Por ser um retrovírus, o HIV tem um ciclo de vida em que faz uma cópia de seu material genético, inserida nas células humanas. Normalmente, ele se hospeda nos glóbulos brancos, que formam uma parte fundamental do sistema imunológico. Estas células podem sucumbir por conta da presença do vírus, o que diminui a função imunológica e pode causar a síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS).
Contudo, as células infectadas pelo HIV podem também percorrer um caminho diferente, o que é chamado de latência. Nesse caso, as células ficam dormentes ou inativas, situação que pode durar muitos anos. Ao permanecer assim, as pessoas HIV positivas atingem um estado indetectável, o que significa que elas não podem transmitir o vírus para outras pessoas.
Mas isso não significa a cura, já que, quando o tratamento contra o HIV é interrompido, elas podem voltar a manifestar uma infecção e a doença ficar ativa.
(Fonte: GettyImages)
O novo estudo evidencia a descoberta de um outro lugar onde o HIV se "esconde": o cérebro. “Agora sabemos que as células microgliais servem como um reservatório cerebral persistente. Suspeitava-se disso no passado, mas faltavam provas em humanos”, afirmou um dos autores da pesquisa, o professor Yuyang Tang, da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill.
A descoberta só foi possível porque houve voluntários que toparam retirar uma amostra do tecido cerebral para o estudo - o que pode ser bem perigoso para pacientes que tomam medicamentos de controle do HIV. “As amostras são de pessoas vivendo com HIV, que estão em terapia, mas enfrentando algum tipo de doença fatal. Elas estavam dispostas não apenas a doar seus corpos para a ciência, mas também a participar do programa de pesquisa nos meses que antecederam sua morte. É um programa extraordinário que permitiu essa pesquisa", explicou David Margolis, diretor do UNC HIV Cure Center.
A pesquisa também envolveu experimentos feitos em células cerebrais de macacos infectados pelo vírus da imunodeficiência símia (SIV), parecido com o HIV. Os cientistas detectaram então que o vírus permanecia latente neste tecido por muito tempo, por mecanismos que parecem ser diferentes do que ocorre nos glóbulos brancos.
"O HIV é muito inteligente. Com o tempo, evoluiu para ter controle epigenético de sua expressão, silenciando o vírus para se esconder no cérebro da eliminação imunológica. Estamos começando a desvendar o mecanismo único que permite a latência do HIV na micróglia cerebral”, complementou Guochun Jiang, também autor do estudo.
Agora, os pesquisadores estudam como todas essas novas pistas podem abrir caminhos de estudo para maneiras de erradicar o HIV latente, trazendo esperança a milhões de pessoas que convivem com o vírus em seus organismos.