Ciência
10/07/2023 às 12:00•2 min de leitura
Em 1950, o jovem estudante de répteis e caçador de cobras Kevin Budden tentou capturar um espécie vivo de uma das cobras mais mortíferas do mundo: uma taipan. O objetivo era coletar a criatura para que ela pudesse ser usada em pesquisas para o desenvolvimento de um antídoto para seu veneno extremamente potente.
Budden, embora não tivesse muita idade, era um experiente caçador de cobras e chegou a capturar mais de 59 cobras venenosas para estudos em apenas um ano, sendo mordido "apenas cinco vezes". Contudo, o pesquisador acabou precisando receber tratamento urgente e não sobreviveu ao seu trabalho. Conheça mais sobre essa história nos próximos parágrafos!
(Fonte: GettyImages)
Aos 20 anos, Budden e mais dois colegas viajaram para Queensland, na Austrália, com o objetivo de capturar uma taipan — um grupo de cobras velozes, altamente venenosas e mortais. Naquela época, não existia qualquer tipo de antídoto para esses animais e qualquer mordida poderia representar uma morte sem escapatória.
Enquanto perambulavam por um matagal na região, Budden conseguiu capturar uma taipan de 1,8 metro, mas terminou sendo mordido no polegar enquanto tentava colocá-la em um saco. Tentando manter a calma, o pesquisador conseguiu pegar a cobra com sua outra mão e finalmente capturá-la com sucesso.
Os cientistas, então, carregaram o animal por uma estrada onde pegaram carona com um morador local. Naquele momento, estava óbvio que Budden precisava de tratamento médico urgente, sendo levado para o hospital para ser avaliado por especialistas. Antes disso, no entanto, ele pediu ao caroneiro que levasse a cobra — o único espécime vivo capturado até então — para que os pesquisadores pudessem desenvolver um antiveneno.
(Fonte: GettyImages)
O espécime capturado por Budden e seus colegas acabou sendo enviado para Melbourne, onde foi fundamental para a criação do primeiro antídoto para taipans no mundo em 1955. Embora todo o sucesso da operação, o pesquisador mordido não teria um final tão feliz assim.
Ao chegar ao hospital, os médicos que trataram Budden afirmaram que o cientista estava "mais interessado e entusiasmado com o bem-estar e conforto do réptil do que em si mesmo". Na visão do jovem cientista, a maioria das vítimas de picadas de cobra morriam de "susto" e não de veneno, decidindo não amputar o polegar ferido porque "não valia a pena".
De todo modo, Budden acabou recebendo o antídoto para cobra-tigre, o qual ajudou com o efeito de coagulação do veneno, mas não conseguiu lidar com seu efeito no sistema nervoso humano. Com poucas horas, ele começou a vomitar um líquido amarelo, desenvolver fortes dores de cabeça e seus músculos rapidamente enfraqueceram.
Com o passar da noite, Budden logo percebeu que não conseguia mais controlar sua língua ou engolir. Apesar da equipe médica ainda acreditar nas chances de sobrevivência, o pesquisador terminou morrendo no dia seguinte após uma noite de suporte respiratório. O antídoto construído por sua causa, contudo, foi diretamente responsável para que mais nenhuma morte fosse registrada por mordida de taipans desde então.