Artes/cultura
28/11/2023 às 11:00•2 min de leitura
Em um estudo recente, publicado na revista Neurology, cientistas fizeram uma descoberta capaz de revolucionar o tratamento da doença de Alzheimer e também de outras condições degenerativas. De acordo com os pesquisadores, o encolhimento do hipocampo está associado ao declínio cognitivo, mesmo em pessoas que não apresentam placas amiloides no cérebro.
Embora até agora a presença de proteínas acumuladas no cérebro (beta amiloide e tau) seja o marcador por excelência associado ao declínio cognitivo em pessoas com e sem Alzheimer, é a perda do volume hipocampal que precede os sinais de declínio cognitivo, como deterioração de funções como memória, raciocínio, habilidades de pensamento, linguagem e capacidade de realizar tarefas diárias.
Segundo o primeiro autor do estudo, Bernard J. Hanseeuw, da Faculdade de Medicina de Harvard, nos EUA, "esses resultados sugerem que outras doenças neurodegenerativas além do Alzheimer estão contribuindo para esse declínio, e medir o volume do hipocampo pode nos ajudar a avaliar essas causas que atualmente são difíceis de medir".
(Fonte: Getty Images)
O estudo envolveu 128 participantes, com idade média de 72 anos, que, no início dos testes, não apresentavam nenhum tipo de disfunção cognitiva ou de memória. Todos realizaram diversos tipos de exames cerebrais ao longo do estudo, para avaliar a quantidade de placas amiloides e emaranhados de tau em seus cérebros, além da medição do volume do hipocampo.
Posteriormente, esses voluntários foram acompanhados em média por sete anos, realizando avaliações cognitivas anuais. Os pesquisadores logo associaram um encolhimento rápido do hipocampo a um declínio cognitivo igualmente acelerado.
Encerrada a fase de testes, os pesquisadores analisaram todos os biomarcadores, e comprovaram sua hipótese de que a atrofia do hipocampo estava diretamente associada ao declínio cognitivo, independentemente dos níveis de amiloide e tau detectados.
(Fonte: Getty Images)
Além da doença de Alzheimer, um volume menor do hipocampo foi observado em pessoas con outras condições indesejáveis, como doença de Cushing, depressão, transtorno de estresse pós-traumático e ansiedade. A adoção de certos hábitos de vida pode até aumentar a perda hipocampal, como alimentação inadequada e consumo excessivo de álcool, mesmo em pessoas jovens.
A boa notícia é que também é possível aumentar o volume do hipocampo em pessoas idosas. A receita é incluir na rotina mais atividades físicas, como ioga, exercícios que desenvolvem o equilíbrio e a coordenação, aeróbicos e cardiovasculares. Ou seja, embora o declínio cognitivo possa ocorrer, cuidar do cérebro com bons hábitos de vida é uma forma eficaz de atrasar essa condição.
A contribuição desta pesquisa foi descobrir que placas amiloides e emaranhados de tau não são os únicos causadores do declínio cognitivo. Há também outros gatilhos, como o encolhimento do hipocampo, e eles podem agir isolada ou conjuntamente. Por isso, o desenvolvimento de testes e marcadores para declínios cognitivos é fundamental na mitigação das doenças degenerativas.