Artes/cultura
22/12/2023 às 04:30•2 min de leitura
Crianças em idade escolar e pré-adolescentes têm tomado o hormônio melatonina antes de dormir com maior frequência nos Estados Unidos, embora o suplemento não tenha regulamentações rígidas por parte da Food and Drug Administration (FDA), sugere um novo estudo publicado na JAMA Pediatrics.
A melatonina é um hormônio produzido na glândula pineal do cérebro que ajuda a manter nosso ritmo circadiano — o relógio interno de 24 horas que regula nosso sono. Para ajudar a combater a insônia de inúmeras pessoas, o uso esse tipo de suplemento tem crescido de popularidade nos EUA e em diversos outros países.
(Fonte: GettyImages)
Em vários outros países, como o Reino Unido, a melatonina só está disponível mediante a apresentação de receita médica. Contudo, nos EUA, a substância é classificada como suplemento dietético, o que significa que é regulamentada de forma diferente dos alimentos e medicamentos "convencionais".
A FDA não aprova suplementos quanto à segurança, eficácia ou rotulagem antes de serem vendidos. Em vez disso, as próprias empresas de suplementos são responsáveis por garantir que seus produtos sejam seguros e rotulados com precisão. Até então, a administração ainda não aprovou nenhum remédio que promova o sono para crianças menores que 18 anos.
Para estimar a prevalência do uso de melatonina entre os mais jovens, os cientistas entrevistaram quase 1 mil pais norte-americanos durante o primeiro semestre de 2023. De acordo com o comunicado oficial da Universidade do Colorado, os primeiros resultados mostram que 18,5% das crianças entre 5 e 9 anos receberam melatonina em um intervalo de 30 dias. Para as idades de 10 a 13 anos, esse número subiu para 19,4%. Por fim, cerca de 6% das crianças em idade pré-escolar, entre 1 e 4 anos, tomaram suplementos de melatonina nos últimos meses.
(Fonte: GettyImages)
Segundo os pesquisadores, não existem muitos dados disponíveis cientificamente a respeito dos efeitos a longo prazo da melatonina em crianças. Estudos anteriores descobriram que as gomas do suplemento geralmente contêm quantidades diferentes do produto do que seus rótulos sugerem. Em abril, cientistas publicaram um artigo analisando 25 gomas diferentes e descobriram que 22 delas estavam rotuladas incorretamente.
Inclusive, uma delas continha 347% a mais da quantidade indicada no rótulo, enquanto outra não continha qualquer melatonina detectável. De acordo com o Hospital Infantil de Boston, a melatonina pode beneficiar algumas crianças que têm dificuldade em adormecer, quando é acompanhada por intervenções comportamentais para resolver problemas de sono — como a limitação do tempo de uso de aparelhos eletrônicos antes de dormir.
Porém, alguns especialistas argumentam que o suplemento deve ser administrado como último recurso e somente após consulta ao pediatra. Em comunicado, o Conselho para Nutrição Responsável (CRN), uma associação comercial que representa a indústria de suplementos dietéticos, afirma que o estudo recente levanta um alarme desnecessário sobre o uso pediátrico da substância e exigiu que novas investigações sejam feitas com grupos maiores de análise.