Artes/cultura
12/05/2024 às 14:00•3 min de leituraAtualizado em 12/05/2024 às 14:00
O TOC é uma doença mental que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é o quarto transtorno psiquiátrico que mais acomete pessoas. Sigla para transtorno obsessivo-compulsivo, ele se caracteriza pela presença de obsessões, compulsões ou ambas. Infelizmente, muitos mitos têm sido perpetuados a seu respeito, estigmatizando quem o tem.
Um indivíduo diagnosticado com TOC apresenta grande ansiedade ou desconforto, que o obriga a executar rituais, como atos físicos ou mentais, com o intuito de afastar ameaças, prevenir eventuais falhas ou mesmo aliviar algum incômodo físico. Atualmente, a ciência tem sido capaz de esclarecer diversos fatos sobre o transtorno.
Ainda que o TOC não seja curável, é um equívoco dizer que não existe tratamento que possa melhorar a condição de indivíduos afetados pelo transtorno. Pessoas com transtorno obsessivo-compulsivo podem aprender a controlar os sintomas para atenuar sua condição. A terapia é uma das formas para isso, pois permite que os pacientes possam tentar interromper seus rituais.
Medicamentos também podem ser uma opção para alívio de sintomas de TOC. Dados da Fundação Internacional do TOC mostram que 70% das pessoas diagnosticadas com o transtorno melhoraram seus sintomas por meio de terapia e/ou uso de medicamentos, chegando a reduzi-los em até 60%.
Outro erro bastante comum é acreditar que pessoas com TOC ficam restritas a uma única obsessão ou compulsão, realizando sempre os mesmos rituais. Na realidade, um indivíduo com transtorno obsessivo-compulsivo pode ter diferentes gatilhos, bem como ver suas obsessões mudarem com o transcorrer do tempo.
De acordo com especialistas, as mudanças raramente são drásticas, o que significa dizer que dificilmente alguém com hábito de limpeza excessiva desenvolveria uma compulsão sexual, por exemplo. Fatores externos também podem alterar os sintomas, levando à instalação de outras compulsões.
Pensamentos intrusivos são ideias negativas ou indesejáveis que surgem sem aviso, comum em indivíduos com TOC. Porém, pessoas em geral podem apresentar algum pensamento indesejado sem que isso signifique que ela possui transtorno obsessivo-compulsivo.
Um estudo publicado em 2014, conduzido por pesquisadores da Concordia University, mostrou que 94% das pessoas já tiveram alguma ideia ou pensamento indesejado em algum momento de suas vidas.
A diferença é o impacto desses pensamentos: uma pessoa com TOC pode se preocupar com algo porque experimenta o mesmo pensamento com frequência, enquanto as demais talvez considerem aquilo uma bobagem e sigam suas vidas normalmente.
É comum também que o senso popular acredite que há apenas uma forma de TOC, associando geralmente o transtorno a pessoas germofóbicas, ou àquelas que precisam manter objetos organizados por cor ou tamanho, por exemplo. Porém, há uma variedade grande de tipos de compulsões e obsessões, causados por pensamentos intrusivos indesejados de temas como religião, sexo e até automutilação.
Compulsões costumam se manifestar como rituais específicos, que podem ser lavar muito as mãos, mas também comportamentos baseados em gatilhos individuais que não fazem sentido para outras pessoas, como sentar e levantar um número de vezes, evitar lugares ou objetos, ou até mesmo vestir-se de maneira específica. Há, inclusive, indivíduos cujas compulsões não são visíveis e os rituais ocorrem apenas internamente.
Um dos grandes estigmas em torno do TOC é acreditar que ele é um traço de caráter peculiar de quem o possui. Na realidade, os transtornos obsessivo-compulsivos são uma condição de saúde mental. Uma pessoa com TOC fica presa em um ciclo ativado por diferentes gatilhos, que geram pensamentos indesejados, intrusivos e, muitas vezes, repetitivos.
As compulsões são os comportamentos que essas pessoas realizam de modo a afastar suas obsessões. Logo, uma pessoa que lava muito as mãos quer afastar a ideia de que elas estejam sujas e de que a sujeira possa lhe causar algum mal. Usar o termo como um adjetivo reforça o estigma para quem realmente possui um transtorno.