5 mentiras que tentaram nos contar sobre fumar cigarros

09/06/2024 às 14:003 min de leituraAtualizado em 09/06/2024 às 14:00

O combate ao tabagismo e a diminuição do uso de cigarros, especialmente entre os jovens, é uma realidade recente. Por décadas, as consequências de se fumar cigarros foram ignoradas não apenas pela indústria do tabaco, mas por órgãos reguladores e até mesmo pela mídia. Hollywood e seus filmes, por exemplo, ajudaram a propagar a ideia de elegância do tabagismo.

Foram muitos anos até que as notícias alertando sobre as mais de 2 mil substâncias químicas cancerígenas presentes em um único cigarro, de um total de mais de 4.700, ganhassem destaque e a sociedade começasse a se preocupar com o fumo. Nesse período, muitos indivíduos foram levados a acreditar que fumar era seguro e benéfico.

1. Médicos recomendaram o fumo

(Fonte: Wikimedia Commons / Reprodução)
Enganados com falsos estudos, médicos deram endosso ao fumo. (Fonte: Wikimedia Commons)

Em meados do século XX, era realmente comum que os comerciais de marcas de cigarro recorressem a médicos para darem chancela ao produto, como ainda vemos em propagandas de cremes dentais. Profissionais vestidos com seus jalecos brancos apareciam na TV ou em anúncios impressos recomendando determinadas marcas, com o objetivo de alavancar as vendas do cigarro pela associação com um profissional de saúde, autoridade no assunto.

O que pouca gente sabia é que estes médicos só aceitavam dar seu endosso porque recebiam pesquisas tendenciosas, encomendadas pelas próprias companhias de tabaco. Estes estudos, financiados pelas indústrias do setor, minimizavam os riscos do tabagismo e até sugeriam que certas marcas poderiam ser melhores para o organismo. Esse tipo de ação decaiu entre as décadas de 1950 e 1960, com o aumento das evidências médicas dos efeitos nocivos do fumo.

2. Diziam que o cigarro era seguro para mulheres grávidas

(Fonte: Wikimedia Commons / Reprodução)
Estados Unidos ainda possui taxa de grávidas tabagistas acima da média global. (Fonte: Gideon/Flickr/Wikimedia Commons)

Não faltam campanhas mostrando como fumar cigarros durante a gestação pode afetar o bom desenvolvimento do feto. Porém, até o início da década de 1950, o hábito de fumar durante a gravidez era comum, e nem mesmo os médicos obstetras pesquisavam se suas pacientes eram tabagistas.

À época, revistas científicas de medicina estampavam anúncios de marcas de cigarro, e até mesmo convenções e congressos eram patrocinados por empresas do segmento.

Hoje, sabemos que fumar durante a gravidez apresenta enormes riscos para o bebê, mas também para a mãe. Todavia, a taxa de tabagismo durante a gestação nos Estados Unidos ainda é alta, excedendo a média mundial de 1,7%.

3. Diziam que o cigarro não viciava

(Fonte: Wikimedia Commons / Reprodução)
Alterações no cigarro foram feitas para acelerar o vício em nicotina no organismo. (Fonte: Wikimedia Commons)

Tornou-se de conhecimento público a partir da década de 1990 que as empresas do segmento tabagista manipularam os níveis de nicotina em seus produtos para criar ou manter o vício em consumidores. Foram utilizadas técnicas como adição de amônia, que acelera a entrega de nicotina ao cérebro, intensificando seu impacto no organismo.

O Congresso dos Estados Unidos, ao tomar conhecimento destas informações, conduziu audiências públicas com CEOs das companhias de cigarro, que negaram ter feito tais medidas. No entanto, relatórios mostraram como até mesmo os filtros foram produzidos com orifícios que tornavam a fumaça mais suave e menos áspera, de modo que os fumantes inalassem e absorvessem mais nicotina sem saberem disso.

4. Relacionaram o fumo à perda de peso

(Fonte: Unsplash / Reprodução)
Criou-se a ideia de que mulheres que fumam estariam mais próximas do ideal de beleza. (Fonte: Unsplash)

As mulheres foram um grande alvo da indústria do tabaco do início até meados do século XX. Para tal, os anúncios das marcas criaram uma intersecção entre magreza, controle de peso e o fumo. Foram criados slogans como "Procure um Lucky em vez de um doce", como se fumar cigarros pudesse substituir o consumo de açúcar e auxiliar na dieta.

Também não faltaram modelos glamourosas e esbeltas fumando em páginas de revistas, e até mesmo atrizes em filmes de Hollywood, o que impulsionou a crescente obsessão cultural pela magreza. Fumar era mais do que um hábito, era um estilo de vida que poderia ser o caminho mais curto para os padrões sociais vendidos como aceitáveis.

5. Esconderam que fumar cigarros poderia levar ao desenvolvimento de câncer

(Fonte: Wikimedia Commons / Reprodução)
Estudos da década de 1960 demonstraram presença de partículas radioativas no cigarro. (Fonte: Wikimedia Commons)

Hoje, podemos afirmar que todo fumante possui consciência do risco a que se submete quando acende um cigarro. Porém, durante meados do século XX, a indústria do tabaco fez o que pode para esconder as pesquisas que demonstravam as ameaças causadas pelas inúmeras substâncias presentes em um único cigarro.

Um estudo da UCLA Healt descobriu a presença de partículas radioativas nos cigarros, mas empresas do segmento tabagistas optaram por ocultar essa informação do público, mesmo cientes das graves implicações para a saúde. As tentativas de reduzir esses níveis de partículas radioativas foram mínimas, quando não ignoradas para priorizar o lucro.

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