Artes/cultura
18/04/2024 às 10:00•2 min de leituraAtualizado em 18/04/2024 às 10:00
Conhecido por ser adotado para o tratamento de diabetes tipo 2, o Ozempic tem ganhado atenção ultimamente. Ao simular a atuação do GLP-1, um hormônio produzido em nosso intestino, ele ajuda a controlar o nível de açúcar do sangue.
Mas o que colocou nos holofotes e como alvo de debates foi a sua associação com uma rápida perda de peso. Isso porque ele seria capaz de reduzir a fome, ao atuar em nosso hipotálamo.
Além disso, o medicamento teria o benefício adicional de retardar o esvaziamento do estômago. Em outras palavras, na prática, ele aumenta a sensação de saciedade. Mas, afinal, o que compostos com essas propriedades representam no combate à obesidade?
A ideia de que a obesidade pode ser facilmente vencida com o uso de medicamentos específicos, como o Ozempic, é relativamente perigosa. Isso não apenas lembrando que a condição pode ser impulsionada por uma suscetibilidade genética, mas que ela também é fortemente influenciada pelos hábitos alimentares.
O enfoque na perda de peso, isoladamente, configura uma prática que se distancia da busca por saúde. Isso porque, com o uso dessa linha de medicamentos, muitas outras variáveis do organismo permanecem inalteradas. Como exemplo disso, temos a prática de atividade física, que promove benefícios indispensáveis nesse cenário e figura como um caminho natural para a queima de calorias.
A obesidade, portanto, merece ser encarada com uma visão mais realista, e considerada como uma doença complexa. Uma das principais evidências que corrobora para isso é a percepção de que esses medicamentos só promovem a perda de peso enquanto estão sendo tomados.
O próprio uso do Ozempic é mais desafiador do que parece. Um estudo, publicado na revista JAMA Network em outubro de 2023, aponta que há uma série de efeitos colaterais associados ao seu uso, como pancreatite e obstrução intestinal. Tonturas, vômitos e mesmo alergias também são reações que eventualmente se manifestam.
No final das contas, sem uma reeducação alimentar adequada, com uma dieta rica em fibras, vegetais e frutas, é muito difícil manter a redução de peso proporcionada pela adoção do medicamento. Ou seja, os resultados dentre as pessoas que perderam peso não serão significativos como aparentam. Ainda vale destacar que cada corpo reage de uma forma diferente ao Ozempic.
E como ele não promove queima calórica, mas sim a redução de apetite, a desnutrição figura como um dos principais riscos associados ao uso desse composto. Muitos relatos indicam que pacientes perderam peso de forma acentuada e ficaram desnutridos.
Por isso, é preciso ter cautela ao considerar os efeitos dessa linha de medicamentos, pois eles não dispensam que muito do trabalho para se manter saudável seja feito por meio da alimentação e de exercícios físicos. Da mesma forma, dispensar acompanhamento médico especializado pode ser perigoso, principalmente quando isso envolve doenças que mascaram seus piores sintomas até se apresentarem em um nível mais grave.