Artes/cultura
28/09/2024 às 06:00•2 min de leituraAtualizado em 28/09/2024 às 06:00
No início do século 20, o nascimento de um filho era um processo arriscado e doloroso para as mulheres. Com a promessa de revolucionar o parto e eliminar a dor, o “twilight sleep”, ou "sono crepuscular" surgiu como uma técnica inovadora na Alemanha.
Tratava-se de um estado de sedação leve ou anestesia, onde a paciente experimentava uma diminuição da consciência, mas ainda poderia responder a estímulos Aclamado como uma libertação feminina, o método, no entanto, escondeu um lado sombrio que causaria sofrimento e traumas.
O "twilight sleep" foi desenvolvido por Bernhardt Kronig e Karl Gauss na Alemanha, no início do século 20. A técnica consistia em administrar uma combinação de escopolamina e morfina para induzir amnésia e aliviar a dor do parto sem apagar a consciência das mulheres.
A popularidade do método cresceu rapidamente, impulsionada por relatos positivos e pela defesa de feministas da época, que o viam como um passo significativo na libertação das mulheres da dor e do sofrimento associados à maternidade.
A técnica ganhou destaque internacional, especialmente nos Estados Unidos, onde foi promovida pela National Twilight Sleep Association (NTSA). Mulheres ricas e influentes viajaram para a Alemanha para experimentar o parto indolor e, ao retornar, espalharam relatos elogiosos.
A sedação parecia ser a solução definitiva para um parto sem dor, atraindo a atenção de médicos e pacientes em todo o mundo.
Apesar das promessas iniciais, a prática da sedação logo revelou graves falhas. A técnica, que exigia doses personalizadas e administração cuidadosa, foi aplicada de forma padronizada em muitas clínicas, resultando em efeitos colaterais severos. As mulheres eram frequentemente deixadas em estado de delírio e, muitas vezes precisavam ser contidas para evitar ferimentos.
A amnésia induzida pela escopolamina impedia que as mães reconhecessem seus filhos ao nascer, contribuindo para altos índices de depressão pós-parto. Além disso, o uso de fórceps tornou-se comum devido à incapacidade das mulheres de colaborar no parto, aumentando os riscos de lesões para mãe e bebê.
A técnica também resultava em bebês nascidos com respiração deprimida, uma situação alarmante que muitas vezes exigia medidas drásticas para a ressuscitação dos recém-nascidos. Eventualmente, o método foi amplamente criticado e caiu em desuso.
O que começou como uma promessa de libertação da dor para as mulheres, logo se transformou em um dos episódios mais sombrios da história da obstetrícia. O caso trouxe à tona os perigos de práticas médicas mal executadas. Sua história serve como um lembrete de que soluções milagrosas podem levar a consequências trágicas.