Imagem de Turismo carcerário: cresce o interesse pelo mundo atrás das grades no megacurioso

Nos últimos anos, presídios ao redor do mundo se tornaram destinos turísticos peculiares e de bastante sucesso entre viajantes

<head></head><body>Todo mundo conhece aquela pessoa que sonha em viajar para a Disney, conhecer a Europa ou simplesmente se aventurar pelos países asiáticos. Porém, recentemente uma nova tendência tem surgido entre os viajadores: o turismo prisional, marcado por visitas à antigas prisões com histórias marcantes.Segundo especialistas, esse tipo de <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/123445-os-6-paises-mais-visitados-do-mundo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">turismo</a> tem reivindicado valor para prisões que já nem estavam mais em funcionamento e estavam prestes a se tornar obsoletas, mas que se tornaram atrativas, seja pela sua arquitetura, história ou outro fator interessante. Conheça mais sobre esse crescente modelo de negócio!<h2>Turismo sombrio</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/12/06/06191750160267.jpg" alt="(Fonte: Shutterstock)">(Fonte: Shutterstock)Segundo o professor do programa de Turismo da Universitat Oberta de Catalunya (UOC), Pablo Díaz Luque, existe um aspecto sombrio sobre visitar antigas prisões com histórias marcantes, onde seres humanos foram privados de sua liberdade. “Há um crescimento deste turismo, como muitas outras práticas turísticas originais, pois supõe uma vivência e o conhecimento de uma parte da história de uma cidade, região ou país”, acrescentou.Conforme mostram estudos pelo mundo, o "boom" do turismo prisional é realmente impressionante. Penitenciárias como a de La Modelo, na Colômbia, demonstraram um aumento excepcional de visitantes nos últimos anos, pondo o local entre as atividades de lazer para se fazer em Bogotá. Em 2018, um ano após ter encerrado suas funções, o local recebeu mais de 154 mil pessoas.&nbsp;Diante do número de pessoas registradas, parece claro que a ideia de conhecer o interior de uma <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/120678-4-inacreditaveis-fugas-de-prisao-e-a-historia-por-tras-delas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">prisão</a> tem sido aceita de bom grado pelos turistas. No entanto, esse sucesso não é exatamente recente. Embora não tenham sido prisões para infratores, os campos de concentração durante o <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/122804-petr-ginz-a-vitima-do-holocausto-envolvida-em-catastrofe-da-nasa.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Holocausto</a> abriram portas para esse tipo de turismo inusitado.<h2>Inspiração no passado</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/11/30/30030700984002.jpg" alt="(Fonte: Wikimedia Commons)">(Fonte: Wikimedia Commons)Na visão de Díaz Luque, a motivação que explica a quantidade de visitas aos centros de extermínio nazista guarda algumas semelhanças com o turismo prisional, com algumas ressalvas. "Nos centros nazistas, seus ocupantes foram sistematicamente presos e assassinados. Isso não acontece nas prisões, embora também tenham sido palco de tortura e morte, ou locais de fugas míticas. Todos eles são fatores que servem para dar conteúdo e narrativa às visitas", afirma o especialista.&nbsp;Para o psicanalista e professor de psicologia da UOC, José R. Ubieto, a vontade de saciar a morbidez de ver de perto o horror sofrido pelas vítimas de um sistema pode ser algo que une o turismo prisional ao turismo de guerra. Segundo os pesquisadores, existem três tipos de motivos para alguém se interessar por esse tipo de viagem: razões morais, fascínio ou curiosidade mórbida por cenas de sofrimento humano e interesse por algo patológico ou violento.&nbsp;Os estudiosos acreditam que muitos visitantes têm apenas a vontade de mostrar nas redes sociais que estiveram nesses locais. De todo modo, o turismo prisional não precisa ser visto como algo negativo. Na visão de Ubieto, visitas orientadas e comentadas podem ajudar a contar mais sobre a história de determinado local e serem usadas para refletir sobre aspectos de injustiça, desigualdade e por aí vai.Porém, é preciso destacar: o descaso com o passado do local pode ser uma afronta. Em termos gerais, o único ponto negativo que esse tipo de prática pode realmente oferecer é gerar a banalização de um fato histórico. No fim das contas, prisões fazer parte da história de onde estão localizadas e conservá-las significa evitar repetir os erros cometidos por outros humanos no passado.&nbsp;</body>

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Turismo carcerário: cresce o interesse pelo mundo atrás das grades

Imagem de Conheça o primeiro julgamento que usou impressões digitais como prova no megacurioso

Em 1910, um homem foi condenado tendo como prova do crime as suas digitais

<head></head><body>Em 19 de setembro de 1910, um homem chamado Clarence Hiller morreu assassinado por um assaltante na porta de sua casa, em Chicago. O assassino, Thomas Jennings, havia recebido sua liberdade condicional seis semanas antes. Mas este caso criminal entrou para história por uma razão específica: Jennings havia deixado uma marca de dedo na grade recém-pintada que se apoiou para subir até a casa dos Hiller.A prova foi usada em seu julgamento. A polícia fotografou e cortou a grade, argumentando que isso provaria a identidade do ladrão. Assim, aquela se tornou a primeira condenação em que a impressão digital serviu como prova em um tribunal.<h2>O uso da impressão digital no sistema penal</h2><span class="img-fc" data-fonte="Chicago Sun-Times/Chicago Daily News collection/Chicago History Museum/Getty Images" data-fonte-url="https://www.gettyimages.ca/detail/news-photo/thomas-jennings-alias-bob-jones-accused-of-murdering-news-photo/138142322"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/11/19/19204942116000.jpg" alt="(Fonte: Chicago Sun-Times/Chicago Daily News collection/Chicago History Museum/Getty Images)">(Fonte: Chicago Sun-Times/Chicago Daily News collection/Chicago History Museum/Getty Images)As impressões digitais começaram a ser estudadas no final do século XIX por um sujeito chamado Francis Galton, que era antropólogo, meteorologista, matemático e estatístico inglês. Ele propôs que a "identidade" dos dedos fosse avaliada com base nos arcos, voltas e espirais que elas "imprimiam" onde tocavam. Suas ideias sobre o assunto foram registradas no livro Finger Prints, de 1892.Galton, no entanto, acabou entrando para a história também porque se desconfia que muitos de seus estudos eram poucos científicos e focados em preceitos <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/122761-racismo-ambiental-a-pratica-que-destroi-o-planeta-e-a-vida-das-minorias.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">racistas</a>. Ele escreveu que acreditava que as impressões digitais poderiam revelar as raças das pessoas pelos dedos. No entanto, ele acabou não encontrando nenhuma prova disso.Historiadores destacam que o interesse de Francis Galton pelas impressões digitais se relacionam com os princípios <a href="https://www.megacurioso.com.br/historia-e-geografia/70055-confira-outros-5-dos-maiores-imperios-que-ja-existiram-na-historia.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">colonialistas</a> da época. “As impressões digitais foram originalmente introduzidas para os europeus distinguirem entre a massa indistinguível de povos extra-europeus, que produziram impressões digitais 'indecifráveis'”, escreveu a jornalista Ava Kofman.Não por acaso, ao longo de sua carreira, Galton se envolveria em estudos que avaliavam diferenças raciais por medidas numéricas supostamente científicas. Mas o fato é que o sistema criado por ele foi adotado pela polícia e logo se espalhou para outros lugares. Em 1904, durante a Feira Mundial em St. Louis, a <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/116353-enola-e-sherlock-holmes-nao-sao-reais-internet-descobre-a-verdade.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Scotland Yard</a> enviou representantes para demonstrar a técnica, que estava se tornando mais popular nos tribunais britânicos.<h2>O caso de Thomas Jennings</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/11/19/19205526539003.jpg" alt="(Fonte: Rare Historical Photos)">(Fonte: Rare Historical Photos)A técnica de coleta desta prova no julgamento de Thomas Jennings foi exatamente como era descrito por Francis Galton. Os advogados de defesa do suspeito tentaram levantar questões sobre este método, que ainda era desconhecido. No entanto, o tiro saiu pela culatra, já que a <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119891-quando-impressoes-digitais-se-tornaram-prova-nos-tribunais.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">impressão digital</a> do advogado que questionou o método foi também retirada e comparada com a encontrada na grade.O argumento da acusação era que as impressões digitais nunca se repetiam. Isto foi comprovado com a retirada de impressões de pessoas da plateia, evidenciando que a premissa era verdadeira.Por consequência, o júri votou em unanimidade para que Jennings fosse considerado culpado, e ele foi condenado à morte por <a href="https://www.megacurioso.com.br/humor/39811-pegadinha-falso-enforcamento-quase-leva-o-espirito-de-pessoas-na-rua.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">enforcamento</a>. O jornal Decatur Herald escreveu que aquela era “a primeira condenação em evidências de impressão digital na história deste país”, e acrescentou, de forma inspirada: “o assassino escreveu sua assinatura quando pousou a mão na grade recém-pintada da casa dos Hiller.”</body>

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Conheça o primeiro julgamento que usou impressões digitais como prova

Imagem de Ainda existem piratas no Brasil? no megacurioso

Os piratas — aqueles bandidos que realizam crimes em alto mar — existem até hoje, inclusive no Brasil

<head></head><body>Recentemente, uma notícia chamou a atenção de muita gente. Um navio chamado São Luiz, que estava abandonado na <a href="http://Ba%C3%ADa%20da%20Guanabara" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Baía da Guanabara</a> há anos, foi levado pelo vento e colidiu com a Ponte Rio-Niterói, provocando seu fechamento.Este fato levantou uma discussão sobre algo presente na costa do Rio de Janeiro e que permaneceu invisível na paisagem até então: a quantidade de barcos e navios largados por lá. Alguns deles, inclusive, carregavam até pouco tempo uma tripulação. Haveria, então, <a href="https://www.megacurioso.com.br/historia-e-geografia/41963-os-7-piratas-mais-famosos-da-historia-mundial.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">piratas</a> no Brasil?<h2>As descobertas sobre os "piratas"</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/11/21/21192016835664.jpeg" alt="(Fonte: Pirates Ship Vallarta)">(Fonte: Pirates Ship Vallarta)Historicamente, entendemos como piratas aqueles bandidos que realizam roubos, sequestros e saques em alto mar. Segundo o International Maritime Bureau (IMB), uma instituição sediada na Malásia que monitora a atividade de pirataria ao redor do mundo, esta situação permanece até hoje. Só para se ter ideia, em 2020, o IMB registrou 195 ataques no mar pelos <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/123532-os-detritos-espaciais-estao-destruindo-os-oceanos.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">oceanos</a>, aumentando em 20% os casos em relação ao ano anterior.Frente à notícia do navio que bateu na Ponte Rio-Niterói, o jornalista Caio Barretto Briso publicou, em seu perfil do Twitter, um testemunho sobre uma situação vivenciada por ele. Segundo escreveu, ao ouvir rumores sobre o São Luiz, ele pegou um barco e, junto de um fotógrafo, resolveu ir até a embarcação abandonada na Ilha de Fundão.Ele teria descoberto então que haviam "piratas" neste local. Tratam-se de membros ligados a milícias e facções que atacam os navios e barcos abandonados para saquear tudo o que ainda tem algum valor, como o cobre e outros metais. Os sujeitos subiriam até os navios pela âncora para roubar tudo o que conseguissem.Segundo Leandro Duran, professor de <a href="https://www.megacurioso.com.br/arqueologia/novidades/" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Arqueologia</a> da Universidade Federal de Sergipe, a pirataria afeta a todos. "Temos que considerar que a maior parte dos bens e produtos transita através de embarcações até hoje, então o mar é um espaço de trânsito extremamente interessante do ponto de vista econômico para eventuais saques. Isso impacta diretamente na economia mundial em termos de precificação de fretes e seguros", declarou ao portal TAB UOL.<h2>Os guardiões do barco abandonado</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/11/21/21191757936659.jpg" alt="(Fonte: Extra)">(Fonte: Extra)As descobertas sobre o navio São Luiz, que colidiu com a ponte, acabaram gerando uma reportagem de Caio Barretto Briso &nbsp;que foi publicada no jornal O Globo em 2018. A matéria focou na rotina da tripulação presente na embarcação, que atuava basicamente nos cuidados para que ele não fosse invadido, como se fossem seguranças.Descobriu-se então que ele seguia tripulado por funcionários da empresa Navegação Mansur, que era dona do navio desde 1994. Os trabalhadores ficavam 15 dias embarcados e folgavam outros 15.O "capitão" na época era Paulo Carneiro, que tinha então quatro décadas de experiência no mar. Parte do seu trabalho era o de proteger o São Luiz dos piratas, à noite, quando costumam atacar as embarcações.Uma descoberta feita pelo repórter era que, embora a estrutura estivesse bem enferrujada, os equipamentos do navio São Luiz ainda funcionavam e tinham fontes de energia. Ainda assim, durante o dia, as luzes internas eram desligadas para economizar <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/121369-7-possiveis-combustiveis-alternativos-a-gasolina-nos-automoveis.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">combustível</a>, obrigando os tripulantes a usarem seus celulares como lâmpada.Caio ainda contou na reportagem que o São Luiz era uma exceção entre as mais de 100 embarcações abandonadas na Baía de Guanabara. Quase todas elas estavam tão enferrujadas e depenadas que não era mais possível fazer qualquer recuperação. Talvez ninguém imaginasse que, quatro anos depois desta matéria, o navio causaria um grande estrago e levantaria toda essa discussão.</body>

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Ainda existem piratas no Brasil?

Imagem de Fat Pete: o mafioso que sobreviveu a 12 tiros por ser gordo no megacurioso

Como os 180 kg de Peter Chiodo impediram sua morte em um atentado

<head></head><body>Na manhã do dia 8 de maio de 1991, um homem chamado Peter Chiodo foi até uma oficina para verificar o motor de seu Cadillac. Chiodo chegou ao local, desceu do carro e levantou o capô. Nesse mesmo instante, dois atiradores apareceram do nada e abriram fogo.Conhecido como Fat Pete ("Pete Gordo" em português), ele foi um <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119962-giuseppe-greco-o-serial-killer-mais-brutal-da-mafia-italiana.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">mafioso violento</a> e bastante conhecido em Nova York durante a década de 1980, mas acabou mudando de lado após ser preso. Quando seus antigos parceiros descobriram isso, decidiram eliminá-lo. Porém, apesar dos tiros, Chiodo sobreviveu devido à gordura do seu corpo.<h2>A entrada para a máfia</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/11/22/22134844976264.png" alt="Peter Chiodo, ao centro, saindo de uma reunião da máfia no Brooklyn. (Fonte: Wikimedia Commons)">Peter Chiodo, ao centro, saindo de uma reunião da máfia no Brooklyn. (Fonte: Wikimedia Commons)Peter Chiodo nasceu em Bensonhurst, Brooklyn, em 1950. Existem poucos registros e informações sobre a sua infância — até mesmo a data exata do seu nascimento é desconhecida. O que se sabe é que ele cresceu em um <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/120346-do-lixo-a-energia-eolica-as-industrias-que-a-mafia-controla-no-mundo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">viveiro da máfia</a>, e em 1970 a sua história criminal teve início, quando ele foi preso pela primeira vez.No final dos anos 1970, Chiodo era um membro não oficial da <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/122392-como-a-ambicao-do-criminoso-vito-genovese-destruiu-a-mafia-americana.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">família Lucchese</a> — ele seria introduzido oficialmente em 1987. Esse contato com o crime organizado fez com que ele se aproximasse de Anthony “Gaspipe” Casso. Ele era um mafioso em ascensão que impactaria sua vida nos próximos anos e daria início aos anos mais sangrentos da família Lucchese.A grande contribuição de Chiodo para a máfia aconteceu durante a década de 1980. A cidade de Nova York passou por um processo de revitalização de moradias populares e os Luccheses assumiram o controle do sindicato responsável pela substituição de janelas.Peter Chiodo foi o responsável por supervisionar as atividades de extorsão trabalhista e ajudou a forçar empresas legítimas a sair do mercado por meio de intimidação e ameaças de violência. Com o controle de um projeto tão grande, a família Lucchese se tornou uma das mais influentes de Nova York.<h2>O declínio e a mudança de lado</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/11/22/22135120510269.png" alt="(Fonte: Wikimedia Commons)">(Fonte: Wikimedia Commons)A situação da família Lucchese começou a mudar no final da década de 1980. Anthony “Gaspipe” Casso iniciou uma campanha assassina, eliminando qualquer um que ele suspeitasse de deslealdade. Ele ordenou que os membros de outras famílias envolvidas nas substituições das janelas fossem eliminados, temendo que eles pudessem se tornar testemunhas da polícia, o que de fato aconteceu.Em maio de 1990, Casso, Chiodo — nessa época já conhecido como Pete Gordo devido aos seus 180 kg — e vários outros foram indiciados por 14 acusações federais de extorsão no caso das janelas. Percebendo que provavelmente morreria na prisão se condenado no julgamento, Chiodo se declarou culpado em dezembro de 1990. Ele havia cometido o pecado imperdoável da máfia: não pedir primeiro a permissão dos chefes.&nbsp;Assim, Casso ordenou que Chiodo fosse morto, dando o contrato ao chefe interino Al D'Arco. Ele descobriu que Chiodo estava deixando a cidade como medida protetiva até a data de sua sentença e planejou o assassinato no dia que Pete Gordo planejava levar seu carro à oficina.Os dois atiradores apareceram do nada e abriram fogo contra ele, mas uma das armas falhou, dando a Chiodo tempo suficiente para tentar se esconder. Enquanto as balas voavam, 12 tiros atingiram Chiodo em seus braços, pernas e tronco. Aproximando-se de Chiodo no chão, a arma do segundo atirador emperrou e os assassinos partiram, presumindo que Chiodo deveria estar morto.&nbsp;Pete Gordo sobreviveu e, sabendo que não havia outra opção, decidiu cooperar com a polícia — sua família entrou rapidamente no programa de proteção a testemunhas. Em setembro de 1991, Chiodo entrou no tribunal e testemunhou no julgamento das janelas contra membros de diversas famílias de Nova York. Ele foi questionado no depoimento sobre o que o motivou. “Fui baleado 12 vezes”, respondeu.Peter Chiodo morreu em janeiro de 2016 de causas naturais, aos 65 anos.</body>

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Fat Pete: o mafioso que sobreviveu a 12 tiros por ser gordo

Imagem de Michael West e o método forense que destruiu a vida de inocentes no megacurioso

Especializado em odontologia forense, comparando marcas de mordida, o especialista protagonizou uma das maiores polêmicas do mundo criminal

<head></head><body>Em abril de 2020, a série documental da Netflix The Innocence Files trouxe para sua plataforma de mais de 223 milhões de assinantes um dos assuntos mais espinhentos do sistema de justiça dos Estados Unidos: condenações injustas.Por meio de casos descobertos pelo Innocence Project, uma rede de ajuda penal criada em 1992 para libertar e evitar condenações injustas, a série tornou público o nome do odontologista forense Michael West, muito prestigiado durante a década de 1980 e 1990, pela sua especialidade em determinar criminosos por marcas de mordida.&nbsp;O ramo da odontologia forense é especializado na aplicação da ciência odontológica para investigação legal, e tornou-se muito popular após a prisão e condenação do serial killer <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/116947-3-mulheres-que-se-apaixonaram-por-assassinos.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Ted Bundy,</a> um dos assassinos mais prolíficos do século XX.<h2>O melhor de seu tempo</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/11/22/22195433837000.jpg" alt="Michael West. (Fonte: Men's Health/Reprodução)">Michael West. (Fonte: Men's Health/Reprodução)Entre as décadas de 1980 e 1990, considerado um dos períodos epidêmicos envolvendo <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/123437-a-cultura-do-consumo-de-true-crime-obsessao-ou-autopreservacao.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">crimes e assassinato em série</a> nos EUA, West se tornou um dos odontologistas forenses mais respeitados do mundo. Ele era adepto do método de combinar marcas de mordidas em vítimas de assassinato com os dentes dos seus agressores para determinar um caso.Além de usar a "comparação direta", que envolvia colocar fisicamente moldes dos dentes dos réus contra as feridas das vítimas, o especialista também desenvolveu uma técnica para identificar marcas em cadáveres: ele usava uma luz ultravioleta para tentar encontrar vestígios de feridas na pele para provar que eram marcas de mordida. Foi este método que ajudou o homem a garantir uma reputação ilibada, se tornando o pioneiro do seu tempo no campo da odontologia forense.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/11/22/22195536862001.jpg" alt="(Fonte: The Sun/Reprodução)">(Fonte: The Sun/Reprodução)Com um currículo tão impressionante, tendo frequentado a Escola de Odontologia da Louisiana State University, o Instituto de Patologia das Forças Armadas e a Academia Americana de Ciências Forenses, era quase impossível não dar credibilidade ao trabalho de West. Não é para menos que ao longo de sua carreira ele afirmou ter investigado a causa de mais de 5.200 mortes, assistido 5.800 autópsias, e analisado mais de 300 marcas de mordida.O testemunho do odontologista foi crucial durante os julgamentos para que os promotores garantissem várias condenações por assassinato ao longo do tempo. Foi somente em meados da década de 1990 que especialistas forenses começaram a questionar as conclusões de West, com queixas formalmente registradas em três organizações profissionais das quais ele era membro.Mesmo deixando duas delas e sendo suspenso da outra, West continuou testemunhando em julgamentos criminais até o início dos anos 2000, quando se aposentou em meio às críticas mais ferrenhas e crescentes sobre seus métodos – apesar de que não havia uma séria preocupação de que várias pessoas pudessem ter sido condenadas injustamente como resultado dos seus métodos falhos.<h2>O responsável pelos inocentes</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/11/22/22195817488003.jpg" alt="(Fonte: GlobalNet Pictures/Reprodução)">(Fonte: GlobalNet Pictures/Reprodução)Publicado pela Academia Nacional de Ciências, em agosto de 2009, o estudo Strengthening Forensic Science in the United States: A Path Forward, desacreditou formalmente as marcas de mordidas como meio de identificar e/ou condenar réus em julgamentos criminais.O depoimento de West contribuiu diretamente para condenações por assassinato de Levon Brooks e Kennedy Brewer, acusados de matar duas meninas no início dos anos 1990. Mesmo sem muitas evidências que os conectassem ao crime, West concluiu que as marcas de mordida nas duas garotas eram deles.Ele chegou a dizer que as marcas “eram, de fato, e sem dúvida feitas por Kennedy Brewer”. Sendo assim, o juiz determinou que os homens cumprissem mais de 10 anos de prisão antes de serem exonerados, em 2008, depois que o verdadeiro assassino das meninas, Justin Albert Johnson, confessou os crimes. Antes disso, quando o caso estava em aberto, West o havia descartado como suspeito porque acreditava que seus dentes não correspondiam com as marcas nas vítimas.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/11/22/22195928540004.jpg" alt="(Fonte: Tampa Bay Times/Reprodução)">(Fonte: Tampa Bay Times/Reprodução)Johnson confessou que não mordeu as vítimas em momento nenhum e, mais tarde, foi revelado que as marcas inspecionadas pelo especialista, na verdade, eram mordidas de lagostins – o que fazia sentido, visto que os cadáveres das meninas foram encontrados em um lago.Como se o método falho em si já não fosse o suficiente, a conduta profissional de West também era perturbadoramente inaceitável. Em 2009, foi relatado que uma vez ele forçou o molde dentário de um suspeito em um cadáver para ajustá-lo. Alguns colegas de profissão, como o Dr. Richard Souviron, odontologista forense que testemunhou no julgamento de Bundy, apontou que os modelos de West se concentravam apenas na parte superior da boca.E, apesar de tanta evidência contra ele, West parece que ainda acredita na legitimidade de seu trabalho. Atualmente com 67 anos, aposentado e morando em Hattiesburg, no Mississippi, ele deixou claro em uma entrevista à Oxygen que ainda acredita em seu trabalho, mas que concorda que não deveria mais ser usado nos tribuinais.West afirmou também que sentia estar sendo tratado de forma semelhante às estátuas confederadas removidas dos lugares públicos."Apagar a história é ignorância. Não beneficia ninguém. E eles querem me apagar da história", criticou.</body>

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Michael West e o método forense que destruiu a vida de inocentes

Imagem de 2 dos casos mais notórios de espionagem russa no megacurioso

Em um período tenso como a Guerra Fria, a especialidade russa em sabotagem se tornou um problema para os americanos

<head></head><body>Para além da possibilidade tácita de uma <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/121222-russia-e-ucrania-teremos-uma-3-guerra-mundial.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Terceira Guerra Mundial</a> de maneira ainda mais destrutiva, a <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/121911-5-ideias-equivocadas-que-temos-sobre-a-guerra-fria.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Guerra Fria</a> teve como uma de suas características mais marcantes a espionagem, e a obsessão dos Estados Unidos pela "ameaça" da União Soviética alimentou um sentimento de perseguição dos americanos por espiôes russos.Mas existe um motivo pelo qual os russos eram tão temidos nesse aspecto, visto que a espionagem surgiu e foi estruturada no seio de furtividade da KGB, a organização de serviços secretos cujas raízes remontam à Revolução Russa e à Cheka – primeira instituição da polícia secreta formada em 1917 para afirmar a autoridade do novo governo socialista de Lenin.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/11/10/10173605969397.jpg" alt="(Fonte: Stuff/Reprodução)">(Fonte: Stuff/Reprodução)Considerada acima da lei e livre para operar, a organização acabou com as dissidências, bem como perseguiu e tentou ou conseguiu sabotar seus inimigos políticos, como os Estados Unidos.A KGB floresceu em 1954, ainda sob os mesmos moldes de sua precursora, a Cheka, e era organizada como um exército, consistindo em vários departamentos e diretorias encarregados de espionar países estrangeiros e erradicar possíveis dissidências ou rebeliões.Esses são os 2 casos mais notórios da espionagem russa.<h2>1. O caso Rosenberg</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/11/10/10173742530400.jpg" alt="(Fonte: The Guardian/Reprodução)">(Fonte: The Guardian/Reprodução)Em um dos julgamentos mais emblemáticos do contexto da Guerra Fria envolvendo espionagem, em junho de 1953, o casal Julius e Ethel Rosenberg foram executados por conspiração para cometer espionagem sob a Lei de Espionagem dos EUA de 1917.Ambos eram membros do partido comunista e foram julgados e executados por passar informações secretas sobre a <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/122615-por-que-hiroshima-e-nagasaki-foram-alvo-de-bombas-atomicas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">bomba atômica</a> para a União Soviética durante a Segunda Guerra Mundial, como foi argumentado pela promotoria do caso. Isso foi considerado um exagero, afinal, era improvável que a informação obtida por Julius Rosenberg pudesse ter sido muito útil, porém, com o testemunho de David Greenglass, irmão de Ethel Rosenberg, a condenação aconteceu mais facilmente.Mesmo depois que o destino do casal foi selado pela cadeira elétrica, o seu julgamento transcorreu por décadas devido à intensidade do debate sobre a lisura do processo. Um consenso sobre a participação do casal só veio na década de 1990, após o lançamento de material da antiga União Soviética confirmando que Julius Rosenberg estava, de fato, fornecendo informações para os russos durante a guerra.&nbsp;No entanto, as dúvidas sobre a culpa ou inocência de Ethel permanecem.<h2>2. A prisão de Ames</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/11/10/10173916881401.jpg" alt="(Fonte: Salon 24/Reprodução)">(Fonte: Salon 24/Reprodução)Em 21 de fevereiro de 1994, agentes do Departamento Federal de Investigação (FBI) efetuaram a prisão de Aldrich Ames, oficial da Agência Central de Inteligência (CIA) por 30 anos, do lado de fora de sua casa, em Arlington, estado de Virginia.Estampando jornais do mundo todo, a foto do momento foi considerada um escândalo para os EUA e a comunidade de inteligência americana ficou extremamente abalada com a traição do homem.Por vários anos, Ames forneceu à União Soviética dados contendo nomes de agentes que trabalhavam nos EUA, condenando-os à execução. O mais chocante, porém, é que o homem fez isso por ideologia, não por dinheiro – apesar de os soviéticos terem lhe pagado mais de US$ 4 milhões ao longo de 10 anos. E, ironicamente, foi esse grande fluxo de dinheiro que atraiu atenção do governo americano.<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;The Washington Postt&nbsp;" data-fonte-url="https://www.washingtonpost.com/news/retropolis/wp/2018/01/26/rick-is-a-goddamn-russian-spy-does-the-cia-have-a-new-aldrich-ames-on-its-hands/"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/11/10/10174023741402.jpg" alt="(Fonte: The Washington Post/Reprodução)">(Fonte: The Washington Post/Reprodução)Um caso semelhante veio a público em 2001, com a prisão de Robert Hanssen, que prestou serviço por décadas como agente do FBI com enfoque na contrainteligência, porém, em vez de pegar espiões russos, ele estava sendo pago para trabalhar para eles.Ames foi declarado culpado em 28 de abril de 1994 e condenado à prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional. Ele perdeu seus bens para os EUA e US$ 547 mil foram entregues ao Fundo de Assistência às Vítimas do Departamento de Justiça.&nbsp;Ele segue cumprindo sua pena em Terre Haute, Indiana.</body>

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2 dos casos mais notórios de espionagem russa

Imagem de Hong Kong prende mulher acusada de insultar hino chinês no megacurioso

Paula Leung recebeu uma pena de três meses de prisão por ter acenado uma bandeira da era colonial durante os Jogos Olímpicos de Tóquio.

<head></head><body>Uma mulher de Hong Kong que acenou com uma bandeira da era colonial enquanto assistia a uma transmissão pública das<a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/119445-por-que-as-olimpiadas-comecam-antes-da-cerimonia-de-abertura.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">&nbsp;Olimpíadas de Tóquio</a> se tornou a primeira pessoa a ser presa por insultar o <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/123436-o-que-devemos-fazer-diante-da-bandeira-e-do-hino-nacional.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">hino</a> da China.A informação foi dada pelo jornal South China Morning Post nesta quinta-feira (10). Paula Leung, de 42 anos, se declarou culpada de ter insultado a "Marcha dos Voluntários", o hino da República Popular China. No momento em que isso acontecia, o esgrimista de Hong Kong Edgar Cheung disputava uma partida e ganhava uma medalha de ouro nas Olimpíadas.<h2>Os detalhes do ocorrido</h2><span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;G1&nbsp;" data-fonte-url="https://s2.glbimg.com/Q0Pc2_39zjB6ZG0GE5QRntBztOk=/0x0:4000x2668/1000x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2021/9/A/lsYBtGQ8yDB7C0hfuS3g/2021-07-30t025955z-1503632171-rc2quo9tfdq5-rtrmadp-3-hongkong-security-anthem.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/11/10/10165053125360.jpg" alt="(Fonte: G1)">(Fonte: G1)Paula Leung estava em um shopping junto de outras pessoas quando acenou com uma bandeira de <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/121019-voce-conhece-a-historica-cidade-murada-de-kownloon-em-hong-kong.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Hong Kong</a> da era colonial. No mesmo momento, a disputa olímpica de esgrima era exibida em um telão. Ela teria ferido uma lei que foi aprovada em 2020 em Hong Kong (uma região administrativa chinesa), depois que grandes manifestações a favor da democracia proibiram insultos ao hino chinês.O magistrado que a julgou disse que ela desprezou seriamente o hino e prejudicou a dignidade do país. Paula deve permanecer presa por três meses por atentar "gravemente" contra Hong Kong e a China com o seu ato.<h2>O contexto da represália em Hong Kong</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/11/10/10165140664361.jpg" alt="(Fonte: Carta Capital)">(Fonte: Carta Capital)Hong Kong é uma região semiautônoma da China. Ela ficou sob domínio inglês até 1997, quando foi devolvida com a promessa, feita pelo <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119234-tang-ping-o-protesto-de-jovens-chineses-contra-o-trabalho.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Partido Comunista Chinês</a>, de manter a região independente por pelo menos 50 anos. Segundo esta lei de 2020, é proibido emitir insultos ao hino nacional da China. Isto foi estipulado após várias manifestações coletivas no país em favor da democracia.Em 2019, Hong Kong enfrentou uma grande onda de protestos em cidades da República Popular da China, exigindo a retirada do projeto de lei de extradição, proposto pelo governo de Hong Kong. Segundo este projeto, as pessoas de Hong Kong ficariam sujeitas a um sistema legal diferente e as autoridades locais poderiam prender e extraditar quem fosse procurado em territórios com os quais Hong Kong não possui acordos, como a China continental e Taiwan. Os protestos se encerraram com 79 feridos, mas a lei foi suspensa.Durante os Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2021, vários atletas de Hong Kong tiveram bons resultados, fazendo com que fossem apoiados pela imprensa local. Muitos dos cidadãos passaram a enfatizar a identidade única de Hong Kong e os elementos da cultura cantonesa.Na ocasião dos jogos, centenas de jogadores se reuniram em um shopping para ver o esgrimista Edgar Cheung ganhar a medalha. Alguns dos presentes vaiaram o hino chinês e entoaram um canto que dizia "Somos Hong Kong". No entanto, Paula é a primeira pessoa a ser presa por essa razão, e teme-se que este possa ser o primeiro passo concreto para uma represália mais forte à liberdade dos cidadãos de Hong Kong. </body>

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Hong Kong prende mulher acusada de insultar hino chinês

Imagem de Rebelião na Ilha Anchieta: a primeira crise prisional brasileira no megacurioso

Motim ocorrido no início da década de 1950, a Rebelião na Ilha Anchieta deixou 15 detentos e 10 funcionários da segurança pública mortos.

<head></head><body>O massacre ocorrido na Casa de Detenção de São Paulo, conhecido como <a href="https://www.megacurioso.com.br/lugares-surpreendentes/70241-as-10-piores-prisoes-do-mundo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Carandiru</a>, permeia nossa mente. Contudo, uma das primeiras e principais crises do sistema prisional paulista ocorreu 40 anos antes. Batizada de Rebelião na Ilha Anchieta, o motim de detentos, que envolveu uma fuga cinematográfica, foi uma das mais sangrentas revoltas carcerárias do país.Na manhã de uma sexta-feira, 20 de junho de 1952, presos assumiram o controle do Instituto Correcional da Ilha Anchieta, no litoral norte paulista. A tentativa de repressão ao movimento deixou 25 mortos, sendo 15 detentos e outros 10 funcionários do sistema prisional, entre civis e militares.<h2>A história do presídio da Ilha Anchieta</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/11/06/06190144047014.jpg" alt="(Fonte: Arquivo Público do Estado de São Paulo/Reprodução)">(Fonte: Arquivo Público do Estado de São Paulo/Reprodução)Projetado pelo arquiteto Francisco de Paula Ramos de Azevedo, a construção foi inaugurada em 1908 como Colônia Correcional da Ilha dos Porcos. Para lá, eram direcionados, inicialmente, presos comuns e menores infratores. O espaço foi desocupado em 1914, tornando a funcionar como prisão apenas em 1928, mas, desta vez, com o intuito de abrigar presos políticos.Já com o nome de Ilha Anchieta, passou a receber especialmente comunistas, anarquistas e socialistas presos por exercer atividades políticas e sindicais. Foi durante a ditadura do Estado Novo (1937 - 1945) que seu caráter de presídio político ganhou contornos acentuados. Militantes de esquerda, processados com base na Lei de Segurança Nacional, eram submetidos a trabalhos forçados.Ainda durante a <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/121169-getulio-vargas-a-vida-do-polemico-presidente-brasileiro.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Era Vargas</a>, a colônia foi rebatizada como Instituto Correcional da Ilha Anchieta. Foi uma mudança bastante significativa, pois o espaço passou a abrigar somente presos comuns até sua extinção, em 1955. E seu fim tem ligação direta com a rebelião.<h2>A Rebelião na Ilha Anchieta</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/11/06/06184949883011.jpg" alt="(Fonte: Biblioteca Nacional/Reprodução)">(Fonte: Biblioteca Nacional/Reprodução)Muitos dos problemas relacionados com as crises <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/121869-alcatraz-como-era-a-vida-na-penitenciaria-que-ninguem-escapava.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">penitenciárias</a> brasileiras possuem ligação direta com a Rebelião na Ilha Anchieta, ocorrida 70 anos atrás. À época do motim, 452 detentos ocupavam as alas do presídio, o maior número desde sua fundação. Eram oito pavilhões, sendo quatro ocupados por detentos, enquanto os demais eram utilizados para funções administrativas.Segundo o inquérito militar, dois homens arquitetaram o plano de fuga: Álvaro Fernando da Conceição Carvalho Farto, o Portuga, e João Pereira Lima. Ao todo, o planejamento da ação teria durado 6 meses, a partir da chegada de Portuga, vindo do Carandiru. Na manhã de 20 de junho de 1952, João desarmou um dos soltados que escoltava o transporte de lenha, feita por um grupo de detentos.Outros presos, percebendo o que acontecia, começaram a agir, espalhando o motim. Utilizando pedaços de madeira, eles renderam guardas, abriram as celas e soltaram os presos, que se espalharam pela Ilha. Os parentes dos militares, que residiam na vila militar da Ilha Anchieta, foram conduzidos para dentro das celas.Vários presos seguiram em embarcações, rumando em direção à cidade de Ubatuba. No desembarque, um confronto se desenrolou contra as forças de segurança. No total, 129 detentos haviam fugido, sendo que 108 deles foram recapturados. Outros 15 morreram em combate ou em decorrência dele, incluindo Portuga, enquanto 6 foram dados como desaparecidos. Do lado das forças de segurança, 10 agentes morreram.<h2>Motim levou ao fim do presídio</h2><span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Memorial da Resistência de São Paulo&nbsp;" data-fonte-url="http://memorialdaresistenciasp.org.br/wp-content/uploads/tainacan-items/1041/11509/Parque-Estadual-Ilha-Anchieta-01.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/11/06/06175809859003.jpg" alt="(Fonte: Aline Rezende/Fundação Florestal/Reprodução)">(Fonte: Aline Rezende/Fundação Florestal/Reprodução)A repercussão do motim no presídio foi péssima para as forças de segurança, mais pelo fato da fuga dos "mais perigosos elementos do crime e da delinquência de São Paulo", como estampavam os jornais da época, do que pela morte de detentos. Aos poucos, os presidiários foram sendo transferidos para outras cadeias do estado, até que, em setembro de 1955, a penitenciária teve suas atividades encerradas.Na semana seguinte, o filme Mãos Sangrentas, do argentino Carlos Hugo Christensen, estrearia nos cinemas, contando com livre inspiração o ocorrido na Ilha Anchieta. Representante brasileiro no Festival de Veneza, fez com que a mídia internacional desse bastante repercussão ao fato.Hoje, o espaço onde a Rebelião na Ilha Anchieta se deu é um parque estadual. O Parque Estadual da Ilha Anchieta, considerada uma área de proteção ambiental, é administrada pelo Instituto Florestal. É curioso que uma área com tanta riqueza histórica e natural tenha sido um espaço de <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/123197-esfolamento-um-dos-piores-metodos-de-tortura-ja-criados.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">tortura</a> e morte décadas antes.</body>

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Rebelião na Ilha Anchieta: a primeira crise prisional brasileira

Imagem de Os esquemas de enriquecimento rápido mais bobos da história no megacurioso

Na história, muita gente pobre enriqueceu por sorte, mas muito rico se deu por erros idiotas

<head></head><body>Os antigos já ensinavam: dinheiro que vem fácil, vai fácil. Mas, ao longo da história, não foram poucas as pessoas que acreditaram que haveriam caminhos para enriquecer rapidamente. Algumas, inclusive, se deram bem. Neste texto, contamos dois casos de pessoas que enriqueceram por sorte ou trapaça, e uma história de um homem muito rico que tomou atitudes muito burras.<h2>1. A sorte de Timothy Dexter</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/10/31/31161251310271.jpg" alt="(Fonte: All That's Interesting)">(Fonte: All That's Interesting)Timothy Dexter foi um empresário de Massachusetts, que viveu entre 1747 e 1806. Mesmo tendo nascido em família pobre, ele foi bem-sucedido em vários aspectos.Para começar a sua ascensão à alta sociedade, ele casou com uma viúva rica, mais velha que ele, e que já tinha quatro filhos. Mas os "sangues azuis" de sua época não o viram com bons olhos e o tratavam como um interesseiro de pouca instrução.Mesmo assim, Timothy Dexter não desistiu de subir na sociedade. Ele resolveu gastar todas as suas economias para comprar a moeda continental, que não valia nada. Todo mundo o julgou como um idiota. Mas, logo em seguida, o governo pagou pelas suas moedas e ele teve vários ganhos inesperados, tornando-se rico.Com os lucros, Dexter abriu uma transportadora para fazer negócios com a Europa e as Índias Ocidentais. Ele comprou panelas de aquecimento para tentar vender para as pessoas aquecerem suas camas no inverno.Só que a ideia parecia não ser muito esperta, já que as Índias eram muito quentes. Contudo, Timothy Dexter mais uma vez teve sorte e vendeu as panelas como cadinhos de fundição para a indústria do melaço, e lucrou novamente.Por fim, ele enviou luvas de lã para as Índias Ocidentais. Mas ao invés de perder dinheiro, ele teve a sorte de que comerciantes asiáticos que estavam lá comprassem o produto para revendê-las na Sibéria.<h2>2. O erro crasso de Marco Licínio Crasso</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/10/31/31165244924309.jpg" alt="(Fonte: Vernici Firewall)">(Fonte: Vernici Firewall)Marco Licínio Crasso (115 – 53 a.C.) foi o homem mais rico de Roma no tempo em que viveu. Sua fortuna era de 200 milhões de sestércios - o que significava que, hoje, ele seria 34 vezes mais rico que <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/113706-elon-musk-teme-nao-estar-vivo-quando-a-humanidade-chegar-em-marte.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Elon Musk,</a> cuja riqueza é avaliada em US$ 200 bilhões.Mas ser tão rico não o impediria de tomar uma decisão que destruiria a sua vida. Crasso era um aliado do ditador Sula, e enriqueceu ao comprar propriedades confiscadas dos inimigos do Estado. Após a morte de Sula, ele continuou a acumular fortuna.Os prédios de Roma eram propensos a incêndios, então, quando um queimava, Crasso corria para comprar a propriedade em chamas por um preço bem baixo. Depois que o acordo se concretizava, os bombeiros que trabalhavam para Crasso finalmente entravam em ação para apagar o fogo.Na década de 70 a.C., Marco Licínio Crasso alavancou o poder de políticos como <a href="https://www.megacurioso.com.br/personalidades/102528-7-licoes-de-lideranca-do-grande-conquistador-romano-julio-cesar.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Júlio César</a>. Seu objetivo, no fim, era conquistar a glória militar. Para isso, ele liderou um exército de 50 mil para invadir a Pártia. Ele confiou em um chefe local para guiá-lo, mas era um enrascada. O exército foi conduzido a uma rota árida, levando ao um local em que as tropas (e Crasso) se deram de frente com os partos, que estavam preparados com uma artilharia pesada.Embora fossem mais numerosos, os soldados romanos foram massacrados e desmoralizados. Crasso foi incapaz de pensar em um plano. Ele resolveu então mandar seu filho para liderar o exército, mas ele foi rapidamente derrotado. Os partos provocaram o pai ao trazer a cabeça do filho de Crasso na ponta de uma lança.Por fim, Crasso abandonou os milhares de feridos e fugiu do conflito. Os partos o convidaram para negociar, e ele acabou indo. Foi o seu maior erro. O encontro se tornou uma batalha, os generais romanos foram mortos e os partos derramaram ouro na garganta de Crasso. Ele acabou se tornando um símbolo de alguém que enriqueceu rápido, mas que não era muito inteligente.<h2>3. A fraude da tribo de Tasaday</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/10/31/31165134567306.jpeg" alt="(Fonte: Oswald Iten)">(Fonte: Oswald Iten)Em 1971, uma notícia da NBC revelou a existência de uma pequena tribo de pessoas vivendo em uma selva nas <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/117872-4-curiosidades-fascinantes-sobre-as-filipinas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Filipinas</a>. Esta tribo, chamada de Tasaday, teria um modo de vida que remetia ainda à idade da pedra.Quem cuidou do manejo desta tribo foi Manuel Elizalde, então chefe do órgão do governo filipino encarregado de proteger as minorias culturais. Foi ele que anunciou que aquela era um tribo isolada há mais de mil anos. Ele os descreveu assim: "eles não sabiam que existia um país. Eles não perceberam haver um mar além de Mindanao… eles nem sabiam o que era arroz. Eles não têm palavras para armas, hostilidade ou guerra".Entretanto, acabou-se descobrindo que os Tasaday era, na verdade, um golpe armado para que Elizalde enriquecesse. Os Tasaday apareceram na capa da National Geographic e imagens da tribo foram parar em noticiários do mundo todo. Até um livro foi escrito sobre eles, e celebridades se candidataram para visitá-los.<div data-pbjs-key="728x90" data-sizes="[[728,90],[1,1]]">O esquema de fraude só foi revelado depois da queda do ditador filipino <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/122318-5-figuras-historicas-com-habitos-estranhos.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Ferdinand Marcos</a>, em 1986. Quando os jornalistas e antropólogos tiveram acesso aos Tasaday, descobriram que eles não eram primitivos. Na verdade, eles viviam em casas e usavam roupas modernas. Mas contaram que foram forçados por Elizalde para parecer viverem na Idade da Pedra.</div>A essa altura, Elizalde havia arrecadado milhões de dólares para protegê-los, e havia fugido com todo o dinheiro saqueado da fundação criada para os Tasaday.</body>

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Os esquemas de enriquecimento rápido mais bobos da história

Imagem de Por que o racismo não é considerado uma doença mental? no megacurioso

Você acha que declarando o racismo como doença mental ajudaria a combatê-lo?

Em 25 de maio de 2020, o mundo foi sufocado com <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/119470-simbolos-escravagistas-por-que-so-nos-importamos-com-os-dos-outros.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">George Floyd,</a> um afro-americano de 45 anos assassinado por um policial branco que, por 8 minutos e 46 segundos, se manteve ajoelhado sobre o pesco&ccedil;o dele.
O crime, que aconteceu em Minneapolis, Estados Unidos, provocou um levante de indigna&ccedil;&atilde;o global, lan&ccedil;ando luz para a viol&ecirc;ncia policial motivada pelo <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/122761-racismo-ambiental-a-pratica-que-destroi-o-planeta-e-a-vida-das-minorias.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">racismo</a> estrutural que devasta principalmente os bairros perif&eacute;ricos do pa&iacute;s desde o in&iacute;cio do s&eacute;culo XVIII. A organiza&ccedil;&atilde;o Mapping Police Violence, que monitora os tiroteios policiais, levantou que a pol&iacute;cia americana atirou e matou pelo menos 1.055 pessoas em 2021, das quais os negros configuram 27% das mortes, mostrando como o movimento Black Lives Matter, infelizmente, teve pouco efeito na coibi&ccedil;&atilde;o do problema.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/11/01/01072446474002.jpg" alt="(Fonte: History/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: History/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Ano passado, Christopher A. Wray, diretor do Federal Bureau of Investigation (FBI), afirmou que a <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119104-asa-earl-carter-o-supremacista-branco-que-virou-indigena.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">supremacia branca&nbsp;</a>dos EUA &eacute; um problema maior do que o jihadismo e enalteceu a necessidade de um projeto de lei para lidar com o aumento da viol&ecirc;ncia da extrema direita.
Visto que ofensas, ataques de todos os tipos e viol&ecirc;ncia racial aumentaram exponencialmente desde o crime envolvendo Floyd no pa&iacute;s, foi renovada a quest&atilde;o de saber se o&nbsp;racismo pode ser tratado como uma doen&ccedil;a mental.
<h2>Educando uma mente</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/11/01/01072714648003.jpg" alt="(Fonte: Coursera/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Coursera/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Com a morte de Floyd e o movimento Black Lives Matter, foi resgatado uma entrevista de 1992 da educadora Jane Elliot, conhecida por ensinar seus alunos sobre o preconceito, no programa The Oprah Winfrey Show, sugerindo que o racismo seria fruto de uma doen&ccedil;a mental.
&ldquo;O racismo &eacute; uma doen&ccedil;a mental. Se voc&ecirc; julga outras pessoas pela cor de sua pele, pela quantidade de um produto qu&iacute;mico em sua pele, voc&ecirc; tem um problema mental. Voc&ecirc; n&atilde;o est&aacute; lidando bem com a realidade&rdquo;, disse ela, sendo aplaudida efusivamente por membros da plateia do emblem&aacute;tico programa da televis&atilde;o norte-americana.
De l&aacute; para c&aacute;, as pesquisas no Google por "racismo &eacute; uma doen&ccedil;a mental?" atingiram um n&iacute;vel nunca visto nos &uacute;ltimos 10 anos, com o trecho da entrevista da educadora sendo postado incansavelmente nas redes sociais, especialmente no Twitter.
<iframe width="853" height="480" src="https://www.youtube.com/embed/ms4NJx0wwXM?start=0" frameborder="0" allowfullscreen="allowfullscreen"></iframe>
Apesar de ser um sentimento que muitas pessoas compartilham sobre aqueles que odeiam outros indiv&iacute;duos apenas por sua etnia, a cren&ccedil;a de que o c&eacute;rebro dessa pessoa n&atilde;o est&aacute; funcionando de maneira correta n&atilde;o &eacute; o pensamento ideal para se ter sobre a estrutura e as origens do racismo na sociedade.
O poderio m&eacute;dico &eacute; o primeiro a se opor a essa compara&ccedil;&atilde;o e ressaltar o qu&atilde;o preocupante &eacute; disseminar esse tipo de ideia, sobretudo nos tempos virais da internet. Isso porque o racismo funciona, em linhas muito b&aacute;sicas, como uma escolha, enquanto os transtornos mentais, de depress&atilde;o a esquizofrenia, n&atilde;o s&atilde;o.&nbsp;
Chamar o racismo de doen&ccedil;a mental apenas deslegitima a hist&oacute;ria de como ele aconteceu no mundo, enquanto refor&ccedil;a o estigma ao redor das doen&ccedil;as mentais, aumentando a pr&aacute;tica de usar a linguagem da sa&uacute;de mental de maneira depreciativa.
<h2>Um estado de terror</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/11/01/01073117028004.jpg" alt="(Fonte: PWHS/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: PWHS/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Apesar de Elliot ter mencionado o racismo como doen&ccedil;a mental em 1990, esse impulso para defini-lo como tal veio de profissionais de sa&uacute;de mental, datando da d&eacute;cada de 1960, quando um grupo proeminente de psiquiatras negros solicitou &agrave; Associa&ccedil;&atilde;o Psiqui&aacute;trica Americana (APA) que adicionasse "intoler&acirc;ncia extrema" ao Manual Diagn&oacute;stico e Estat&iacute;stico de Transtornos Mentais, mais conhecido como DSM.
A peti&ccedil;&atilde;o foi rejeitada porque a APA enxergou o racismo como algo "muito comum" para ser considerado uma doen&ccedil;a. Al&eacute;m disso, para ser enquadrado como uma doen&ccedil;a, era preciso que desviasse do pensamento ou comportamento t&iacute;pico e causasse uma perturba&ccedil;&atilde;o e ang&uacute;stia na vida de um indiv&iacute;duo. A APA alegou que o racismo era t&atilde;o difundido que se tornava uma quest&atilde;o cultural, n&atilde;o uma psicopatologia.
No entanto, n&atilde;o era muito dif&iacute;cil entender o motivo de pessoas, como o psiquiatra negro Alvin Poussaint, n&atilde;o compreenderem como os brancos achavam comum o racismo.&nbsp;
&ldquo;Era algo que estava sempre presente e parecia um estado de terror. Eu senti que era como um dist&uacute;rbio mental, porque voc&ecirc; n&atilde;o conseguia argumentar com as pessoas sobre isso&rdquo;, concluiu ele, quando viajou &agrave; Jackson, no Mississippi, EUA, em 1965, para fornecer tratamento de sa&uacute;de mental aos trabalhadores e dessegregar os hospitais.
De maneira geral, entender o motivo de pessoas terem pensamentos t&atilde;o racistas ou mostrarem dificuldade em enxergar como esse preconceito n&atilde;o faz sentido, &eacute; necess&aacute;rio acompanhar a ideia de que o racismo existe em um espectro, que alcan&ccedil;a desde cren&ccedil;as racistas extremas e crimes de &oacute;dio, at&eacute; os preconceitos que todos os brancos precisam enfrentar. Del&iacute;rios envolvendo ra&ccedil;a tamb&eacute;m podem ser um sintoma de transtornos psic&oacute;ticos, e sua coloca&ccedil;&atilde;o no DSM n&atilde;o est&aacute; em debate nesse aspecto.
<h2>O que &eacute; bom e o que &eacute; justo</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/11/01/01073241645005.jpg" alt="(Fonte: History/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: History/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Poussaint fazia uma distin&ccedil;&atilde;o clara entre o racismo cotidiano e o extremo, este que ele achava que deveria ser classificado como um <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/121452-conheca-6-transtornos-mentais-dos-mais-assustadores.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">transtorno mental</a>, porque significava que algu&eacute;m havia sido t&atilde;o consumido pelo &oacute;dio a ponto de querer matar. Para ele, isso estava al&eacute;m do normal.
&ldquo;Algumas pessoas que se op&otilde;em ao fato de ser chamado de transtorno mental dizem: &lsquo;Bem, &eacute; apenas um comportamento aprendido&rsquo;. &Eacute; um comportamento aprendido querer exterminar as pessoas por causa da cor da pele?&rdquo;, argumentou ele.
Desse modo, enquadrando o racismo como uma doen&ccedil;a mental empurraria o problema para os brancos, que deveriam reconhecer que h&aacute; algo de errado na maneira como eles pensam e sentem, aliviando os negros da sensa&ccedil;&atilde;o de que, se pudessem agir de maneira diferente, os brancos deixariam de ser racistas contra eles.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/11/01/01073453262006.jpg" alt="(Fonte: The New Yorker/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: The New Yorker/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Professor de psiquiatria da Universidade Emory e coautor do livro Are Racists Crazy?, Sander Gilman diz que o desejo de considerar o racismo como uma doen&ccedil;a mental vem da vontade de coloc&aacute;-lo fora do escopo do comportamento humano t&iacute;pico, quando, na verdade, ele n&atilde;o est&aacute;.
Seria um belo argumento, segundo ele, porque significaria que pessoas normais nunca deveriam matar, por exemplo, pessoas em <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/121183-auschwitz-o-que-aconteceu-la-apos-a-segunda-guerra-mundial.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Auschwitz</a>, quando, na realidade, elas faziam isso de maneira regular. Eles haviam desumanizado tanto as v&iacute;timas que n&atilde;o as viam mais como seres humanos. Isso n&atilde;o era doen&ccedil;a mental, apenas o mau em sua pura forma, porque as pessoas podiam fazer escolhas.&nbsp;
Sander ressalta que, s&oacute; quando come&ccedil;amos a falar sobre atividade "normal", isso ent&atilde;o inclui atos ruins. Em outras palavras, o 'normal' n&atilde;o &eacute; sin&ocirc;nimo de "bom" ou "justo", ainda que desejamos que seja assim.
<h2>A ra&ccedil;a como distin&ccedil;&atilde;o</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/11/01/01073604309007.jpg" alt="(Fonte: Ferris State University/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Ferris State University/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Oriundo de uma verdadeira constru&ccedil;&atilde;o social, o pr&oacute;prio termo &ldquo;ra&ccedil;a&rdquo; foi cunhado em um espectro de preconceito para descrever e categorizar pessoas em v&aacute;rios grupos sociais com base em caracter&iacute;sticas como cor da pele, caracter&iacute;sticas f&iacute;sicas e heredi&ecirc;ncia gen&eacute;tica.
O conceito de ra&ccedil;a como entendemos hoje, evoluiu com a forma&ccedil;&atilde;o dos Estados Unidos e sempre esteve ligado &agrave; evolu&ccedil;&atilde;o dos termos "branco" e "escravo", usados pelos europeus colonizadores nos idos anos de 1500. Eles foram os respons&aacute;veis por trazerem essas palavras para a Am&eacute;rica do Norte e, ainda que naquela &eacute;poca n&atilde;o carregassem o significado que t&ecirc;m hoje, adquiriram ideais diferentes atrav&eacute;s das necessidades da sociedade americana em desenvolvimento.
Fil&oacute;sofos e naturalistas do Iluminismo Europeu, baseado nas ideias do racioc&iacute;nio secular, estudo cient&iacute;fico, e racionalidade em oposi&ccedil;&atilde;o &agrave;s compreens&otilde;es religiosas baseadas na f&eacute; do mundo &ndash;, categorizaram o mundo de novo com cren&ccedil;as que evolu&iacute;ram a partir do final do s&eacute;culo XVII e floresceram ao longo do final do s&eacute;culo XVIII, argumentando que haviam leis naturais que governavam o mundo e os seres humanos.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/11/01/01073817883010.jpg" alt="(Fonte: Centro de Mem&oacute;ria Sindical/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Centro de Mem&oacute;ria Sindical/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Os s&eacute;culos apresentaram uma falsa no&ccedil;&atilde;o de que os brancos eram mais inteligentes, capazes e humanos do que as pessoas n&atilde;o brancas, e isso passou a se tornar cada vez mais aceito, inclusive justificou a institui&ccedil;&atilde;o da <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/122417-a-escravidao-ainda-existe-no-brasil.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">escravid&atilde;o dos africanos</a>.
Foi s&oacute; em meados da d&eacute;cada de 1660, nas col&ocirc;nias americanas, que o termo "branco" foi colocado em oposi&ccedil;&atilde;o &agrave; "ra&ccedil;a" e "escravo", categorizando os colonos europeus como pessoas hierarquicamente acima daqueles que n&atilde;o se pareciam com eles.
As inven&ccedil;&otilde;es sociais conseguiram unir o branco atribu&iacute;do apenas ao anglo-sax&atilde;o e &agrave;s mulheres da elite que n&atilde;o tomavam sol, a um status de superioridade e poder; desapropriando e marginalizando os povos nativos e escravizando de maneira permanente ao longo de v&aacute;rias gera&ccedil;&otilde;es a maioria dos povos descendentes de africanos.
Assim, a cultura americana se desenvolveu como sociedade e economia tendo como base as ideias de ra&ccedil;a e racismo.
<h2>O problema da Am&eacute;rica</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/11/01/01074138618012.jpg" alt="(Fonte: Howard Law Library/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Howard Law Library/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Ap&oacute;s 6 de dezembro de 1865, depois que a 13&ordf; Emenda da Constitui&ccedil;&atilde;o Americana aboliu a escravid&atilde;o nos EUA, o racismo como o conhecemos, com base no &oacute;dio, apenas cresceu de maneira desenfreada, se instalando em todos os pilares da sociedade. Apesar de a lei ter coibido a pr&aacute;tica de cultivar pessoas negras como escravos, a<a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119020-ruby-bridges-a-garotinha-que-enfrentou-a-segregacao-racial-dos-eua.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">&nbsp;segrega&ccedil;&atilde;o racial</a> que predominou na maior parte do sul americano atrav&eacute;s das Leis de Jim Crow, marginalizavam os negros a fim de mant&ecirc;-los no submundo da sociedade como se fossem selvagens.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/11/01/01074337854013.jpg" alt="(Fonte: Post New Groups/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Post New Groups/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Apesar dos progressos, a segrega&ccedil;&atilde;o permaneceu no pa&iacute;s at&eacute; o Movimento dos Direitos Civis acontecer, atingindo seu &aacute;pice na d&eacute;cada de 1960.
&ldquo;O racismo &eacute; um sistema de vantagem baseado na ra&ccedil;a. &Eacute; uma hierarquia. &Eacute; uma pandemia. O racismo est&aacute; t&atilde;o profundamente enraizado nas mentes dos EUA e na sociedade que &eacute; praticamente imposs&iacute;vel escapar dele&rdquo;, disse Steven O. Roberts, diretor do Laborat&oacute;rio de Conceitos Sociais, parte do departamento de psicologia, na Escola de Humanidades e Ci&ecirc;ncias da Universidade de Stanford.
Portanto, no final das contas, a pergunta que fica &eacute;: declarar o racismo como uma doen&ccedil;a tornaria o mundo um local menos racista ou s&oacute; faria dele pior?

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