Ciência
17/11/2022 às 12:00•2 min de leitura
Para além da possibilidade tácita de uma Terceira Guerra Mundial de maneira ainda mais destrutiva, a Guerra Fria teve como uma de suas características mais marcantes a espionagem, e a obsessão dos Estados Unidos pela "ameaça" da União Soviética alimentou um sentimento de perseguição dos americanos por espiôes russos.
Mas existe um motivo pelo qual os russos eram tão temidos nesse aspecto, visto que a espionagem surgiu e foi estruturada no seio de furtividade da KGB, a organização de serviços secretos cujas raízes remontam à Revolução Russa e à Cheka – primeira instituição da polícia secreta formada em 1917 para afirmar a autoridade do novo governo socialista de Lenin.
(Fonte: Stuff/Reprodução)
Considerada acima da lei e livre para operar, a organização acabou com as dissidências, bem como perseguiu e tentou ou conseguiu sabotar seus inimigos políticos, como os Estados Unidos.
A KGB floresceu em 1954, ainda sob os mesmos moldes de sua precursora, a Cheka, e era organizada como um exército, consistindo em vários departamentos e diretorias encarregados de espionar países estrangeiros e erradicar possíveis dissidências ou rebeliões.
Esses são os 2 casos mais notórios da espionagem russa.
(Fonte: The Guardian/Reprodução)
Em um dos julgamentos mais emblemáticos do contexto da Guerra Fria envolvendo espionagem, em junho de 1953, o casal Julius e Ethel Rosenberg foram executados por conspiração para cometer espionagem sob a Lei de Espionagem dos EUA de 1917.
Ambos eram membros do partido comunista e foram julgados e executados por passar informações secretas sobre a bomba atômica para a União Soviética durante a Segunda Guerra Mundial, como foi argumentado pela promotoria do caso. Isso foi considerado um exagero, afinal, era improvável que a informação obtida por Julius Rosenberg pudesse ter sido muito útil, porém, com o testemunho de David Greenglass, irmão de Ethel Rosenberg, a condenação aconteceu mais facilmente.
Mesmo depois que o destino do casal foi selado pela cadeira elétrica, o seu julgamento transcorreu por décadas devido à intensidade do debate sobre a lisura do processo. Um consenso sobre a participação do casal só veio na década de 1990, após o lançamento de material da antiga União Soviética confirmando que Julius Rosenberg estava, de fato, fornecendo informações para os russos durante a guerra.
No entanto, as dúvidas sobre a culpa ou inocência de Ethel permanecem.
(Fonte: Salon 24/Reprodução)
Em 21 de fevereiro de 1994, agentes do Departamento Federal de Investigação (FBI) efetuaram a prisão de Aldrich Ames, oficial da Agência Central de Inteligência (CIA) por 30 anos, do lado de fora de sua casa, em Arlington, estado de Virginia.
Estampando jornais do mundo todo, a foto do momento foi considerada um escândalo para os EUA e a comunidade de inteligência americana ficou extremamente abalada com a traição do homem.
Por vários anos, Ames forneceu à União Soviética dados contendo nomes de agentes que trabalhavam nos EUA, condenando-os à execução. O mais chocante, porém, é que o homem fez isso por ideologia, não por dinheiro – apesar de os soviéticos terem lhe pagado mais de US$ 4 milhões ao longo de 10 anos. E, ironicamente, foi esse grande fluxo de dinheiro que atraiu atenção do governo americano.
(Fonte: The Washington Post/Reprodução)
Um caso semelhante veio a público em 2001, com a prisão de Robert Hanssen, que prestou serviço por décadas como agente do FBI com enfoque na contrainteligência, porém, em vez de pegar espiões russos, ele estava sendo pago para trabalhar para eles.
Ames foi declarado culpado em 28 de abril de 1994 e condenado à prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional. Ele perdeu seus bens para os EUA e US$ 547 mil foram entregues ao Fundo de Assistência às Vítimas do Departamento de Justiça.
Ele segue cumprindo sua pena em Terre Haute, Indiana.