Imagem de 6 casos reais e impressionantes de crianças selvagens no megacurioso

Muito além de 'Mogli, o Menino Lobo' ou do 'Tarzan', a vida das crianças que realmente cresceram isoladas da sociedade foi muito difícil

Desde os tempos mais remotos, existem lendas sobre crian&ccedil;as que cresceram isoladas do mundo e da sociedade, sendo criadas por animais. Nos tempos modernos, obras como <a href="https://www.megacurioso.com.br/cinema/101574-teoria-diz-que-os-personagens-de-mogli-representam-os-7-pecados-capitais.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Mogli, o Menino Lobo</a>, Tarzan&nbsp;e George, o Rei da Floresta colocaram esse assunto na cultura pop. Mas voc&ecirc; sabia que h&aacute; v&aacute;rios casos reais de crian&ccedil;as selvagens? As hist&oacute;rias, por&eacute;m, s&atilde;o bem diferentes do que vemos nos filmes ou nas lendas.
Esses casos, que se tornaram especialmente famosos nos s&eacute;culos XVIII e XIX, ajudaram nas discuss&otilde;es sobre a nossa pr&oacute;pria condi&ccedil;&atilde;o humana. No entanto, as vidas dessas pessoas, mesmo depois de reintegradas &agrave; sociedade, n&atilde;o foi nada f&aacute;cil.
A seguir, apresentamos seis casos reais e impressionantes de crian&ccedil;as selvagens.
<h2>1. Marie-Ang&eacute;lique Memmie Le Blanc</h2>
Um dos primeiros e mais famosos casos de crian&ccedil;as selvagens no s&eacute;culo XVII &eacute; o da &ldquo;garota selvagem de <a href="https://www.megacurioso.com.br/bebidas-alcoolicas/30131-champagne-de-230-anos-e-encontrada-em-navio-naufragado.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Champagne</a>&rdquo;. Diz a lenda que Marie-Ang&eacute;lique era uma nativa do Canad&aacute; que foi vendida como escravizada, at&eacute; ser levada por uma mulher para a Fran&ccedil;a aos nove anos.&nbsp;
Ao chegar no pa&iacute;s, a mulher morreu e Marie-Ang&eacute;lique fugiu, escondendo-se na floresta. Ela s&oacute; foi encontrada 10 anos depois, j&aacute; adulta e se comportando como uma selvagem. Depois de um tempo, ela recuperou a fala e at&eacute; aprendeu a ler e escrever. H&aacute; relatos de que at&eacute; a rainha da Fran&ccedil;a se comoveu com a hist&oacute;ria e ajudou Marie-Ang&eacute;lique a se restabelecer. Ela viveu ainda por muitos anos e morreu rica. Contudo, n&atilde;o se sabe at&eacute; que ponto a hist&oacute;ria &eacute; verdadeira, j&aacute; que os registros da &eacute;poca n&atilde;o s&atilde;o dos mais confi&aacute;veis.
<h2>2. Victor de Aveyron</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/21/21011150673008.jpg" alt="Imagem:Wikimedia Commons" />(Fonte: Wikimedia Commons)
Essa hist&oacute;ria tamb&eacute;m se passa na Fran&ccedil;a, entre os s&eacute;culos XVIII e XIX. Victor foi encontrado com cerca de 12 anos (sua idade &eacute; apenas estimada, j&aacute; que ele foi encontrado no in&iacute;cio da puberdade), quando ele saiu da floresta e apareceu na cidade. Anos antes, conta-se que ele havia sido acolhido por uma vi&uacute;va, mas fugiu novamente. N&atilde;o se sabe como e nem por que ele foi abandonado na natureza.
Ele foi acolhido por um religioso local e um comiss&aacute;rio do governo e, algum tempo depois, o jovem m&eacute;dico Jean Marc Gaspard Itard o levou para morar consigo. Itard tentou v&aacute;rias formas de fazer o menino aprender a falar, por&eacute;m ele s&oacute; aprendeu a dizer &ldquo;leite&rdquo; e &ldquo;oh, deus&rdquo;. Ainda assim, o m&eacute;dico disse que Victor desenvolveu habilidades sociais de empatia e viveu bem. A hist&oacute;ria foi retratada no filme O Garoto Selvagem, de Fran&ccedil;ois Truffaut.
<h2>3. Kaspar Hauser</h2>
Outra hist&oacute;ria que virou filme (O Enigma de Kaspar Hauser), embora seja mais pol&ecirc;mica. Isso porque <a href="https://www.megacurioso.com.br/misterios/119174-kaspar-hauser-o-misterio-de-193-anos-da-europa.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Kaspar</a> apareceu em uma pra&ccedil;a p&uacute;blica de Nuremberg, no in&iacute;cio do s&eacute;culo XIX, com uma carta alegando que ele havia sido aprisionado em uma cela por toda a vida. Kaspar recebeu cuidados, aprendeu a ler e at&eacute; a escrever.&nbsp;
Contudo, muito tempo depois, surgiu a teoria de que ele era um farsante que inventou essa hist&oacute;ria para receber ajuda. H&aacute; tamb&eacute;m quem acredite que ele era um pr&iacute;ncipe perdido. De qualquer modo, Kaspar foi assassinado aos 21 anos por um criminoso desconhecido.
<h2>4. Ng Chhaidy</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/21/21004155039004.jpg" alt="Imagem: The Week" />(Fonte: : The Week/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Ng tinha apenas quatro anos e estava brincando com seu primo em uma floresta da aldeia onde moravam, na fronteira entre a &Iacute;ndia e Myanmar, quando uma chuva forte veio e apagou qualquer sinal do trajeto que os primos tinham feito.&nbsp;
Cinco dias depois o menino conseguiu voltar, mas Ng permaneceu na floresta. Os pais dela acharam que ela tinha morrido e esse foi o fim do caso. At&eacute; que, quase quarenta anos depois, a fam&iacute;lia soube da hist&oacute;ria de uma &ldquo;mulher selvagem&rdquo; que havia sido resgatada alguns anos antes, do outro lado da fronteira de Myanmar. Quando o pai de Ng foi at&eacute; l&aacute;, reconheceu sua filha pelas cicatrizes e pelas fei&ccedil;&otilde;es. Ela voltou para casa em 2012.&nbsp;
Ng permaneceu mais de tr&ecirc;s d&eacute;cadas isolada, at&eacute; seu resgate por uma fam&iacute;lia de Myanmar, em 2007. At&eacute; retornar para sua fam&iacute;lia, ela j&aacute; havia se acostumado a estar com outros humanos de volta, embora n&atilde;o tenha reaprendido a falar e se comporte como uma crian&ccedil;a. Uma mat&eacute;ria de 2015 sobre o caso afirma que Ng vive bem com a fam&iacute;lia.
<h2>5. Marcos Rodr&iacute;guez Pantoja</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/21/21010407219007.jpeg" alt="Imagem: Oscar Corral/El Pa&iacute;s" />(Fonte: Oscar Corral/El Pa&iacute;s/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Marcos era apenas uma crian&ccedil;a vivendo em um vilarejo da Espanha quando seu pai se casou com outra mulher, que maltratava o menino. Com sete anos, ele foi vendido para um homem para servir como escravizado, mas logo o menino acabou abandonado. Ele ent&atilde;o viveu com os lobos na floresta &mdash; at&eacute; ser reencontrado 12 anos depois.&nbsp;
Um grupo de freiras cuidou do jovem, que voltou a usar suas habilidades de linguagem e conseguiu voltar a uma vida relativamente normal. Marcos est&aacute; com 75 anos, vive com ajuda financeira de uma fam&iacute;lia neerlandesa e d&aacute; entrevistas sobre sua vida. A hist&oacute;ria dele foi retratada no filme Entrelobos,&nbsp;de 2007.
<h2>6. Genie</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/20/20230956714003.jpeg" alt="Imagem: The Guardian/Reprodu&ccedil;&atilde;o" />(Fonte: The Guardian/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Terminando a lista com um caso diferente: essa menina n&atilde;o foi criada por animais. Ela cresceu sem contato com outros humanos porque seu pai era um <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/103377-9-comportamentos-tipicos-de-um-psicopata.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">psicopata</a> que a trancou em um quarto quando ela tinha menos de dois anos.&nbsp;
Genie s&oacute; foi tirada de l&aacute; por autoridades da Calif&oacute;rnia quando j&aacute; tinha 13 anos. Ela viveu por algum tempo em um hospital, onde cientistas tentaram faz&ecirc;-la aprender coisas e estudaram seu caso. Ela melhorou bastante, mas continuou com defici&ecirc;ncia severa.
Contudo, as dificuldades na vida de Genie n&atilde;o acabaram quando ela saiu do quarto: depois do tempo no hospital, ela foi viver em um lar adotivo at&eacute; que sua m&atilde;e disse que poderia cuidar da menina. Como Genie n&atilde;o tinha autocontrole e poucas habilidades sociais, a m&atilde;e se viu incapaz de cuidar dela e a devolveu para o estado. Ela viveu, ent&atilde;o, em uma institui&ccedil;&atilde;o para adultos com defici&ecirc;ncia onde foi severamente maltratada e sua condi&ccedil;&atilde;o se deteriorou. A situa&ccedil;&atilde;o de Genie melhorou anos depois, quando alguns dos pesquisadores que ainda tinham contato com a fam&iacute;lia conseguiram coloc&aacute;-la em uma casa melhor.
Acredita-se que ela ainda esteja viva, com mais de 60 anos, em uma institui&ccedil;&atilde;o sob cuidado do governo.

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6 casos reais e impressionantes de crianças selvagens

Imagem de Quando o mundo quase entrou numa guerra nuclear em 1983 no megacurioso

A verdade é que quase ninguém sabia disso, e a dimensão do 'pânico de guerra de 1983' permaneceu em segredo por décadas

Durante as d&eacute;cadas da <a href="https://www.megacurioso.com.br/historia-e-geografia/102864-13-coisas-interessantes-que-voce-vai-curtir-saber-sobre-a-guerra-fria.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Guerra Fria</a>, entre capitalismo e socialismo, conflitos armados ocorreram <a href="https://www.megacurioso.com.br/guerras/103094-10-curiosidades-que-voce-talvez-desconheca-sobre-a-guerra-do-vietnam.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">no Vietn&atilde;</a> e no Afeganist&atilde;o, al&eacute;m disso, houve a tens&atilde;o que foi a <a href="https://www.megacurioso.com.br/guerras/90639-5-momentos-em-que-a-humanidade-quase-enfrentou-um-apocalipse-nuclear.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Crise dos M&iacute;sseis de Cuba</a>&nbsp;&mdash;&nbsp;o mais perto que chegamos de uma guerra entre as 2 superpot&ecirc;ncias. O que a maioria das pessoas n&atilde;o sabe &eacute; que um susto t&atilde;o grande quanto esse aconteceu em 1983.&nbsp;
Por&eacute;m, sabia-se pouco sobre o epis&oacute;dio, conhecido como "p&acirc;nico de guerra de 1983". Isso mudou depois que novos documentos foram, em 2021, divulgados pelo Escrit&oacute;rio de Hist&oacute;ria do Departamento de Estado dos Estados Unidos (EUA) &mdash; quase 40 anos depois. Como se essa hist&oacute;ria n&atilde;o fosse curiosa o suficiente, parece que a guerra nuclear s&oacute; n&atilde;o explodiu porque tivemos sorte.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/15/15195249439002.jpeg" alt="O exerc&iacute;cio de Able Archer era feito todos os anos, mas o de 1983 quase acabou em desastre (Imagem: Popular Mechanics/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />O exerc&iacute;cio de Able Archer era feito todos os anos, mas o de 1983 quase acabou em desastre. (Imagem: Popular Mechanics/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
<h2 class="uk-text-justify">&Eacute; s&oacute; um exerc&iacute;cio &mdash; ou n&atilde;o...</h2>
Todos os anos, no in&iacute;cio de novembro, as for&ccedil;as militares da Organiza&ccedil;&atilde;o do Tratado do Atl&acirc;ntico Norte (Otan) realizavam o exerc&iacute;cio de Able Archer: simular um ataque comunista na Europa Ocidental, ao qual a Otan responderia com um ataque nuclear sobre a URSS e os pa&iacute;ses do Pacto de Vars&oacute;via. Em 1983, os mesmos exerc&iacute;cios seriam feitos na Europa.&nbsp;
At&eacute; a&iacute; tudo bem. Por&eacute;m, a Uni&atilde;o Sovi&eacute;tica (URSS) suspeitava que a Otan estava indo longe demais com esses exerc&iacute;cios militares &mdash; e que, em algum momento, poderia us&aacute;-los para fazer um ataque de verdade no bloco comunista. Depois do trauma de terem sido pegos de surpresa em 1941, os sovi&eacute;ticos n&atilde;o queriam cometer o mesmo erro.&nbsp;
Mas de onde eles tiraram essa paranoia de ataque ocidental? Al&eacute;m dos exerc&iacute;cios em si, que estavam ficando cada vez mais elaborados, a URSS achava que os EUA tinham vantagens estrat&eacute;gicas na Guerra Fria, que poderiam encoraj&aacute;-los a usar as bombas nucleares. Tamb&eacute;m n&atilde;o ajudou o pronunciamento de <a href="https://www.megacurioso.com.br/aliens/87982-sabia-que-a-urss-e-os-eua-tinham-um-trato-em-caso-de-invasao-alienigena.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Ronald Reagan</a>&nbsp;(1911-2004),&nbsp;ent&atilde;o presidente dos EUA, dizendo que a URSS era o "imp&eacute;rio do mal", anunciando a cria&ccedil;&atilde;o de um sistema de defesa especial para impedir um ataque nuclear contra os EUA.
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Wikimedia Commons&nbsp;" data-fonte-url="https://en.wikipedia.org/wiki/Evil_Empire_speech#/media/File:41st_Annual_Convention_of_the_National_Association_of_Evangelicals.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/15/15195610206003.jpg" alt="A&ccedil;&otilde;es de Ronald Reagan aumentaram a paranoia sovi&eacute;tica (Imagem: Wikimedia Commons)" />A&ccedil;&otilde;es de Ronald Reagan aumentaram a paranoia sovi&eacute;tica. (Imagem: Wikimedia Commons)
<h2 class="uk-text-justify">Cheguei, estou preparada para atacar</h2>
Os sovi&eacute;ticos podiam estar paranoicos, mas realmente tinham suas raz&otilde;es para acreditar que a guerra nuclear ia estourar a qualquer momento. Ent&atilde;o, quando o exerc&iacute;cio de Able Archer de 1983 se aproximou, eles trataram de se armar "at&eacute; os dentes".&nbsp;
Eles colocaram seus ca&ccedil;as na Alemanha Oriental em estado de alerta, refor&ccedil;aram os postos de comando em todo o bloco, suspenderam voos de rotina da For&ccedil;a A&eacute;rea Sovi&eacute;tica e colocaram uma bomba nuclear em cada esquadr&atilde;o de ca&ccedil;a-bombardeiros. Esses esquadr&otilde;es ficaram no n&iacute;vel de prontid&atilde;o 3, ou seja, se eles recebessem o sinal, era para atacar em 30 minutos.&nbsp;
Basicamente, os sovi&eacute;ticos estavam no maior clima de "se me atacar, eu vou atacar", "com a m&atilde;o co&ccedil;ando para apertar o <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/117472-relogio-do-apocalipse-continua-marcando-100-segundos-para-o-fim.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">bot&atilde;ozinho do apocalipse</a>"&nbsp;e iniciar a guerra de destrui&ccedil;&atilde;o da Terra.&nbsp;
<div dir="ltr" class="uk-text-justify">
<div dir="ltr">
<div data-e2e="image-placeholder">O neg&oacute;cio &eacute; que os americanos n&atilde;o sabiam de nada disso &mdash; por isso, &eacute; falado que no in&iacute;cio a guerra nuclear s&oacute; n&atilde;o aconteceu por sorte. Eles realizaram o exerc&iacute;cio de Able Archer na maior normalidade. At&eacute; que pr&oacute;ximo ao final, em 9 de novembro de 1983, a Ag&ecirc;ncia de Seguran&ccedil;a Nacional dos EUA recebeu uma informa&ccedil;&atilde;o estranha: um avi&atilde;o <a href="https://www.megacurioso.com.br/acontecimentos-historicos/46813-10-segredos-da-uniao-sovietica-que-voce-talvez-nao-saiba.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">sovi&eacute;tico</a> pediu autoriza&ccedil;&atilde;o para tirar uma c&aacute;psula de seguran&ccedil;a porque teve um problema de peso e equil&iacute;brio.&nbsp;</div>
</div>
</div>
Isso s&oacute; podia ter um significado para o general Leonard H. Perroots: o avi&atilde;o carregava armas que nunca tinha carregado, ou seja, uma carga preparada para guerra.&nbsp;
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/15/15194516745000.jpg" alt="Os ca&ccedil;as sovi&eacute;ticos estavam prontos para atacar, em novembro de 1983 (Imagem: Wikimedia Commons)" />Os ca&ccedil;a-sovi&eacute;ticos estavam prontos para ataca em novembro de 1983. (Imagem: Wikimedia Commons)
<h2 class="uk-text-justify">Pode ficar de boa, chefia!</h2>
Perroots contou a situa&ccedil;&atilde;o para o general Billy Minter, comandante da For&ccedil;a A&eacute;rea dos EUA na Europa. Ele, ent&atilde;o, perguntou se os americanos deveriam reagir. Perroots disse que n&atilde;o havia informa&ccedil;&otilde;es suficientes para aumentar o estado de alerta e falou que ia continuar monitorando os movimentos sovi&eacute;ticos.
A quest&atilde;o &eacute; que Perroots n&atilde;o sabia que os inimigos realmente estavam prontos para uma guerra. Isso s&oacute; foi entendido depois que o agente Oleg Gordievski desertou para o Ocidente e contou tudo. Em um relat&oacute;rio entregue anos depois e divulgado s&oacute; agora em 2021, Perroots diz que a sua resposta poderia ter sido diferente se ele soubesse dos planos sovi&eacute;ticos.
Os americanos conclu&iacute;ram os exerc&iacute;cios de Able Archer "tranquilamente", e isso evitou que a URSS colocasse seus planos de ataque em pr&aacute;tica. A ideia de Perroots de esperar mais informa&ccedil;&otilde;es tamb&eacute;m foi essencial para evitar a explos&atilde;o da guerra. Todas as decis&otilde;es foram tomadas por instinto, e n&atilde;o com base em informa&ccedil;&otilde;es concretas.
Se qualquer um dos lados estivesse andando 1 mil&iacute;metro fora da linha ou tomado uma decis&atilde;o diferente, a guerra nuclear teria come&ccedil;ado.

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Quando o mundo quase entrou em uma guerra nuclear em 1983

Imagem de Projeto Plutão: a arma mais destrutiva criada pelos EUA no megacurioso

A corrida armamentista que foi a <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/119421-aos-10-anos-samantha-smith-tentou-acabar-com-a-guerra-fria.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Guerra Fria</a> j&aacute; havia come&ccedil;ado quando a Uni&atilde;o Sovi&eacute;tica realizou seu primeiro teste de armas at&ocirc;micas, em 29 de agosto de 1949, desbancando o ent&atilde;o poderio dos Estados Unidos, que amea&ccedil;ava o mundo ap&oacute;s a destrui&ccedil;&atilde;o que causou com sua <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119302-taramae-e-matsuo-duas-sobreviventes-de-hiroshima-e-nagasaki.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Little Boy e Fat Man&nbsp;</a>no Jap&atilde;o.
Esse movimento sovi&eacute;tico s&oacute; serviu para ambas as na&ccedil;&otilde;es trabalharem sem descanso no desenvolvimento de novas armas e capacidades que fossem poderosas o suficiente para manter a oposi&ccedil;&atilde;o sob controle &mdash; levando o mundo a acreditar que um terceiro conflito global, ou a destrui&ccedil;&atilde;o da civiliza&ccedil;&atilde;o, fosse acontecer naquele per&iacute;odo.
Ap&oacute;s as <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119216-os-horrores-do-bombardeio-mortal-de-toquio-em-1945.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">bombas lan&ccedil;adas em solo japon&ecirc;s</a> mudarem o cen&aacute;rio geopol&iacute;tico para sempre, os Estados Unidos se adiantaram para criar <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/115935-castle-bravo-a-maior-bomba-nuclear-ja-detonada-pelos-eua.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">armas termonucleares</a> mais potentes, novos m&eacute;todos de lan&ccedil;amentos e m&iacute;sseis bal&iacute;sticos, temendo o avan&ccedil;o dos sovi&eacute;ticos.&nbsp;
<h2>Ousado e destrutivo &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp;</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/14/14183944878423.jpg" alt="(Fonte: Business Insider/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Business Insider/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Foi assim que o governo dos EUA criou o Projeto Plut&atilde;o para desenvolver motores ramjet (um tipo de motor a jato) movidos a energia nuclear para uso em m&iacute;sseis de cruzeiro. Em 1&ordm; de janeiro de 1957, a For&ccedil;a A&eacute;rea dos EUA e a Comiss&atilde;o de Energia At&ocirc;mica selecionaram o Laborat&oacute;rio de Radia&ccedil;&atilde;o Lawrence para estudar a viabilidade de aplicar o combust&iacute;vel de reatores nucleares em motores a jato.
O projeto ficou nas m&atilde;os do Dr. Theodore Charles Merkle, respons&aacute;vel por administrar o programa M&iacute;ssil Supers&ocirc;nico de Baixa Altitude (SLAM). Com a propuls&atilde;o nuclear, o alcance era praticamente infinito, e estimava-se que um m&iacute;ssil SLAM voaria cerca de 180 mil quil&ocirc;metros ou mais antes que seu combust&iacute;vel se esgotasse &mdash; o equivalente a quatro voltas e meia ao redor do globo.
O ramjet nuclear era projetado para puxar o ar da frente do ve&iacute;culo enquanto ele voava em alta velocidade, criando uma quantidade significativa de press&atilde;o. O <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/119408-chicago-pile-1-o-primeiro-reator-nuclear-construido-pelo-homem.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">reator nuclear</a> ent&atilde;o superaquecia o ar e o expulsava pela parte de tr&aacute;s, criando a propuls&atilde;o que at&eacute; hoje &eacute; vista em alguns aparelhos hipers&ocirc;nicos.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/14/14184030519424.jpg" alt="(Fonte: Sandboxx/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Sandboxx/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Os reatores que compunham o SLAM produziriam mais de 500 megawatts de pot&ecirc;ncia e operaria a uma temperatura escaldante de 2,5 mil &deg;C, chegando a comprometer a integridade estrutural das ligas met&aacute;licas projetadas para suportar altas quantidades de calor. Foi por isso que as pe&ccedil;as internas de metal foram substitu&iacute;das pelas de cer&acirc;mica.
Os projetistas do m&iacute;ssil teorizaram que uma pessoa poderia morrer s&oacute; de ver um jato de for&ccedil;a nuclear passar voando sobre sua cabe&ccedil;a, de t&atilde;o barulhento que era. Al&eacute;m disso, se a pessoa conseguisse sobreviver, ent&atilde;o a radia&ccedil;&atilde;o gama e os n&ecirc;utrons do reator n&atilde;o blindado lan&ccedil;ando fragmentos de fiss&atilde;o pelo ar, faria isso.
Ou seja, era imposs&iacute;vel voar com o SLAM sobre territ&oacute;rio aliado ou inimigo.
<h2>Tripla destrui&ccedil;&atilde;o</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/14/14184151238425.jpg" alt="(Fonte: Scientific American/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Scientific American/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Mas os m&iacute;sseis SLAM do Projeto Plut&atilde;o se tornaram praticamente apocal&iacute;pticos tamb&eacute;m pela carga &uacute;til que carregaria. Diferente dos m&iacute;sseis de cruzeiro, projetados com um sistema de propuls&atilde;o destinado a carregar uma s&oacute; ogiva at&eacute; seu alvo, o SLAM transportaria uma ogiva e mais 16 bombas de hidrog&ecirc;nio que poderia lan&ccedil;ar ao longo de seu caminho at&eacute; seu alvo.
No final das contas, a amea&ccedil;a aos sovi&eacute;ticos seria imensa: um m&iacute;ssil que chovia radia&ccedil;&atilde;o ao longo do seu caminho, matando quem o visse, destruindo tudo com o poder de seu som, despejando bombas mortais at&eacute; selar o inferno que teria criado quando se chocasse.
Com todo esse n&iacute;vel de destrui&ccedil;&atilde;o, testar o m&iacute;ssil se tornou uma tarefa dif&iacute;cil, visto que, assim que o reator fosse acionado, ele continuaria funcionando at&eacute; atingir seu alvo ou exaurir seu combust&iacute;vel &mdash; al&eacute;m da destrui&ccedil;&atilde;o que provocaria ao redor.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/14/14184255206427.jpg" alt="(Fonte: Ars Technica/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Ars Technica/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Foi em 14 de maio de 1961 que os engenheiros acionaram o motor em um vag&atilde;o de trem por apenas alguns segundos. Uma semana depois, um segundo teste foi rodado para o sistema funcionar por 5 minutos. Esses foram os &uacute;nicos testes feitos em larga escala durante todo o Projeto Plut&atilde;o, por medo de algo dar errado durante o processo.
Felizmente, os misseis SLAM nunca deixaram o solo, pois o programa foi cancelado em 1&ordm; de julho de 1964 por v&aacute;rias raz&otilde;es, que foram do desenvolvimento de m&iacute;sseis bal&iacute;sticos intercontinentais ao potencial destrutivo da arma quando lan&ccedil;ada.
As autoridades norte-americanas tamb&eacute;m temiam a retalia&ccedil;&atilde;o sovi&eacute;tica em uma propor&ccedil;&atilde;o ainda pior do que aquela, visto que eles tinham intelig&ecirc;ncia e capacidade suficiente para tanto, pois nunca ficaram atr&aacute;s no quesito armamento. No final das contas, era melhor n&atilde;o arriscar.

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Projeto Plutão: a arma mais destrutiva criada pelos EUA

Imagem de Em 1920 era "descolado" levar armas para a escola nos EUA no megacurioso

Os jovens carregavam as armas para onde fossem, inclusive em transportes públicos

<head></head><body>Em 16 de abril de 2007, o estudante Cho Seung-hui invadiu a universidade Virgínia Tech, nos Estados Unidos, portando uma pistola Glock 19 e uma Walther P22, e assassinou 32 pessoas antes de <a href="https://www.megacurioso.com.br/misterios/117992-conrad-roy-jovem-cometeu-suicidio-por-incentivo-de-namorada.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">cometer suicídio</a>.Às 11h19 de 20 de abril de 1999, os estudantes do ensino médio Eric Harris e Dylan Klebold, da <a href="https://www.megacurioso.com.br/acontecimentos-historicos/99168-repugnante-8-dos-piores-massacres-em-escolas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Columbine High School</a> (Colorado, EUA) entraram na escola em posse de 5 tipos de armas de fogo diferentes, e causaram a morte de 12 alunos. Eles também se suicidaram.Adam Lanza atravessou os portões da escola primária de Sandy Hook (Connecticut, EUA) carregando um rifle Bushmaster XM12-E2S e 2 pistolas, em 14 de dezembro de 2012. Ele assassinou 26 pessoas, entre estudantes e professores, antes de se suicidar.Esses são só alguns dos atendados que demonstram o efeito devastador que armas têm nas comunidades escolares, sem contar no que podem causar por serem carregados por civis — sobretudo jovens.<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;History&nbsp;" data-fonte-url="https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQy0m7ftrfpYn9BKYwnWWNZ0HY1hTHj8ZfPRRNw1vG63Fm1elv1MSe6TnIWlXoJKR3aX9s&amp;usqp=CAU"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/19/19191520482166.jpg" alt="(Fonte: History/Reprodução)">(Fonte: History/Reprodução)Os EUA estão no topo dos países que permitem o porte de armas de fogo por civis, mas, diferente do que legislações e outras pessoas pelo mundo imaginam, os índices de criminalidade não mudaram, tampouco as pessoas se sentem mais seguras. Números do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) mostram que houve mais de 38 mil mortes por armas de fogo em 2019, das quais mais de 23 mil foram suicídios e 14 mil homicídios.No âmbito escolar, existem leis que proíbem armas nas escolas e impõem penalidades severas para o porte delas, mantendo alunos e educadores mais seguros. Nas universidades, permitir armas no campus representa uma grave ameaça para as pessoas empregadas e para os estudantes também.Mas no século passado a realidade era bem diferente.<h2>A "melhor amiga do jovem"</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/19/19191701935168.jpg" alt="(Fonte: NY Post/Reprodução)">(Fonte: NY Post/Reprodução)Na Nova York do século XIX, muitas das escolas públicas de ensino médio possuíam clubes de tiro, e algumas até disponibilizavam armamento à mão dos estudantes. Havia pelo menos três campos de tiro em cada, incluindo o Curtis HS, em Staten Island, e Erasmus Hall HS, no Brooklyn.Conforme uma matéria do New York Post, o campo de tiro que havia dentro de Far Rockaway HS, no Queens, fechou em 2011. Um arquivo em preto e branco de maio de 1929 mostra uma cabine de tiro com 5 janelas por onde os alunos posicionavam seus rifles e treinavam tiro."Para acomodar as crianças, eles fizeram até pequenos bancos removíveis onde eles podiam se ajoelhar para atirar daquela posição, ou até mesmo deitar", segundo Darren Leung, proprietário da Westside Rifle &amp; Pistol Range, no Chelsea.<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Historyapolis&nbsp;" data-fonte-url="https://lh3.googleusercontent.com/proxy/ie_7ui2MzzyViXHVtFd45NQxTck6o1sB-G9fNk_tgeP-tCw392aUgGvJzVIxds1vxvLIfRbxPksC9_WpE2bwLiLq2QfV-K2ZiK0nB6AXphyTxPbrCPQ-zIIRI5Au0vH8u0bP1ey5WXJprP6x_4eSBiBjS-8aM5-7L388lgdl14LveAy9"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/19/19191914451169.jpg" alt="(Fonte: Historyapolis/Reprodução)">(Fonte: Historyapolis/Reprodução)Os clubes de tiro eram muito populares nas escolas, mesmo que sem tiro ao alvo, e os alunos eram encorajados a portarem as armas por pais e docentes. Assim permaneceu até meados de 1969, como informou o acadêmico John Lott Jr, em seu livro The Bias Against Guns.Era comum os alunos do ensino médio levarem suas armas para a escola no metrô pela manhã e entregá-las ao professor ou ao treinador de ginástica para que pudessem fazer suas atividades. Depois da escola, os alunos pegavam suas armas e iam embora. Tudo isso era considerado um comportamento "legal", e masculinizava os jovens, que se sentiam em posições de poder.O porta-voz do DOE, Michael Aciman, alegou que não existe mais nenhum clube de tiro sem regulamentação nas escolas de Nova York, tampouco estandes de tiro.Não há registros sobre os impactos do uso de armas na escola naquela época.</body>

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Em 1920 era 'descolado' levar armas para a escola nos EUA

Imagem de Como os turcos mataram milhares de gregos incendiando uma cidade no megacurioso

Estima-se que cerca de 100 mil pessoas morreram no ataque

A Cat&aacute;strofe de Esmirna, evento tamb&eacute;m conhecido como o Grande Inc&ecirc;ndio de Esmirna, at&eacute; hoje figura como um dos momentos mais tristes e sombrios da hist&oacute;ria grega: anos ap&oacute;s o fim da Primeira Guerra Mundial, o ex&eacute;rcito turco causou a morte de milhares de gregos e arm&ecirc;nios, al&eacute;m da&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119667-o-grande-incendio-de-londres-causou-ira-e-sede-de-vinganca.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">destrui&ccedil;&atilde;o da cidade</a>.
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;(Fonte: Eurokinissi/Tatiana Bollari / Art Exhibition concerning Smyrna/ The National Harald/ Reprodu&ccedil;&atilde;o)&nbsp;" data-fonte-url="https://www.thenationalherald.com/archive_events/arthro/embca_hosted_never_forget_the_burning_of_smyrna_the_30_year_genocide_sept_12-3230519/"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/14/14094414050061.jpg" alt="(Fonte: Eurokinissi/Tatiana Bollari / Art Exhibition concerning Smyrna/ The National Harald/ Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Eurokinissi/Tatiana Bollari/Art Exhibition concerning Smyrna/The National Harald/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
<h2>A queda da P&eacute;rola do Oriente</h2>
Situada na costa do Mar Egeu, na Turquia, Esmirna era a mais pr&oacute;spera entre as cidades otomanas. O com&eacute;rcio era movimentado e a cultura, viva com os cinemas e as casas de &oacute;pera mais luxuosas do mundo. N&atilde;o por acaso, a cidade era conhecida como a P&eacute;rola do Oriente.
Por volta de 1922, cerca de 320 mil gregos moravam em Esmirna. A cidade tamb&eacute;m era o lar de 10 mil arm&ecirc;nios e 140 mil turcos, al&eacute;m de uma quantidade significativa de europeus, judeus e norte-americanos. Todos vivendo tranquilamente, uma vez que a regi&atilde;o era tolerante e bem diversa.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/14/14102811997097.jpg" alt="(Fonte: Levantine Heritage/ Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Levantine Heritage/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
No entanto, a Cat&aacute;strofe de Esmirna come&ccedil;ou a ser desenhada em 1919, por meio de uma s&eacute;rie de decis&otilde;es equivocadas. Em maio desse ano, a Gr&eacute;cia, encorajada pelas pot&ecirc;ncias do Ocidente, decidiu dar in&iacute;cio a uma campanha militar: 12 divis&otilde;es gregas avan&ccedil;aram sobre o territ&oacute;rio otomano na &Aacute;sia Menor.
Em 1920, por ocasi&atilde;o da assinatura do Tratado de S&egrave;vres (acordo de paz entre os aliados e o Imp&eacute;rio Otomano) visando delinear as fronteiras da Turquia, o ex&eacute;rcito grego j&aacute; havia dominado a Tr&aacute;cia Ocidental. No entanto, o l&iacute;der turco Kemal Ataturk (1881-1938), decidiu por conta pr&oacute;pria ignorar completamente esse tratado. Ao mesmo tempo, o governo central de Atenas chamou de volta boa parte das for&ccedil;as armadas que estavam na &Aacute;sia Menor.
Em novembro de 1920, a Gr&eacute;cia iniciou uma segunda onda de ataques contra as for&ccedil;as turcas, com o objetivo de atingir Ataturk na Turquia. O ex&eacute;rcito grego continuou avan&ccedil;ando no ano seguinte, ao passo que o ex&eacute;rcito turco ganhava poder e apoio &eacute;tnico.
Em julho de 1921, Atenas tomou outra p&eacute;ssima decis&atilde;o: avan&ccedil;ar ainda mais sobre a &Aacute;sia Menor. Por um lado, o ex&eacute;rcito hel&ecirc;nico ganhava territ&oacute;rio, mas por outro estava perdendo pontos de abastecimento e, consequentemente, muni&ccedil;&otilde;es e suprimentos come&ccedil;avam a faltar.
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;(Fonte: Neos Kosmos/ Reprodu&ccedil;&atilde;o)&nbsp;" data-fonte-url="https://neoskosmos.com/en/2019/09/13/dialogue/opinion/smyrna-catastrophe-in-literature-from-hemingway-to-henry-miller/"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/14/14095353479081.jpg" alt="Esmirna, 1922: caos e destrui&ccedil;&atilde;o. (Fonte: Neos Kosmos/ Reprodu&ccedil;&atilde;o)&nbsp;" />Esmirna, 1922: caos e destrui&ccedil;&atilde;o. (Fonte: Neos Kosmos/Reprodu&ccedil;&atilde;o)&nbsp;
Cerca de 1 ano depois, em julho de 1922, as for&ccedil;as gregas estavam enfraquecidas, n&atilde;o apenas pela morte dos seus soldados, mas tamb&eacute;m psicologicamente, uma vez que o governo foi obrigado a convocar mais 8 mil homens.
Enquanto isso acontecia, Ataturk preparava seu ex&eacute;rcito para ofensivas intensas. Pouco mais de 1 m&ecirc;s ap&oacute;s esses eventos, Esmirna deixaria de existir como o mundo a conhecia.
<h2>O Grande Inc&ecirc;ndio</h2>
Em 13 de setembro de 1922, soldados&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/misterios/112534-iroquois-o-segundo-incendio-mais-mortal-dos-estados-unidos.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">turcos colocaram fogo</a> nos bairros arm&ecirc;nios e gregos da cidade. A onda de terror ainda teve componentes desumanos, como estupros e assassinatos em massa. 
Centenas de milhares de gregos e arm&ecirc;nios foram para a orla da cidade em uma tentativa desesperada de fugir do ataque, sendo for&ccedil;ados a permanecer na regi&atilde;o por quase 2 semanas, sem nenhum tipo de ajuda e em condi&ccedil;&otilde;es prec&aacute;rias.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/14/14095612621083.jpg" alt="(Fonte: Levantine Heritage/ Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Levantine Heritage/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
O <a href="https://www.megacurioso.com.br/acontecimentos-historicos/89318-mais-de-mil-vitimas-as-historias-de-5-incendios-que-chocaram-o-brasil.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">inc&ecirc;ndio</a> durou at&eacute; 22 de setembro. No entanto, as tropas turcas e os grupos de renegados come&ccedil;aram a massacrar a popula&ccedil;&atilde;o arm&ecirc;nia e grega dias antes de as chamas come&ccedil;arem. Estimativas apontam para cerca de 100 mil pessoas mortas, sendo a maioria cidad&atilde;os gregos.
O Grande Inc&ecirc;ndio de Esmirna destruiu por completo os bairros dos grupos-alvo. J&aacute; os bairros dos judeus e mu&ccedil;ulmanos escaparam sem danos. At&eacute; hoje as autoridades turcas negam a responsabilidade sobre esse ataque que deu fim a milhares de vidas inocentes que nada tinham a ver com a guerra.

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Como os turcos mataram milhares de gregos incendiando uma cidade

Imagem de Desenho mais antigo de um fantasma é encontrado em Museu Britânico no megacurioso

A representação foi registrada em uma tábua de barro babilônica de 3,5 mil anos de idade

Pesquisadores encontraram a representa&ccedil;&atilde;o mais antiga conhecida de um <a href="https://www.megacurioso.com.br/busca?q=fantasma#gsc.tab=0&amp;gsc.q=fantasma&amp;gsc.page=1" rel="noopener noreferrer" target="_blank">fantasma</a>, descoberta nos arquivos do <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/115709-7-artefatos-roubados-famosos-exibidos-em-museus.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Museu Brit&acirc;nico</a>, em Londres, registrada em uma t&aacute;bua de barro babil&ocirc;nica de 3,5 mil anos de idade.
Segundo o curador do museu, Irving Finkel, a t&aacute;bua &eacute; um &ldquo;objeto absolutamente espetacular da Antiguidade&rdquo;, estava armazenada l&aacute; desde 1800 e havia sido esquecida at&eacute; ent&atilde;o.
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;British Museum&nbsp;" data-fonte-url="https://www.britishmuseum.org/visit?gclid=CjwKCAjwn8SLBhAyEiwAHNTJbQ7a6ROocxHMdmpK1S4WcKSDjJmMlHqXINw3vFT4MrcsMB0StTT4shoC4awQAvD_BwE"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/21/21201724061459.jpg" alt="(Reprodu&ccedil;&atilde;o/British Museum)" />(Fonte: British Museum/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
<h2>Primeira representa&ccedil;&atilde;o de fantasma</h2>
O desenho s&oacute; pode ser visto de cima e sob uma luz, por isso acabou ficando esquecido. A cena mostra um esp&iacute;rito sendo levado com as m&atilde;os amarradas pelo fantasma de uma mulher. Na t&aacute;bua est&aacute; descrito o ritual para que ele seja despachado com sucesso para a vida ap&oacute;s a morte.&nbsp;
Segundo os pesquisadores, trata-se de um manual de exorcismo ensinando como se livrar de um fantasma.
O curador do departamento do <a href="https://www.megacurioso.com.br/turismo-e-viagens/42967-conheca-15-belezas-naturais-do-oriente-medio.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Oriente M&eacute;dio</a> do museu, dr. Irving Finkel, declarou, em entrevista ao jornal The Guardian, que se trata de um fantasma masculino bastante infeliz e que a an&aacute;lise final foi de que ele precisava de uma amante &mdash; para deixar de assombrar as pessoas. A t&aacute;bua termina a descri&ccedil;&atilde;o do ritual com a seguinte mensagem: &ldquo;n&atilde;o olhe para tr&aacute;s&rdquo;.&nbsp;
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;British Museum&nbsp;" data-fonte-url="https://www.britishmuseum.org/visit?gclid=CjwKCAjwn8SLBhAyEiwAHNTJbQ7a6ROocxHMdmpK1S4WcKSDjJmMlHqXINw3vFT4MrcsMB0StTT4shoC4awQAvD_BwE"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/21/21201931233462.jpg" alt="(Reprodu&ccedil;&atilde;o/British Museum)" />(Fonte: British Museum/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Embora a representa&ccedil;&atilde;o fosse bastante simples de interpretar, a inscri&ccedil;&atilde;o em si era muito mais misteriosa depois de traduzida. De acordo com o site Ancient Origins, ela fornecia instru&ccedil;&otilde;es ritual&iacute;sticas sobre como levar os esp&iacute;ritos melanc&oacute;licos do mundo dos vivos de volta ao seu plano apropriado. O ritual proposto &eacute; bastante complexo e envolve a confec&ccedil;&atilde;o de uma estatueta masculina e feminina.
Finkel acredita que o objeto fazia parte da biblioteca de magia de um exorcista ou sacerdote. Ele considera que o artefato nos aproxima de nossos ancestrais. &ldquo;Todos os medos, fraquezas e caracter&iacute;sticas que tornam a ra&ccedil;a humana t&atilde;o fascinante, certamente existiam em abund&acirc;ncia h&aacute; 3,5 mil anos&rdquo;, afirmou o pesquisador.

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Desenho mais antigo de um fantasma é encontrado em Museu Britânico

Imagem de Victoria Ka'iulani: a tragédia da última princesa do Havaí  no megacurioso

Sobrinha da última rainha do Havaí, Lili'uokalani, e herdeira inspirada na Rainha Vitória, Ka'iulani viveu uma vida de intrigas e tragédias

A princesa Victoria Ka'iulani foi a &uacute;ltima herdeira do trono do Hava&iacute;, e sua morte precoce, aos 23 anos, simbolizou um nome forte e inteligente que lutou at&eacute; seus &uacute;ltimos dias para defender a cultura de seu pa&iacute;s e povo. Com uma hist&oacute;ria pouco conhecida e registros apagados dos livros de hist&oacute;ria, a l&iacute;der havaiana foi uma de suas &uacute;ltimas esperan&ccedil;as em manter a monarquia viva diante do imperialismo americano.
Conhecida pelos nativos como &ldquo;Ka'iulani, o ponto mais alto do c&eacute;u&rdquo;, a princesa nasceu em meados de 1875. Sua m&atilde;e, Miriam Likelike, era descendente do Alto Chefe Keop'okalani, primo de 1&deg; grau de Kamehameha, o Grande, e casou-se com o americano Archibald Scott Cleghorn, que construiu um pequeno imp&eacute;rio mercantil e se incorporou totalmente &agrave; sociedade havaiana, obtendo a cidadania em 1870 e tornando-se membro ativamente pol&iacute;tico na regi&atilde;o.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/19/19100256757065.jpg" alt="(Fonte: Hawaii.gov / Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Hawaii.gov / Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Durante sua inf&acirc;ncia, Ka'iulani recebeu uma educa&ccedil;&atilde;o no estilo ocidental que inclu&iacute;a ler, escrever, tocar <a href="https://www.tecmundo.com.br/ciencia/223858-tipo-musica-pessoas-inteligentes-escutam.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">m&uacute;sica</a> e aulas de etiqueta. Ent&atilde;o, apesar de fugir um pouco das tradi&ccedil;&otilde;es e ra&iacute;zes nas quais a jovem estava inserida, ela acreditava estar vivendo &ldquo;uma &eacute;poca agrad&aacute;vel" em que brincava com amigos, constru&iacute;a os pr&oacute;prios projetos, bem como desfrutava da companhia da colega americana Gertrude Gardinier.
<h2>Os anos agitados</h2>
Em 21 de julho de 1886, quando a herdeira havaiana acionou o primeiro interruptor no Pal&aacute;cio Iolani e inaugurou a ilumina&ccedil;&atilde;o el&eacute;trica no pa&iacute;s, Miriam Likelike adoeceu gravemente e n&atilde;o resistiu, morrendo em menos de 1 ano. Al&eacute;m disso, os neg&oacute;cios de Cleghorn passavam por dificuldades, e o rei Kalakaua, tio de Ka'iulani, tornou-se v&iacute;tima da mil&iacute;cia americana Honolulu Rifles, acionada em resposta a nomea&ccedil;&otilde;es inconvenientes por parte das autoridades.
Com a morte de Kalakaua, Lili'uokalani assumiu o poder em meio &agrave; crise econ&ocirc;mica, protagonizada por bar&otilde;es do a&ccedil;&uacute;car que dominavam o com&eacute;rcio nas ilhas. Como contramedidas, a rainha restabeleceu os governos descentralizados dos polos administrativos e come&ccedil;ou uma s&eacute;rie de esfor&ccedil;os para desfazer as limita&ccedil;&otilde;es impostas &agrave; coroa, irritando os constituintes europeus e os grupos paramilitares americanos.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/19/19100352242067.jpg" alt="(Fonte: Hawaii.gov / Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Hawaii.gov / Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Novamente, a mil&iacute;cia foi restaurada e decidiu investir contra as for&ccedil;as de Lili'uokalani, que cedeu e entregou a monarquia at&eacute; que os termos de uni&atilde;o com os <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119997-imagens-chocantes-revelam-agentes-cacando-imigrantes-nos-eua.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Estados Unidos da Am&eacute;rica</a>&nbsp;(EUA)&nbsp;fossem negociados e acordados.
A press&atilde;o for&ccedil;ou o rei a abdicar de parte de seus poderes, e a nova constitui&ccedil;&atilde;o efetivamente entregou o controle do reino a uma legislatura dominada pela Europa. Enquanto isso, Ka'iulani, que estava navegando para estudar na Gr&atilde;-Bretanha desde a morte da m&atilde;e, soube das tr&aacute;gicas not&iacute;cias envolvendo sua fam&iacute;lia, mas nada p&ocirc;de fazer. At&eacute; que o surgimento de seu mentor, Theophilus Davies, que a aconselhou a recorrer aos poderes norte-americanos para salvar seu pa&iacute;s, apareceu como um feixe de esperan&ccedil;a ap&oacute;s 8 anos da partida.
<h2>A hero&iacute;na do Hava&iacute;</h2>
Em novembro de 1897, Ka'iulani retornou ao seu pa&iacute;s, agora instru&iacute;da e com o apoio da elite de Honolulu, incluindo seu pai. A guerra contra a Espanha, principal rival da Europa, foi instaurada cerca de 1 ano depois e trouxe s&eacute;rios problemas para a princesa, que viu sua situa&ccedil;&atilde;o financeira piorar ap&oacute;s esfor&ccedil;os malsucedidos de negocia&ccedil;&atilde;o com os Estados Unidos, com quem havia tratado sobre uma poss&iacute;vel independ&ecirc;ncia ao lado do presidente Grover Cleveland.
Sua morte ocorreu em 6 de mar&ccedil;o de 1899, quando contraiu uma doen&ccedil;a severa ap&oacute;s fugir em um cavalo sob uma tempestade. Com apenas 23 anos de idade, Ka'iulani tornou-se s&iacute;mbolo da tentativa de tornar o Hava&iacute; um pa&iacute;s <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/119479-carta-de-d-leopoldina-foi-crucial-para-a-independencia-do-brasil.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">independente</a>, enquanto navegava por regi&otilde;es desconhecidas por ela, lidava com autoridades inflex&iacute;veis e via sua fam&iacute;lia se manter de p&eacute; em meio a conflitos e a golpes liderados por oportunistas, at&eacute; se tornar oficialmente a rep&uacute;blica anexada aos Estados Unidos.

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Victoria Ka'iulani: a tragédia da última princesa do Havaí 

Imagem de Cruzada das Crianças: elas acreditaram que reaveriam Jerusalém no megacurioso

Liderada por pastores mirins, a cruzada tinha o objetivo de fazer melhor do que os adultos na derrota dos muçulmanos

Houve uma como&ccedil;&atilde;o em massa quando o sult&atilde;o mu&ccedil;ulmano do Egito e da S&iacute;ria, N&aacute;cer Saladino, dominou Jerusal&eacute;m em 1187. A Terceira e a Quarta Cruzadas crist&atilde;s para tentar reaver a Terra Santa, entre 1187 e 1204, fracassaram em propor&ccedil;&otilde;es &eacute;picas. Por&eacute;m, ainda havia muitos crist&atilde;os no oeste querendo viajar para a cidade visando retom&aacute;-la &mdash; apesar dos impostos solicitados e dos sacrif&iacute;cios de materiais e suprimentos para bancar o ex&eacute;rcito dos cruzados.
Essa quest&atilde;o de honra crist&atilde; era t&atilde;o grande que, em 1212, surgiu um movimento que ganhou um car&aacute;ter lend&aacute;rio: milhares de crian&ccedil;as se organizaram em um ex&eacute;rcito, no que ficou conhecido como Cruzada das Crian&ccedil;as.
Todas partiram para o Oriente M&eacute;dio certas de que poderiam fazer melhor do que os adultos e derrotar os mu&ccedil;ulmanos. Mal esperavam o que estava por vir.
<h2>As vis&otilde;es</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Wikipedia&nbsp;" data-fonte-url="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/e/ed/Gustave_dore_crusades_the_childrens_crusade.jpg/477px-Gustave_dore_crusades_the_childrens_crusade.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/18/18211358766012.jpg" alt="(Fonte: Wikipedia/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Wikipedia/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Foi em junho de 1212 que um pastor de 12 anos, chamado Est&ecirc;v&atilde;o de Cloyes, se aproximou do rei Filipe II da Fran&ccedil;a dizendo que recebeu uma carta de Jesus Cristo, na qual era instru&iacute;do a formar uma cruzada com o quanto de seguidores pudesse para reconquistar a Terra Santa.
O rei rejeitou a proposta, mas o menino n&atilde;o se intimidou e partiu em uma viagem de prega&ccedil;&atilde;o pela regi&atilde;o. Como resultado, conseguiu reunir uma multid&atilde;o de 30 mil pessoas, das quais 20 mil eram crian&ccedil;as e jovens.
Enquanto isso, em Col&ocirc;nia, na Alemanha, um pastor de 10 anos, chamado Nicholas, teria liderado um grupo de 7 mil crian&ccedil;as dos Alpes at&eacute; a It&aacute;lia, chegando no porto de G&ecirc;nova no final de agosto de 1212, onde poderiam encontrar navios que os levassem para Jerusal&eacute;m. V&aacute;rios grupos se formaram na Fran&ccedil;a e na Alemanha, todos com o mesmo objetivo: reconquistar a terra sagrada.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/18/18211443578013.jpg" alt="(Fonte: Curious Historian/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Curious Historian/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
At&eacute; hoje existem debates se o movimento foi formado inteiramente por crian&ccedil;as, visto que os registros medievais s&atilde;o confusos. Na &eacute;poca, o termo mais usado para designar os participantes do movimento era pueri (rapaz, em latim), que pode incluir crian&ccedil;as, adolescentes e adultos. Contudo, segundo o historiador C. Tyerman, o movimento n&atilde;o teria perdido sua integridade por envolver pessoas que n&atilde;o eram diretamente ligadas &agrave;s cruzadas.
&ldquo;Os relatos indicaram que os participantes vinham de fora das hierarquias usuais de poder social &mdash; jovens, meninas, solteiros, &agrave;s vezes excluindo at&eacute; vi&uacute;vas &mdash; ou condi&ccedil;&atilde;o econ&ocirc;mica: pastores, lavradores, carroceiros, trabalhadores agr&iacute;colas e artes&atilde;os rurais sem um interesse fixo na terra ou na comunidade, sem ra&iacute;zes e m&oacute;vel. Sinais de anticlericalismo e aus&ecirc;ncia de lideran&ccedil;a clerical acentuaram esse sentimento de exclus&atilde;o social&rdquo;, apontou Tyerman.
Al&eacute;m disso, uma cruzada era tipicamente convocada pela autoridade papal, e a Cruzada das Crian&ccedil;as nunca foi sancionada pela Igreja.
<h2>A jornada</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/18/18211659703014.jpg" alt="(Fonte: Science Photo Library/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Science Photo Library/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Durante toda essa odisseia, os grupos acabaram se dividindo em grupos menores que seguiram para portos alternativos, seja em Marselha (sul da Fran&ccedil;a) ou em Brindisi (sul da It&aacute;lia). Como todos os viajantes dependiam da caridade das pessoas por onde quer que passassem para se alimentar, milhares deles morreram de fome.
Aqueles que sobreviveram para conseguir chegar aos portos, sem equipamento militar, treinamento ou san&ccedil;&atilde;o da Igreja, foram impedidos de embarcar nos navios. Em algumas vers&otilde;es da lenda que a Cruzada das Crian&ccedil;as se tornou, houve as que esperaram com otimismo que o Mediterr&acirc;neo se abrisse como o Mar Vermelho para Mois&eacute;s.
Depois que se viram sem milagre e ajuda material, as crian&ccedil;as voltaram para casa &mdash; mas poucas delas chegaram. A maioria foi sequestrada e enviada para regi&otilde;es da Sardenha, Egito e at&eacute; Bagd&aacute; para sempre vendidas como escravas.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/18/18211957813015.gif" alt="(Fonte: Christ and Pop Culture/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Christ and Pop Culture/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Alguns historiadores ainda trabalham com a hip&oacute;tese de que os dois eventos liderados por crian&ccedil;as tenham sido incorporados no imagin&aacute;rio crist&atilde;o para fomentar a obstina&ccedil;&atilde;o pela reivindica&ccedil;&atilde;o do cristianismo. Isso, porque no in&iacute;cio do s&eacute;culo XIII surgiram migra&ccedil;&otilde;es de pobres por toda a Europa, motivadas pelas mudan&ccedil;as nas condi&ccedil;&otilde;es econ&ocirc;micas da &eacute;poca.
Do norte da Fran&ccedil;a e da Alemanha, camponeses teriam sido for&ccedil;ados a vender suas terras, e um bando de pueri teria liderado multid&otilde;es em nome de Jesus, alegando o recebimento de vis&otilde;es para que mudassem de vida radicalmente.

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Cruzada das Crianças: elas acreditaram que reaveriam Jerusalém

Imagem de E se a escravidão não tivesse existido? no megacurioso

Quais seriam os impactos, principalmente, nos Estados Unidos e no Brasil?

Desde meados de 1526, a <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119978-thomas-jefferson-e-sua-contraditoria-relacao-com-a-escravidao.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">escravid&atilde;o</a> era praticada na Am&eacute;rica do Norte, com os africanos chegando aos Estados Unidos (EUA) por meio das m&atilde;os de espanh&oacute;is que os transportaram. No entanto, a ind&uacute;stria do tr&aacute;fico negreiro conheceu seu apogeu a partir de 1700, quando o pa&iacute;s se viu economicamente dependente do trabalho escravo para continuar prosperando.
N&atilde;o &eacute; para menos que os EUA foram constru&iacute;dos "nas costas" desses homens e dessas mulheres, que foram torturados e mortos por pessoas brancas. Hoje, a escravid&atilde;o &eacute; chamada de "o pecado original da Am&eacute;rica", deixando ra&iacute;zes t&atilde;o profundas que ainda fazem parte da modernidade.
Em quest&atilde;o estat&iacute;stica, uma pesquisa feita pelo Pew Research Center, realizada em janeiro de 2019, indicou que 63% das pessoas negras acreditam que o legado da escravid&atilde;o afeta sua posi&ccedil;&atilde;o na sociedade americana.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/18/18204745866000.jpg" alt="(Fonte: The Atlantic/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: The Atlantic/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
&ldquo;N&oacute;s vivemos isso. Hoje, na Am&eacute;rica, n&atilde;o somos livres. Estamos sobrecarregados por uma hist&oacute;ria de desigualdade racial e injusti&ccedil;a. Isso nos compromete e restringe. O legado criou uma sombra que mina muitos de nossos melhores esfor&ccedil;os para chegar a algo que pare&ccedil;a justi&ccedil;a&rdquo;, escreveu o advogado e ativista Bryan Stevenson em entrevista ao TED-ED, em 2017.
Para ele, o grande mal da escravid&atilde;o foi a narrativa da diferen&ccedil;a racial, baseada na ideologia da supremacia branca criada para fazer todos se sentirem confort&aacute;veis em meio a essa situa&ccedil;&atilde;o de viol&ecirc;ncia e explora&ccedil;&atilde;o.
Algumas pessoas acreditam que a sociedade um dia evoluir&aacute; a tal ponto que esse legado n&atilde;o diminuir&aacute; mais os negros, adquirindo o car&aacute;ter de uma folha manchada no "livro" da hist&oacute;ria de uma sociedade involu&iacute;da. Outros, por&eacute;m, discordam disso.&nbsp;
Mas e se a escravid&atilde;o nunca tivesse existido? Ser&aacute; que teria mudado algo se as pessoas que fundaram e colonizaram os EUA, por exemplo, tivessem decidido desde o in&iacute;cio que a pr&aacute;tica &eacute; imoral e ilegal?
<h2>Nos EUA</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;USA Today&nbsp;" data-fonte-url="https://www.gannett-cdn.com/-mm-/37458c303fa7e79851935f588a628675647af264/c=0-141-1246-1802/local/-/media/2018/02/08/USATODAY/USATODAY/636537193999819410-whipped-slave.jpg?width=300&amp;height=400&amp;fit=crop&amp;format=pjpg&amp;auto=webp"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/18/18204944368001.jpg" alt="(Fonte: USA Today/Reprodu&ccedil;&atilde;o0" />(Fonte: USA Today/Reprodu&ccedil;&atilde;o0
Nos EUA, se a ind&uacute;stria de escravizados africanos n&atilde;o tivesse existido, tanto nos estados do Norte quanto do Sul, fazendas em pequena escala teriam prosperado, visto que n&atilde;o haveria escravizados para fazer grandes planta&ccedil;&otilde;es crescerem a ponto de tornarem seus propriet&aacute;rios imensamente ricos. Por&eacute;m, ainda assim, o Sul se separaria e formaria a pr&oacute;pria na&ccedil;&atilde;o. Portanto, hoje existiria tr&ecirc;s pa&iacute;ses na Am&eacute;rica do Norte: Canad&aacute;, Estados Unidos e Estados Confederados.
De acordo com Earl Watt, em um artigo da Liberal First, o racismo ainda existiria, mesmo que em uma escala extremamente menor do que hoje e sem todo um hist&oacute;rico de supremacia branca estrutural. Visto que o pa&iacute;s teria uma pequena popula&ccedil;&atilde;o negra pela falta de descendentes africanos, Watt sugere o Canad&aacute; e o M&eacute;xico como exemplos, lugares onde n&atilde;o houve escravid&atilde;o e t&ecirc;m pequenas popula&ccedil;&otilde;es negras.
Em ambos os pa&iacute;ses, a diferen&ccedil;a racial sempre existiu, at&eacute; mesmo antes de a rede de &oacute;dio contra os negros ser globalizada, por&eacute;m em menor escala do que nos EUA. Al&eacute;m disso, o preconceito n&atilde;o teria desaparecido em outros contextos que n&atilde;o envolvem a etnia dessas pessoas, como religi&atilde;o, cultura, identidade e classe social. Segundo o Alternate History Hub, de qualquer forma, os americanos encontrariam motivos para se odiarem.
<h2>No Brasil e no resto do mundo</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/18/18205212684002.jpg" alt="(Fonte: Toda Mat&eacute;ria/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Toda Mat&eacute;ria/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Al&eacute;m do vi&eacute;s social, o impacto econ&ocirc;mico da falta do com&eacute;rcio de escravizados no Novo Mundo seria imenso. A riqueza colonial, que prosperou em muitas ilhas do Caribe povoadas por escravizados que trabalhavam em campos de cana-de-a&ccedil;&uacute;car, teria que vir de outro lugar.
No s&eacute;culo XVII, a pol&iacute;tica externa do mundo era alimentada pelos lucros do a&ccedil;&uacute;car extra&iacute;do da cana por escravizados. Os lucros do ciclo da cana-de-a&ccedil;&uacute;car serviram para proporcionar o boom econ&ocirc;mico de v&aacute;rios pa&iacute;ses, bem como proporcionou o avan&ccedil;o da tecnologia &mdash; j&aacute; que era o produto considerado mais tecnol&oacute;gico da &eacute;poca, requerendo maquin&aacute;rio e habilidades de engenharia mec&acirc;nica cada vez mais moderna para manter a produ&ccedil;&atilde;o em alta. Sem a escravid&atilde;o para mexer essas engrenagens, a Revolu&ccedil;&atilde;o Industrial poderia nem ter acontecido.
A falta do ciclo de a&ccedil;&uacute;car teria mantido o Brasil como uma col&ocirc;nia menor, afetando o mundo inteiro. Mas, enquanto a escravid&atilde;o significou prosperidade para quem se beneficiou dela, tamb&eacute;m desvalorizou o trabalho bra&ccedil;al. Naquele tempo, os brancos eram os intelectuais que montavam tudo, e os negros apenas operavam, o que era considerado um trabalho "degradante".
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/18/18205540202004.jpg" alt="(Fonte: Live Journal/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Live Journal/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
No Brasil Col&ocirc;nia, o prest&iacute;gio estava nas m&atilde;os de quem se mantinha longe de of&iacute;cios bra&ccedil;ais. &Eacute; prov&aacute;vel que o Brasil de hoje, que despreza o servi&ccedil;o bra&ccedil;al que constitui a sociedade, seja heran&ccedil;a da escravid&atilde;o. Se a pr&aacute;tica n&atilde;o tivesse existido, possivelmente os servi&ccedil;os manuais seriam mais bem remunerados e vistos.
As desigualdades geradas pela restri&ccedil;&atilde;o de direitos asseguradas na constitui&ccedil;&atilde;o jamais teriam existido. As cotas e os programais sociais do governo seriam revertidos para outras demandas que n&atilde;o para repara&ccedil;&atilde;o hist&oacute;rica, na tentativa de proporcionar a equidade em processos de empregos e vagas universit&aacute;rias para aqueles que ainda semeiam o legado da escravid&atilde;o.
A inferioridade racial que estruturou a pr&aacute;tica ganhou uma falsa sensa&ccedil;&atilde;o de cidadania durante o s&eacute;culo XIX. A Constitui&ccedil;&atilde;o Brasileira de 1824, por exemplo, apontava serem cidad&atilde;os brasileiros nascidos no Brasil, livres ou libertos, mas somente os nascidos livres que podiam votar. A Lei de Terras de 1850 tamb&eacute;m aumentou muito o pre&ccedil;o das propriedades para impedir que negros adquirissem lotes de terras em pequenas ou m&eacute;dias por&ccedil;&otilde;es.
O ent&atilde;o ministro de <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119811-de-d-pedro-i-a-destruicao-a-saga-da-mumia-kherima-no-brasil.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Dom Pedro I</a>, Jos&eacute; Bonif&aacute;cio de Andrada, almejava um Brasil sem escravid&atilde;o logo que o pa&iacute;s se tornou independente de Portugal. Ele sabia que o fim da pr&aacute;tica levaria ao fim da viol&ecirc;ncia, ignor&acirc;ncia e mis&eacute;ria, tornando, enfim, o brasileiro apto para a cidadania. Mas, infelizmente, n&atilde;o foi nada disso que aconteceu.

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E se a escravidão não tivesse existido?

Imagem de Pânico de 1873: a primeira crise econômica da história dos EUA no megacurioso

Conhecida como Longa Depressão, a crise teve efeitos que mudaram o curso da narrativa americana

A maioria das pessoas conhece a Grande Depress&atilde;o de 1929 como a maior pela qual os Estados Unidos (EUA) j&aacute; passaram, que foi o resultado direto da "quebra" da Bolsa de Valores de Nova York, tendo consequ&ecirc;ncias catastr&oacute;ficas para os cen&aacute;rios sociopol&iacute;tico e econ&ocirc;mico do pa&iacute;s por muitos anos.
Por&eacute;m, essa crise financeira n&atilde;o foi a &uacute;nica. O P&acirc;nico de 1873 teve um efeito imenso na sociedade do s&eacute;culo XIX e em todo o norte global devido &agrave; economia de entrela&ccedil;amento. Essa&nbsp;crise tamb&eacute;m "arrastou" seus preju&iacute;zos em dire&ccedil;&atilde;o a alguns pa&iacute;ses da Europa ao longo da d&eacute;cada de 1870.
<h2>O come&ccedil;o do p&acirc;nico &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp;</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/18/18210139422005.jpg" alt="(Fonte: Alchetron/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Alchetron/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Jay Cooke &amp; Company, na Filad&eacute;lfia, era considerado o maior banco da &eacute;poca, respons&aacute;vel por financiar a <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119209-caso-dred-scott-a-decisao-que-impulsionou-a-guerra-civil-americana.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Guerra Civil Americana</a> e os esfor&ccedil;os da Uni&atilde;o com t&iacute;tulos federais. No p&oacute;s-guerra, eles financiaram a constru&ccedil;&atilde;o de ferrovias e outros empreendimentos pelo pa&iacute;s.
Quando a ferrovia transcontinental Union Pacific ficou pronta, em meados de 1869, o poderio empresarial e o governo encomendaram outra, a Northern Pacific. O banco tentou levantar o dinheiro para a produ&ccedil;&atilde;o do novo empreendimento por meio de investidores, por&eacute;m perceberam que a quantidade de investimentos feitos culminou em um beco que levava apenas &agrave; fal&ecirc;ncia.&nbsp;
Em 18 de setembro de 1873, o Jay Cooke &amp; Co. suspendeu todos os dep&oacute;sitos e, com isso, o p&acirc;nico se instalou pelo pa&iacute;s.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/18/18210252594006.jpg" alt="(Fonte: Fine Art America/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Fine Art America/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Os demais bancos foram os primeiros a colapsarem com o n&uacute;mero de pessoas querendo sacar o pr&oacute;prio dinheiro de uma s&oacute; vez, temendo fal&ecirc;ncias banc&aacute;rias. Ent&atilde;o, as institui&ccedil;&otilde;es come&ccedil;aram a ficar com pouco dinheiro "em m&atilde;os", e os empres&aacute;rios foram for&ccedil;ados a pedir empr&eacute;stimos comerciais, criando uma espiral descendente de crise econ&ocirc;mica. No dia seguinte, os jornais j&aacute; anunciavam de maneira ainda t&iacute;mida e temerosa a iminente derrocada banc&aacute;ria com o fechamento das portas do Jay Cooke &amp; Co.
Com isso, muitas pessoas na Bolsa de Valores de Nova York passaram a vender suas a&ccedil;&otilde;es para tentar preservar o dinheiro que tinham, mas s&oacute; conseguiram se proteger do preju&iacute;zo porque chegaram cedo no local, porque os demais n&atilde;o tiveram tanta sorte e se viram falidos quando alcan&ccedil;aram a entrada da institui&ccedil;&atilde;o.
Em 20 de setembro de 1873, a Bolsa de Valores&nbsp;de Nova York fechou pela 1&ordf; vez na hist&oacute;ria, em uma tentativa de impedir que as pessoas vendessem suas a&ccedil;&otilde;es, bem como impedir que outras tirassem proveito daquele p&acirc;nico generalizado.
<h2>A cat&aacute;strofe</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/18/18210403437008.jpg" alt="(Fonte: Brewminate/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Brewminate/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
As portas da bolsa de valores ficaram fechadas por 10 dias, por&eacute;m o estrago da depress&atilde;o econ&ocirc;mica durou 6 anos. Segundo o Liberty Street Economics, a crise foi t&atilde;o severa que foi chamada "Grande Depress&atilde;o" na &eacute;poca, antes de ser substitu&iacute;da pela crise da d&eacute;cada de 1930. Atualmente, o P&acirc;nico de 1873 &eacute; conhecido como "Longa Depress&atilde;o".
No final daquele derradeiro ano de 1873, 101 bancos dos EUA faliram, e o n&uacute;mero continuou aumentando at&eacute; 1879, com a queda de empresas consolidadas e aquelas em ascens&atilde;o. Estima-se que entre 18 e 28 mil pessoas ficaram sem nada como resultado da crise. Apenas os multimilion&aacute;rios prosperaram durante esses tempos sombrios, podendo comprar a "pre&ccedil;o de banana" os investimentos e as propriedades de seus concorrentes.
Depois que as a&ccedil;&otilde;es da ferrovia North Pacific Railroad foram incapazes de atender &agrave;s expectativas irreais dos investidores, as demais ferroviais seguiram o mesmo caminho por todo o pa&iacute;s.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/18/18210533312010.jpg" alt="(Fonte: Fine Art America/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Fine Art America/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
&ldquo;O p&acirc;nico foi principalmente um problema das ferrovias&rdquo;, salientou Simon Cordery, autor de The Iron Road in the Prairie State: The Story of Illinois Railroading. S&oacute; entre setembro de 1873 e dezembro de 1874, mais de 100 empresas ferrovi&aacute;rias faliram, impactando em um quarto da rede f&eacute;rrea de todo o pa&iacute;s.
O resultado foi a Grande Greve Ferrovi&aacute;ria de 1877, que reuniu mais de 100 mil trabalhadores for&ccedil;ados a turnos desumanos de trabalho, viola&ccedil;&otilde;es contratuais e cortes salariais absurdos. Apesar de a maior greve ferrovi&aacute;ria da hist&oacute;ria ter sido um fracasso, ela abriu caminho para o aumento na filia&ccedil;&atilde;o sindical e preparou o terreno para futuras reformas trabalhistas da d&eacute;cada de 1880.
<h2>Ref&eacute;ns da crise</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/18/18210817000011.jpg" alt="(Fonte: Business Insider/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Business Insider/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Conforme as estat&iacute;sticas da PBS, o fechamento de milhares de empresas rendeu uma subida de 14% no &iacute;ndice de desempregos, alcan&ccedil;ando o pico em 1877, com 27%.
A Longa Depress&atilde;o prejudicou tamb&eacute;m a era da reconstru&ccedil;&atilde;o ap&oacute;s a Guerra de Secess&atilde;o. A fal&ecirc;ncia do banco Freedmen&rsquo;s Saving Bank, em Virg&iacute;nia, arrasou os fundos coletivos de v&aacute;rias organiza&ccedil;&otilde;es de bem-estar social, como sindicatos, al&eacute;m das contas individuais dos negros da cidade de Richmond.
No &acirc;mbito social, o golpe mais fatal do P&acirc;nico de 1873 foi com o racismo, esquecido pelos pol&iacute;ticos que preferiram se concentrar nas quest&otilde;es econ&ocirc;micas do pa&iacute;s. Isso fez muitos residentes endividados do Sul culparem os negros pelo colapso econ&ocirc;mico, levando os supremacistas brancos a reintroduzirem as fronteiras raciais com for&ccedil;a total.
E, enquanto o pa&iacute;s "desabava em chamas", os negros eram enforcados em pra&ccedil;a p&uacute;blica, como em uma a&ccedil;&atilde;o conjunta e social de expurgo, porque o &oacute;dio e a ignor&acirc;ncia falaram mais alto.

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