Imagem de É possível controlar a epidemia da AIDS em menos de uma década? no megacurioso

Especialistas sugerem que, até 2030, os índices de contaminação por HIV podem reduzir drasticamente

<head></head><body>Quando a doença foi descoberta, nos anos 1980, a <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/125119-hiv-40-anos-da-identificacao-do-virus-causador-da-aids.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">AIDS</a> foi vista praticamente como um sinônimo de morte. Felizmente, por conta dos muitos avanços científicos, hoje uma pessoa que recebe o diagnóstico de HIV+ pode ter longas décadas de vida saudável, caso siga com os tratamentos médicos.Ainda assim, o vírus da imunodeficiência humana (HIV) segue sendo um problema de saúde pública global. Apenas em 2022, foram contabilizadas 1,3 milhão de novas infecções e cerca de metade desse número de mortes.Mas os especialistas dizem que esse cenário pode melhorar muito na próxima década. Vejamos a seguir o plano que eles propõem com este objetivo.<h2>O plano para a erradicação da AIDS</h2><img src="https://img.ibxk.com.br/2023/12/04/04223744293010.jpg" alt="(Fonte: GettyImages)">(Fonte: GettyImages)Vários países toparam participar de um ambicioso programa da ONU que tem como objetivo reduzir a taxa de novas infecções de HIV e mortes relacionadas à doença para abaixo da taxa reprodutiva de 1, de acordo com declaração de Quarraisha Abdool Karim, diretora científica associada do Centro para o Programa de Pesquisa em <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/122585-pesquisadores-confirmam-4-caso-de-paciente-curado-do-hiv.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">AIDS</a> na África do Sul e embaixadora especial conjunta do Programa das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (Unaids).Na prática, isso quer dizer que cada pessoa que vive com o <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/125478-virus-hiv-pode-se-esconder-no-cerebro-humano-diz-estudo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">HIV</a> infectaria menos de uma pessoa em sua vida. Se o programa der certo, isso significa que, em 2030, teremos 200 mil novas infecções por HIV e 130 mil mortes relacionadas à AIDS – o que significaria um número 90% menor do que era visto em 2010.<h2>A evolução dos tratamentos</h2><img src="https://img.ibxk.com.br/2023/12/04/04223835130013.jpg" alt="(Fonte: GettyImages)">(Fonte: GettyImages)O primeiro tratamento para o HIV foi o <a href="https://megacurioso.com.br/medicina-e-psicologia/42305-cientistas-planejam-curar-mais-bebes-infectados-com-o-hiv.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">AZT</a> (Azidotimidina), aprovado em 1987. Quase quarenta anos depois, os fármacos evoluíram muito. "Temos tratamentos realmente poderosos desde 1996, mas eles melhoram o tempo todo", diz Monica Gandhi, diretora do Centro de Pesquisa de AIDS da Universidade da Califórnia em São Francisco e diretora médica da Clínica de HIV do Hospital Geral de São Francisco.O tratamento padrão é a terapia antirretroviral combinada (TARV), na qual são usados medicamentos que interrompem a capacidade do HIV de se replicar e invadir células. O paciente ingere pílulas diárias ou recebe injeções mensais, ou bimestrais, que fazem com que a quantidade de HIV no sangue se reduza a ponto de se tornar indetectável. Neste estado, uma pessoa infectada não repassa mais o vírus por meio do contato sexual.O médico Raphael Landovitz, diretor do Centro de Serviços de Identificação, Prevenção e Tratamento do HIV da UCLA, afirma que "as pessoas que vivem com HIV, em tratamento e indetectáveis, não são infecciosas – ponto-final, fim de declaração – para seus parceiros sexuais". Além disso, a supressão viral praticamente impede a disseminação do vírus durante a gravidez ou no parto.Há também outros tratamentos importantes que impedem que pessoas soronegativas contraiam o vírus. O protocolo da profilaxia pré-exposição (<a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/114525-como-funciona-o-tratamento-que-pode-evitar-a-infeccao-por-hiv.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">PrEP</a>) funciona por meio de comprimidos ou uma injeção que, se tomados conforme indicação médica, fazem com que uma pessoa não se contamine por meio de uma relação sexual.<h2>A meta para 2030</h2><img src="https://img.ibxk.com.br/2023/12/04/04223925876016.jpg" alt="(Fonte: GettyImages)">(Fonte: GettyImages)Todos esses tratamentos levam a uma questão crucial: a meta estipulada para 2030 é viável? Esta é uma questão complexa que envolve lidar diretamente como potenciais impeditivos do caminho. Mas, para isso, é imprescindível olhar antes para metas mais urgentes.Uma delas é a "95-95-95", definida para 2025. Ela propõe que, até 2025, 95% das pessoas com HIV conheceriam seu status, 95% das pessoas diagnosticadas já tomariam medicamentos para HIV e 95% das pessoas tratadas são "suprimidas viralmente", o que quer dizer que as drogas as impediriam de espalhar a infecção sexualmente. A outra meta é garantir que 95% das pessoas em situação de risco para HIV tenham acesso à prevenção e à PrEP.Ocorre que, em 2022, apenas 76% do total de 39 milhões de pessoas com HIV em todo o mundo estavam tomando TARV, e 71% estavam com supressão viral, de acordo com a Unaids. Boa parte da dificuldade para atingir as metas diz respeito às dificuldades para conseguir tratamentos para populações vulneráveis, incluindo as crianças.Ou seja: a meta de 2030 só poderá ser concretizada se os tratamentos de fato chegarem às pessoas. "A ciência é um primeiro passo, mas o acesso é o que vai traduzir seu verdadeiro potencial e valor", disse Abdool Karim. Isso envolve, por exemplo, o investimento na redução do custo da PrEP e fornecimento à população, assim como o acesso a medicamentos potentes a locais mais afetados pela doença, como alguns países da África.</body>

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É possível controlar a epidemia da AIDS em menos de uma década?

Imagem de Bill Gates financia arma biológica para erradicação da malária no megacurioso

Se não exterminado, o mosquito Anopheles stephensi pode lançar uma contaminação de malária em massa

<head></head><body>O mundo quase acabou devido às <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/120820-insetos-a-perigosa-arma-biologica-de-destruicao-em-massa.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">armas biológicas</a>. Só no século XX, considerado o período mais bélico da História, estima-se que mais de 500 milhões de pessoas morreram de doenças infecciosas, das quais dezenas de milhares foram devido a algum ato deliberado de <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/119826-bioterrorismo-qual-a-sua-origem.htm#:~:text=Estima%2Dse%20que%20no%20s%C3%A9culo,algum%20ato%20deliberado%20de%20bioterrorismo." rel="noopener noreferrer" target="_blank">bioterrorismo</a>.Entre novembro e dezembro de 1940, o Japão lançou bombas contendo pulgas da <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/122440-a-peste-bubonica-criou-a-maior-disputa-cientifica-da-historia.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">peste bubônica</a> sobre as cidades de Changde e Ningbo, na China, causando a morte de mais de 2 mil pessoas – e essa nem foi a primeira vez que o exército japonês usou o país como alvo para suas experiências secretas. Esse foi apenas um ensaio do que eles visavam fazer ao lançar um ataque contra os Estados Unidos usando armamento biológico.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/10/30/30131144547228.jpg" alt="(Fonte: GettyImages/Reprodução)">(Fonte: GettyImages/Reprodução)Se a Segunda Guerra Mundial não tivesse terminado antes de 22 de setembro de 1945, a operação japonesa <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/115506-a-operacao-cherry-blossoms-at-night-destruiria-os-eua-em-1945.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Cherry Blossoms at Night</a>, coordenada pelo infame Shiro Ishii, a Califórnia teria sofrido com um surto da peste ao receber as bombas lançadas pelo exército japonês. É difícil mensurar o impacto que isso teria, mas, considerando que a fase teste da operação causou a morte de mais de 2 mil pessoas na China, é possível imaginar o estrago que seria em uma cidade com mais de 6 milhões de habitantes naquela época.Mas uma arma biológica não necessariamente precisa ser usada para o mal e um exemplo disso é que Bill Gates financiou uma nova arma biológica para erradicar a malária da África.<h2>O sofrimento de Djibouti</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/10/30/30131227168231.jpg" alt="(Fonte: GettyImages/Reprodução)">(Fonte: GettyImages/Reprodução)Djibouti é um país da África Oriental com apenas 1 milhão de habitantes e que, por décadas, sofreu com um dos maiores problemas do continente: a <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/122172-por-que-a-vacina-contra-malaria-levou-35-anos-para-ser-criada.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">malária</a>. Segundo Seth Irish, médico entomologista da Organização Mundial da Saúde (OMS), todos os anos mais de 500 mil pessoas morrem pela doença na África, em sua maioria crianças com menos de 5 anos.Em 2012, o governo de Djibouti notificou apenas 27 casos de malária, mas entre fevereiro e maio de 2013, o número saltou para 1228. Oito anos mais tarde, 73 mil pessoas foram diagnosticadas com a infecção. O surto foi resultado de um mosquito invasor chamado Anopheles stephensi, que chegou à África vindo do sul da Ásia e da Península Arábica pouco antes do que já é considerado um dos maiores movimentos de vetor da malária ocorridos nos últimos 50 anos.O mosquito também foi visto no Sudão, Somália e Nigéria, e os cientistas têm certeza que ele pode estar à espreita em outros países. Um estudo de 2020 publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) alegou que, se o mosquito não for controlado, mais 126 milhões de pessoas no continente africano estarão em risco de contrair malária, sem contar que o mosquito pode levar sua ameaça para regiões ainda mais distantes do globo.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/10/30/30131414825232.jpg" alt="(Fonte: GettyImages/Reprodução)">(Fonte: GettyImages/Reprodução)Nos últimos anos, Bill Gates, fundador da Microsoft e uma das pessoas mais ricas do mundo, com uma fortuna avaliada em US$ 126 bilhões, se destacou por investir na saúde global. Só em 2022, ele doou US$ 5 bilhões à Fundação Bill &amp; Melinda Gates para apoiar seu trabalho na saúde mundial, desenvolvimento, política e defesa.Uma vez que o A. stephensi prospera em ambientes urbanos, ao contrário de outros mosquitos transmissores da malária na África, a fundação de Gates decidiu apoiar o projeto da empresa biotecnológica Oxitec, cuja proposta envolve o uso de mosquitos geneticamente modificados para combater seus próprios companheiros que carregam doenças.<h2>Uma iniciativa transformadora</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/10/30/30131525412234.jpg" alt="(Fonte: GettyImages/Reprodução)">(Fonte: GettyImages/Reprodução)Uma vez que apenas os mosquitos fêmeas picam e espalham malária, a Oxitec incubou e criou mosquitos machos com um gene especial que impede que os filhotes fêmeas sobrevivam até a idade adulta. Ao serem liberados na natureza, eles acasalam com as fêmeas selvagens, cujos filhotes geneticamente alterados morrem. Assim, toda a progênie masculina que nascer sobreviverá e passará a acasalar com outras fêmeas selvagens, reduzindo drasticamente a população de mosquitos e, consequentemente, a propagação da malária. Depois que as liberações dos mosquitos param, porque metade dos portadores do gene (as fêmeas) não podem sobreviver, o gene modificado diminui até desaparecer da população de mosquitos.Diante dessa inovação revolucionária, ano passado, o governo do Djibouti formou uma parceria com a Oxitec, a Association Mutualis e o Programa Nacional de Controle da Malária do Djibuti para fazer uso dessa nova tecnologia e derrotar o mosquito. Ainda nenhum mosquito da Oxitec foi lançado, pois o governo e a empresa procuram apoio do povo para lançar a iniciativa antes de tomar qualquer decisão. Até o momento, o apoio local tem sido excelente.A Food and Drug Administration (FDA) em 2016 e a Agência de Proteção Ambiental (EPA) em 2022 confirmaram que os mosquitos da Oxitec não representam uma ameaça para os seres humanos ou para o meio ambiente. Mais de 1 bilhão de mosquitos foram liberados em todo mundo, sem impactos negativos. No Brasil, inclusive, a nova tecnologia de arma biológica já foi efetiva no combate ao mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti.</body>

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Bill Gates financia arma biológica para erradicação da malária

Imagem de "Supergalinhas": edição genética em aves gera resistência à gripe aviária no megacurioso

Laboratório onde a ovelha Dolly foi criada dá origem a galinhas modificadas geneticamente que não se infectam pelo vírus influenza.

<head></head><body>Em julho de 1996 nasceu a ovelha Dolly, o primeiro mamífero clonado com sucesso que se tornou um marco na <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/90562-engenharia-genetica-pode-acabar-com-doencas-transmitidas-por-mosquitos.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">engenharia genética</a>. O Instituto Roslin, na Escócia, responsável pela criação da ovelha, volta agora com um novo estudo genético que pode ser determinante para a proteção das aves contra a gripe aviária, uma ameaça devastadora que afeta não apenas a indústria avícola global, mas também representa um risco para os seres humanos.&nbsp;A equipe liderada por Mike McGrew, renomado pesquisador da Universidade de Edimburgo, da qual o Instituto Roslin faz parte, utilizou a técnica de edição genética CRISPR para fazer pequenas modificações no gene ANP32A das galinhas, tornando-as parcialmente resistentes à infecção pela gripe aviária.<h2 style="text-align: justify;">Driblando a adaptação</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/10/23/23092231128075.jpg" alt="A edição genética pode ser uma ferramenta importantíssima na luta contra doenças como a gripe aviária. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)">A edição genética pode ser uma ferramenta importantíssima na luta contra doenças como a gripe aviária. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)A gripe aviária, uma doença que rapidamente se espalha entre as aves em fazendas, tem causado estragos na indústria avícola, levando ao abate massivo de aves em várias partes do mundo. As tentativas anteriores de desenvolver vacinas eficazes esbarraram na capacidade do vírus de se adaptar rapidamente, tornando as aves vulneráveis mesmo após a vacinação. No entanto, a edição genética oferece uma solução promissora e permanente para esse problema.<a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/126801-galinhas-eram-animais-de-estimacao-exoticos-segundo-estudo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">As galinhas</a> modificadas geneticamente mostraram uma notável resistência à gripe aviária. As alterações no gene ANP32A, essenciais para a replicação do vírus, impediram que a maioria das aves fosse infectada quando exposta ao vírus. Embora a técnica não tenha atingido uma eficácia de 100%, representa um avanço significativo na criação de aves resistentes à doença.Contudo, os desafios não param por aí. A aplicação prática dessa técnica enfrenta obstáculos complexos, especialmente quando se trata de galinhas, que são animais altamente reproduzíveis. Para implementar essas modificações geneticamente, seria necessário editar um grande número de aves ao longo do tempo para garantir que a resistência seja transmitida às gerações futuras.<h2 style="text-align: justify;">Outras edições</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/10/23/23092537382076.jpg" alt="A edição precisa ocorrer num número alto de animais, já que as galinhas vivem juntas e o vírus circula rápido. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)">A edição precisa ocorrer num número alto de animais, já que as galinhas vivem juntas e o vírus circula rápido. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)Além disso, os pesquisadores estão explorando a possibilidade de fazer modificações em outros genes além do ANP32A para aumentar a resistência das galinhas à gripe aviária. A pesquisa indica que a edição de mais de um gene pode ser necessária para alcançar uma resistência completa ao vírus, especialmente considerando a natureza zoonótica da doença, ou seja, sua capacidade de ser transmitida aos humanos.Apesar dos desafios técnicos e éticos envolvidos no uso de <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/127722-proxima-pandemia-deve-acontecer-no-setor-da-agricultura.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">organismos geneticamente modificados na agricultura</a>, os resultados obtidos pela equipe de cientistas do Instituto Roslin representam um passo significativo em direção a um futuro onde as aves, e potencialmente outros animais, podem ser geneticamente protegidos contra infecções graves como a gripe aviária.&nbsp;A pesquisa continua, e os cientistas estão trabalhando arduamente para superar os obstáculos restantes, transformando este fascinante trabalho científico em uma solução prática que pode beneficiar tanto a indústria avícola quanto a saúde pública.</body>

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'Supergalinhas': edição genética em aves gera resistência à gripe aviária

Imagem de Baixa serotonina pode ter ligação com sintomas de covid longa no megacurioso

Estudo oferece uma nova perspectiva sobre as causas da covid longa, destacando que os níveis de serotonina podem contribuir para esse problema

<head></head><body>Desde o início da pandemia da covid-19, médicos e pesquisadores de todo o mundo têm observado um fenômeno intrigante: alguns pacientes continuam a sofrer sintomas persistentes da doença mesmo após a recuperação inicial da infecção aguda. Essa condição é comumente chamada de <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/126937-efeitos-da-covid-longa-sao-equivalentes-a-envelhecer-10-anos.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">covid longa</a>, ou síndrome pós-covid, e tem sido objeto de pesquisa em busca de respostas para seus mistérios.Recentemente, um estudo publicado na revista Cell&nbsp;apresentou uma teoria intrigante relacionando os sintomas prolongados com os baixos níveis de serotonina. Esta descoberta pode ter implicações significativas na compreensão e tratamento da covid longa.<h2>Covid longa: um desafio contínuo</h2>A covid longa é caracterizada por sintomas que persistem por 3 meses ou mais após a infecção aguda. Esses sintomas são bastante variados, incluindo fadiga extrema, confusão mental, dores de cabeça, dificuldade respiratória, depressão, ansiedade, diarreia, perda de olfato e paladar, dores nas articulações, entre outros. Esse quadro tem intrigado a comunidade médica que segue em busca de possíveis abordagens terapêuticas.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/10/19/19214705850484.jpg" alt="A covid longa apresenta sintomas bastante variados. (Fonte: Getty Images)">A covid longa apresenta sintomas bastante variados. (Fonte: Getty Images)<h2>Descobertas do estudo</h2>No estudo, os pesquisadores analisaram pacientes com sintomas prolongados da covid, indivíduos assintomáticos após a infecção e aqueles recém-infectados. Eles identificaram níveis reduzidos de serotonina circulante em pacientes com covid aguda e longa, um fator que se revelou um indicador dos sintomas persistentes.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/10/19/19215028531485.jpg" alt="Níveis baixos de serotonina podem ter relação com a covid longa. (Fonte: Getty Images)">Níveis baixos de serotonina podem ter relação com a covid longa. (Fonte: Getty Images)Esse declínio na serotonina estava associado a uma resposta inflamatória similar à desencadeada por infecções virais. Além disso, pacientes com covid longa mostraram níveis elevados de interferons, proteínas vinculadas à reação inflamatória, e em alguns casos, o vírus ainda estava presente no <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/121520-por-que-o-intestino-e-o-nosso-segundo-cerebro.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">trato gastrointestinal</a>. Essas descobertas lançam luz sobre os mecanismos subjacentes à covid longa.<h2>Implicações para novos tratamentos</h2>A inflamação induzida pelos <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/114336-pesquisa-descobre-quais-celulas-sao-invadidas-pelo-sars-cov-2.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">interferons</a> parece afetar a absorção do triptofano, um aminoácido crucial na síntese da serotonina. Isso resulta na redução dos níveis de serotonina, prejudicando a sinalização do nervo vago, que desempenha um papel fundamental na comunicação entre o cérebro, o coração e o sistema digestivo.Assim, os pesquisadores sugerem que a restauração dos níveis de serotonina poderia ser uma abordagem terapêutica potencial para tratar os sintomas prolongados da covid. No entanto, qualquer tratamento deve ser testado em ensaios clínicos antes de ser amplamente adotado.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/10/19/19215252444486.jpg" alt="Aumentar os níveis de serotonina pode ser a solução. (Fonte: Getty Images)">Aumentar os níveis de serotonina pode ser a solução. (Fonte: Getty Images)Essa pesquisa tem o potencial de definir tratamentos inovadores para a covid longa, melhorando a qualidade de vida dos pacientes que sofrem com sintomas persistentes. No entanto, é importante ressaltar que mais estudos são necessários, e quaisquer abordagens terapêuticas devem passar por ensaios clínicos rigorosos para garantir sua eficácia e segurança.À medida que continuamos a aprender mais sobre a covid-19, nossa capacidade de entender e tratar a covid longa avança, oferecendo esperança para aqueles que vivenciam essa condição desafiadora.</body>

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Baixa serotonina pode ter ligação com sintomas de covid longa

Imagem de Próxima pandemia deve acontecer no setor da agricultura no megacurioso

O ritmo de produção, aquecimento global e alteração na uniformidade genética das culturas estão atraindo doenças em larga escala e prejuízos econômicos cada vez maiores

<head></head><body>Em 11 de março de 2020, Tedros Adhanom, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), declarou o mundo em estado de <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/126996-como-a-pandemia-mudou-a-forma-que-percebemos-o-tempo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">pandemia</a> devido à contaminação pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2). Em três anos, o flagelo da doença causou a morte de cerca de 15 milhões de pessoas pelo mundo, como divulgado no último balanço feito pelo órgão, até que o status de pandemia passasse após uma campanha massiva de imunização.Entre todos os aspectos ruins, a pandemia também promoveu avanços na ciência e saúde, acelerou a adoção à jornada de trabalho flexível e à educação online, conscientizou sobre saúde pública e sua importância, aumentou a digitalização da economia, trouxe inovações tecnológicas, e estabeleceu novos protocolos de saúde e higiene.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/10/20/20091112673043.jpg" alt="(Fonte: GettyImages/Reprodução)">(Fonte: GettyImages/Reprodução)Só quem nem tudo mudou. Em 2020, um relatório divulgado pela Plataforma Intergovernamental de Políticas Científicas sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES) havia associado as atitudes que causam mudanças climáticas à propensão ao surgimento de novas doenças virais. Um artigo publicado na revista Estudos Avançados&nbsp;ressaltou a necessidade de mudanças profundas em relação ao desenvolvimento global sustentável e a maneira como o planeta lida com seus recursos naturais, pois os vírus são um componente da biodiversidade e se proliferam mais em países onde há desequilíbrios socioeconômicos e alteração do meio ambiente.Se os países adotassem um posicionamento adequado face ao aquecimento global e à aceleração constante dos meios de produção, é possível que freasse novas pandemias no panorama da crise de biodiversidade. Afinal, os especialistas já deixaram claro que a próxima pandemia deve acontecer no setor da agricultura.<h2>Produzindo demais</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/10/20/20091412677048.jpg" alt="(Fonte: GettyImages/Reprodução)">(Fonte: GettyImages/Reprodução)Desde a segunda metade do século XX, quando aconteceram os surtos de doenças mais relevantes dos tempos modernos, já ficou claro que precisamos repensar nossas relações com os animais, como as epidemias estão relacionadas a sua criação e <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/126786-ultraprocessados-como-nos-tornamos-refens-de-uma-alimentacao-nociva.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">a indústria alimentícia</a>. De 1970 até então, surgiram cerca de 500 novas doenças zoonóticas, como a gripe aviária, ebola, <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/127598-nipah-o-virus-letal-que-assombra-a-india-pode-causar-uma-pandemia.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Nipah vírus</a>, HIV, zika e até mesmo a covid-19.Os humanos nunca estiveram tão próximo dos patógenos de outras espécies, e isso acontece porque também nunca criamos tantos animais de maneira tão intensiva. Em 2018, o centro de estudos Faunalytcs estimou que mais de 70 bilhões de animais terrestres são abatidos para a indústria da carne. A organização Global Agriculture aponta que 60% das terras agrícolas do mundo são utilizadas para a produção de carne, mesmo representando menos de 2% das calorias consumidas em todo o mundo.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/10/20/20092207878056.jpg" alt="(Fonte: GettyImages/Reprodução)">(Fonte: GettyImages/Reprodução)Para manter o nível de produção, a indústria precisa confinar milhares de animais, normalmente em condições de adversas, em locais superlotados e totalmente não naturais. Com isso, as fazendas industriais se tornaram verdadeiras fábricas de criação de doenças, incubando e aprimorando patógenos e permitindo que se cruzem e se proliferem nos bandos, alcançando os seres humanos em um estado hipervirulento. Assim nascem surtos que evoluem para epidemias e podem alcançar o status de pandemia. &nbsp;Esse comportamento da indústria que visa o alto rendimento é igual em toda a extensão da cadeia de produção alimentícia. A diferença é que na <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/121579-o-que-aconteceria-se-a-industria-da-carne-acabasse.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">indústria pecuária&nbsp;</a>enxergamos os resultados disso por meio das consequências desastrosas em escala global, enquanto a agricultura sofre baixas preocupantes desde o século passado.<h2>O problema do milho</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/10/20/20091605498050.jpg" alt="(Fonte: GettyImages/Reprodução)">(Fonte: GettyImages/Reprodução)Um relatório de 2019, emitido pela Plataforma Intergovernamental de Políticas Científicas sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos, diz que 40% da terra do planeta é coberta por fazendas. Atualmente, quase 50% dos sistemas são compostos por apenas quatro culturas: trigo, milho, arroz e soja. Já vimos que doenças são comuns, não é para menos que, globalmente, US$ 30 bilhões em alimentos são perdidos para patógenos todos os anos.Miguel Altieri, professor emérito da Universidade da Califórnia, em Berkeley, respondeu ao The&nbsp;Grist&nbsp;que temos todas as condições para que ocorra uma pandemia nos sistemas agrícolas, causando fome em escala global e dificuldades econômicas catastróficas. E as mudanças climáticas aumentam esse perigo porque abalam a distribuição de patógenos e os colocam em contato com novas espécies de plantas, potencialmente piorando muito as doenças nas plantações.&nbsp;Foi assim no verão de 1970 nos Estados Unidos, quando o fungo Bipolaris maydis causou uma doença chamada praga da folha do milho do sul, que faz com que os caules murchem e morram. O flagelo da doença devastou da região Sul ao Centro-Oeste americano, reduzindo a safra de milho em cerca de 15%, gerando um prejuízo de US$ 1 bilhão.&nbsp;O episódio fez a população norte-americana perder mais calorias em sua alimentação do que os irlandeses durante a Grande Fome de 1840, quando os campos de batatas foram dizimados por doenças.<h2>Um estrago sem precedentes</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/10/20/20091810704051.jpg" alt="(Fonte: GettyImages/Reprodução)">(Fonte: GettyImages/Reprodução)Mas esse fungo só afetou as safras de milho dessa maneira porque a industrialização do sistema alimentar, iniciada na virada do século XX, fez os cientistas da década de 1930 desenvolverem uma variedade de milho com uma uniformidade genética alterada para gerar mais rendimentos. Essa variedade específica, conhecida como cms-T, constituiu a base genética para 90% do milho cultivado em todos os EUA, e se mostrou altamente suscetível à praga das folhas do milho. Sendo assim, quando aconteceu uma primavera excepcionalmente quente e úmida que favorecia o fungo, ele tinha uma quantidade imensa de produto para queimar.“Nunca mais uma grande espécie cultivada deve ser moldada em tal uniformidade que seja tão universalmente vulnerável ao ataque de um patógeno”, escreveu o patologista vegetal Arnold Jonh Ullstrup, em um artigo sobre o assunto, publicado em 1972.Apesar do estrago que essa uniformidade genética pode causar, hoje é uma das principais características da maioria dos sistemas agrícolas de grande escala. Conforme a máquina de produção acelera, mais alterações são feitas e mais suscetíveis a surtos de doenças as plantas ficam.Enquanto os sistemas forem baseados na monocultura, que só atrai prejuízos, e não for feita a incorporação da biodiversidade na agricultura em grande escala –, a crise tende a ficar cada vez maior, pois, como Altieri mesmo pontua: “criamos amplificação e não diluição”.</body>

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Próxima pandemia deve acontecer no setor da agricultura

Imagem de 'Gripe longa': médicos tentam entender doença recém-identificada no megacurioso

De acordo com estudo, alguns pacientes apresentam sintomas de gripe prolongados após uma infecção inicial

<head></head><body>Bem como pode acontecer em episódios de covid-19, pessoas gripadas podem acabar desenvolvendo a chamada "gripe longa", que acontece quando novos sintomas aparecem após a infecção inicial. Esses dados são provenientes de um novo estudo feito por pesquisadores do Reino Unido.Os principais sintomas da gripe prolongada incluem tosse, dor de estômago e diarreia. Ao todo, o estudo entrevistou 10.171 adultos para descobrir mais informações sobre o tema. No entanto, o assunto é tão recente que os médicos ao redor do mundo ainda trabalham para compreender quais os riscos dessa doença, o quão grave ela pode ser e como fazer para tratá-la.<h2>Sintomas persistentes</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/10/10/10190326037434.jpg" alt="(Fonte: GettyImages)">(Fonte: GettyImages)Na literatura medicinal, o conceito de um vírus respiratório ou outras infecções virais causarem doenças duradores não é algo exatamente novo. Durante a pandemia, alguns casos de pacientes com <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/127303-olhos-castanhos-de-bebe-ficam-azuis-apos-tratamento-contra-covid-19.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">covid-19</a> chamaram atenção para esse tema. Em entrevista à BBC, o pesquisador Adrian Martineau, da Universidade Queen Mary de Londres, afirmou que o novo trabalho fornece validação para pacientes que enfrentam problemas desse tipo.&nbsp;"As pessoas podem realmente se sentir muito deprimidas depois de um vírus", destacou. O estudo, publicado na revista The Lancet, pediu para que os participantes relatassem qualquer doença respiratória ou outros sintomas que tivessem sentido nos primeiros dois meses de 2021 — época em que a <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/126996-como-a-pandemia-mudou-a-forma-que-percebemos-o-tempo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">pandemia</a> de covid-19 ainda estava em uma situação delicada.Em geral, nenhum participante do estudo ainda havia recebido qualquer dose de vacina contra a doença. Dos 10.171 participantes, 1.343 afirmaram ter sido infectados pela covid-19 recentemente e 472 disseram ter sido infectados por outro vírus respiratório, como <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/125591-qual-e-a-diferenca-entre-gripe-e-resfriado.htm#:~:text=Seus%20sintomas%20geralmente%20s%C3%A3o%20mais,para%20um%20quadro%20mais%20grave." rel="noopener noreferrer" target="_blank">gripe ou resfriado</a>.Nem todas as pessoas se recuperaram completamente das doenças e diversas apresentaram novos sintomas ou sintomas persistentes. Os sintomas mais comuns foram diarreia, problemas de estômago, dores musculares, problemas de sono, problemas de memória e tosse.<h2>Investigações futuras</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/10/10/10190345580436.jpg" alt="(Fonte: GettyImages)">(Fonte: GettyImages)Conforme foi apontado pelo estudo, a fadiga pós-viral e outros sintomas costumam afetar pessoas de qualquer idade. Outro fato curioso a respeito da gripe prolongada é que a gravidade inicial da doença nem sempre prevê o risco. Ou seja, pessoas que tiveram gripes mais severas não necessariamente sofrerão de uma gripe prolongada."Nossas descobertas iluminam não apenas o impacto da covid longa na vida das pessoas, mas também outras infecções respiratórias. A falta de conhecimento, ou mesmo a falta de um termo comum, impede tanto a notificação como o diagnóstico destas condições", disse a pesquisadora Giulia Vivaldi, da Universidade Queen Mary em Londres, à BBC.&nbsp;Segundo dados do Escritório de Estatísticas Nacionais, cerca de 1,9 milhão de pessoas no Reino Unido — o que representa 3% da população do país — sofreu de gripe prolongada somente em 2023. Contudo, o número pode ser deturpado por não sabermos ao certo exatamente quantas pessoas são afetadas e não diagnosticadas.Em geral, a recuperação de uma infecção respiratória costuma ser lenta, independente da causa. Portanto, o tratamento para uma doença como a gripe prolongada tende a ser muito semelhante ao da infecção inicial, necessitando de muito repouso, hidratação e medicamentos de combate aos sintomas.&nbsp;</body>

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'Gripe longa': médicos tentam entender doença recém-identificada

Imagem de Nipah: o vírus letal que assombra a Índia pode causar uma pandemia? no megacurioso

Raro e intratável, o vírus causa surtos em alguns países asiáticos desde 1998 e está relacionado com o desmatamento e mudanças climáticas

<head></head><body>Em 30 de agosto de 2023, um homem chamado Mohammed Ali, morador da aldeia de Maruthonkara, no estado de Kerala, no sul da Índia, morreu sob sintomas gripais e neurológicos. Ele sofreu com dor de cabeça, febre muito alta, tosse, desconforto respiratório agudo e até mesmo convulsões. Quase 14 dias depois, morreu sob as mesmas circunstâncias Mangalatt Harris, aos 40 anos, morador da cidade de Ayahnchery, localizada a 18 quilômetros de Maruthonkara.Isso foi o suficiente para despertar um alerta entre as autoridades médicas indianas para uma ameaça muito conhecida pelo país. Em 13 de setembro, os resultados dos testes feitos nos cadáveres confirmaram que os homens haviam morrido de Nipah, um vírus mortal que assola a Índia e países asiáticos, contendo uma taxa de letalidade entre 40% e 75%, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).A Índia mal se recuperou da <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/126996-como-a-pandemia-mudou-a-forma-que-percebemos-o-tempo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">pandemia de covid-19</a>, que causou a morte de mais de 530 mil pessoas no país, e já se encontra novamente em estado de emergência com o que aparenta ser o quarto surto de infecção pelo vírus Nipah desde 2018.&nbsp;Sem vacina conhecida para a doença, as autoridades instituíram testes em massa para deter a propagação do vírus mortal, proibiu reuniões públicas e até mesmo fechou algumas escolas.<h2>O que é o vírus Nipah?</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/10/05/05145038063240.jpg" alt="(Fonte: GettyImages/Reprodução)">(Fonte: GettyImages/Reprodução)"Raro e intratável" é como o vírus Nipah foi definido por um artigo científico elaborado por um grupo de pesquisadores e publicado na National Library of Medicine em fevereiro de 2019, logo após o primeiro surto que devastou o estado indiano de Kerala, em maio do ano anterior.Da família dos Paramyxoviridae, o nome Nipah é em homenagem a um rio na cidade natal do paciente zero, que morreu na Malásia, onde aconteceu o primeiro surto, entre 1998 e 1999. O vírus causou mais de 250 casos de encefalite febril em trabalhadores agrícolas e de matadouros, deixando um rastro de pânico e desestabilização socioeconômica pelo país.&nbsp;Depois disso, os surtos passaram a acontecer principalmente nas regiões indo-bangladeshianas e foram associados ao consumo de seiva crua de tamareira contaminada por morcegos frugívoros, muito diferente do que aconteceu na Malásia, onde a causa estava relacionada ao contato com cavalos e o abate de porcos.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/10/05/05145125335243.jpg" alt="(Fonte: GettyImages/Reprodução)">(Fonte: GettyImages/Reprodução)Naquela época, a Malásia vivia uma suposta epidemia de encefalite japonesa entre os suinocultores, causada por um vírus transmitido pela picada de mosquitos infectados e muito mais comum em áreas rurais e agrícolas. Infecções pelo vírus Nipah podem ter se estendido até Singapura porque dois matadouros locais abatiam porcos importados da Malásia. Quando as autoridades sanitárias proibiram as importações de suínos dos estados malaios afetados, já era março de 1999, quase um ano depois dos primeiros casos terem surgido.A comunidade médica descobriu que o Nipah é transmitido entre humanos via gotículas de saliva ou espirros. Além das manifestações neurológicas, a Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA) e a insuficiência respiratória com Síndrome da Disfunção de Múltiplos Órgãos (SDMO) foram as principais causas de mortalidade entre os pacientes.<h2>O vírus e a ação do homem</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/10/05/05145228555247.jpg" alt="(Fonte: GettyImages/Reprodução)">(Fonte: GettyImages/Reprodução)Em agosto de 2022, um estudo científico feito na China e publicado no&nbsp;New England Journal of Medicine detectou o vírus Nipah em 35 casos confirmados por meio de amostras de saliva extraídas de pacientes das províncias chinesas de Shandong e Henan. Nenhum deles estava em estado grave, mas apresentavam sintomas em comum, como tosse, febre, cansaço, perda de apetite, dores de cabeça e musculares, náuseas e irritabilidade. O estudo ainda mostrou que todos eles haviam tido contato com animais.Em setembro de 2022 foi a vez de a Índia testemunhar outro surto — dessa vez, no entanto, deixando algumas agências de saúde em alerta depois das consequências avassaladoras da infecção por covid-19. Mas os especialistas alertam que, embora tudo seja possível, é improvável que o surto de Nipah na Índia atinja escala global.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/10/05/05145336068250.jpg" alt="(Fonte: GettyImages/Reprodução)">(Fonte: GettyImages/Reprodução)“O mundo é pequeno, mas a probabilidade de alguém, ou um morcego frugívoro, estar infectado com o vírus Nipah e estar aqui, agora, é muito improvável”, disse Diana Finkel, professora associada de medicina da divisão de doenças infecciosas da Rutgers New Jersey Medical School, em entrevista à ABC News.É bom ressaltar, porém, que a propagação do vírus Nipah e subsequentes surtos também é um reflexo dos efeitos potencialmente devastadores da destruição do habitat natural dos animais portadores do vírus e das mudanças climáticas.O deslocamento dos morcegos frugívoros, considerados hospedeiros naturais do Nipah, por meio da destruição de florestas e do habitat natural, criou condições que favoreceram o contato humano, alimentos ou água contaminada por excrementos dos animais. Isso têm acontecido com cada vez mais frequência porque eles são forçados a migrarem para áreas próximas a comunidades humanas.&nbsp;É nesse cruzamento que os morcegos encontram a expansão desenfreada da agricultura e o desmatamento para a criação de plantações que, ao alterarem os padrões de uso da terra, a colocam em contato com os restos do animal portador do vírus.</body>

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Nipah: o vírus letal que assombra a Índia pode causar uma pandemia?

Imagem de Novo vírus é descoberto nas profundezas da Fossa das Marianas, o ponto mais fundo da Terra no megacurioso

Pesquisadores relataram que vírus recém identificado infecta bactérias que vivem nas regiões mais profundas e escuras do oceano

<head></head><body>Em um novo estudo, investigadores encontraram um vírus até então desconhecido que reside na Fossa das Marianas, o ponto mais profundo da Terra conhecido pelos humanos. Além dessa ser uma descoberta fascinante, os cientistas acreditam que ela é capaz de expandir nossa compreensão sobre a diversidade de <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/126924-patogenos-congelados-no-permafrost-irao-acordar-diz-estudo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">patógenos</a> nas profundezas do mar.O vírus recém descoberto é um bacteriófago — muitas vezes chamados apenas de "fagos" —, um tipo de patógeno que infecta e se replica dentro de bactérias. Os pesquisadores acreditam que eles são os organismos mais abundantes do planeta e que onde quer que encontremos bactérias, é muito provável que também existam fagos.<h2>Vírus nas profundezas</h2><span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Wikimedia Commons&nbsp;" data-fonte-url="https://commons.wikimedia.org/wiki/Category:Challenger_Deep#/media/File:Challenger_Deep_Dive_071222_by_V_Vescovo_in_DSV_Limiting_Factor_-_Southern_Wall_of_Western_Pool.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/09/21/21174740627336.jpg" alt="(Fonte: Wikimedia Commons)">(Fonte: Wikimedia Commons)Uma equipe internacional de pesquisadores encontrou o fago em sedimentos da Fossa das Marianas, trazidos de uma profundidade de 8,9 mil metros. “Até onde sabemos, este é o fago isolado mais profundo conhecido no oceano global”, disse o membro do estudo Min Wang em comunicado oficial.O ser foi batizado de vB_HmeY_H4907, o qual acredita-se representar uma nova família de sifovírus, os quais possuem <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/121199-o-que-e-o-dna-e-como-ele-se-parece.htm#:~:text=A%20ordem%20das%20bases%20nitrogenadas,e%20at%C3%A9%20mesmo%20alguns%20v%C3%ADrus." rel="noopener noreferrer" target="_blank">DNA</a> de fita dupla. Esses vírus infectam Halomonas, um grupo de bactérias frequentemente encontrado no fundo do mar e em fontes hidrotermais. Pesquisadores acreditam que essas bactérias desempenham um papel importantíssimo nesses habitats.&nbsp;Como os fagos e as bactérias hospedeiras frequentemente coevoluem, os investigadores conduziram uma análise genômica do DNA desse novo vírus. A expectativa é que tal tipo de estudo pudesse fornecer mais pistas sobre a evolução desses seres e sobre como eles interagem com seus hospedeiros.<h2>Analisando profundamente o fago</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/09/21/21174800185338.jpg" alt="(Fonte: Getty Images)">(Fonte: Getty Images)Os resultados da nova análise sugeriram que o fago está amplamente distribuído no oceano, mas que também evoluiu distantemente dos vírus de referência utilizados pelos pesquisadores. Além disso, também foi constatado que esse vírus é lisogênico, o que significa que ele incorpora o seu próprio genoma no genoma do hospedeiro.Por sua vez, isso quer dizer que, quando a célula da bactéria se replica e se divide, o material genético viral também é copiado e acaba parando nas novas células. Essa substituição de DNA pode fornecer provas de como ambos os organismos foram capazes de persistir em ambientes aquáticos tão hostis e adversos como a <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/125569-challenger-deep-6-fatos-sobre-o-ponto-mais-profundo-da-terra.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Fossa das Marianas</a>.No entanto, os cientistas também afirmam que mais pesquisas serão necessárias no futuro para examinar completamente essa possibilidade de evolução. Os autores do estudo estão planejando novas investigações para estudar mais sobre os mecanismos moleculares que impulsionam as interações entre os vírus no fundo do mar e seus hospedeiros.Por fim, a equipe de pesquisa também quer continuar trabalhando na busca por novos vírus em outros ambientes extremos, uma vez que é pouco provável que o "vB_HmeY_H4907" seja o único exemplar existente por aí. Conhecer mais sobre esse tópico ampliaria a compreensão científica que tempos sobre os vírus e sobre a vida microbiana nas profundezas do mar e além.</body>

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Novo vírus é descoberto nas profundezas da Fossa das Marianas, o ponto mais fundo da Terra

Imagem de Vírus HIV pode se "esconder" no cérebro humano, diz estudo no megacurioso

Nova descoberta traz esperança para pesquisas que visam erradicar o vírus.

<head></head><body>Um estudo sugere que há novas esperanças para as pesquisas que visam combater o vírus HIV. A pesquisa provou que o vírus da imunodeficiência humana pode ser capaz de permanecer "adormecido" no <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/124487-como-o-nosso-cerebro-lembra-do-idioma-que-estamos-aprendendo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">cérebro</a>.A constatação é que as células micróglias — que existem no sistema nervoso central e têm uma função similar à dos <a href="https://www.megacurioso.com.br/corpo-humano/103182-voce-sabe-quais-sao-as-principais-funcoes-do-sangue-para-o-corpo-humano.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">glóbulos brancos</a> na corrente sanguínea — atuam como um local onde o vírus persiste "escondido". A expectativa é que essa descoberta possa abrir novos caminhos para a erradicação do vírus.<h2>O ciclo de vida do HIV</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/06/19/19113034447111.jpg" alt="(Fonte: GettyImages)">(Fonte: GettyImages)Por ser um retrovírus, o <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/120188-hiv-como-o-virus-da-aids-se-tornou-algo-tratavel.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">HIV</a> tem um ciclo de vida em que faz uma cópia de seu material genético, inserida nas células humanas. Normalmente, ele se hospeda nos glóbulos brancos, que formam uma parte fundamental do sistema imunológico. Estas células podem sucumbir por conta da presença do vírus, o que diminui a função imunológica e pode causar a síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS).&nbsp;Contudo, as células infectadas pelo HIV podem também percorrer um caminho diferente, o que é chamado de latência. Nesse caso, as células ficam dormentes ou inativas, situação que pode durar muitos anos. Ao permanecer assim, as pessoas HIV positivas atingem um estado indetectável, o que significa que elas não podem transmitir o vírus para outras pessoas.Mas isso não significa a cura, já que, quando o tratamento contra o HIV é interrompido, elas podem voltar a manifestar uma infecção e a doença ficar ativa.<h2>O que significa a descoberta</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/06/19/19113053445114.jpg" alt="(Fonte: GettyImages)">(Fonte: GettyImages)O novo estudo evidencia a descoberta de um outro lugar onde o <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/122585-pesquisadores-confirmam-4-caso-de-paciente-curado-do-hiv.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">HIV</a> se "esconde": o cérebro. “Agora sabemos que as <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/122789-atlas-de-celulas-humanas-o-projeto-que-vai-mapear-37-trilhoes-de-celulas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">células</a> microgliais servem como um reservatório cerebral persistente. Suspeitava-se disso no passado, mas faltavam provas em humanos”, afirmou um dos autores da pesquisa, o professor Yuyang Tang, da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill.A descoberta só foi possível porque houve voluntários que toparam retirar uma amostra do tecido cerebral para o estudo - o que pode ser bem perigoso para pacientes que tomam medicamentos de controle do HIV. “As amostras são de pessoas vivendo com HIV, que estão em terapia, mas enfrentando algum tipo de doença fatal. Elas estavam dispostas não apenas a doar seus corpos para a ciência, mas também a participar do programa de pesquisa nos meses que antecederam sua morte. É um programa extraordinário que permitiu essa pesquisa", explicou David Margolis, diretor do UNC HIV Cure Center.A pesquisa também envolveu experimentos feitos em células cerebrais de macacos infectados pelo vírus da imunodeficiência símia (SIV), parecido com o HIV. Os cientistas detectaram então que o vírus permanecia latente neste tecido por muito tempo, por mecanismos que parecem ser diferentes do que ocorre nos glóbulos brancos."O HIV é muito inteligente. Com o tempo, evoluiu para ter controle epigenético de sua expressão, silenciando o vírus para se esconder no cérebro da eliminação imunológica. Estamos começando a desvendar o mecanismo único que permite a latência do HIV na micróglia cerebral”, complementou Guochun Jiang, também autor do estudo.Agora, os pesquisadores estudam como todas essas novas pistas podem abrir caminhos de estudo para maneiras de erradicar o HIV latente, trazendo esperança a milhões de pessoas que convivem com o vírus em seus organismos.</body>

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Vírus HIV pode se 'esconder' no cérebro humano, diz estudo

Imagem de HIV: 40 anos da identificação do vírus causador da AIDS no megacurioso

Descubra mais detalhes sobre a origem, formas de transmissão e tratamentos para esta doença que tomou tantas vidas no mundo todo

A <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/123746-possivel-vacina-contra-o-hiv-funciona-em-97-voluntarios.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">AIDS</a> (S&iacute;ndrome da Imunodefici&ecirc;ncia Adquirida) &eacute; uma doen&ccedil;a que j&aacute; fez milh&otilde;es de v&iacute;timas em todo o mundo. Identificada pela primeira vez na d&eacute;cada de 1980, ela foi inicialmente vista como um mist&eacute;rio assustador, causando p&acirc;nico e discrimina&ccedil;&atilde;o em todo o mundo, e rapidamente se tornou uma das doen&ccedil;as mais temidas do planeta.
Por&eacute;m, o que muitos podem n&atilde;o saber &eacute; que sua origem &eacute; muito mais antiga, surgindo no in&iacute;cio do s&eacute;culo XX, para ser identificada apenas d&eacute;cadas depois, quando os primeiros casos passaram a surgir nos Estados Unidos.
Neste artigo, que marca os 40 anos da identifica&ccedil;&atilde;o do v&iacute;rus causador da AIDS &mdash; o HIV &mdash;, vamos explorar a hist&oacute;ria dessa s&iacute;ndrome, sua origem e as principais formas de transmiss&atilde;o, al&eacute;m de apresentar a evolu&ccedil;&atilde;o de tratamentos que permitiram diminuir o impacto que ela causa na vida de seus portadores.
<h2>Origens da AIDS</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/05/19/a-19114944554114.png" alt="a" />
A S&iacute;ndrome da Imunodefici&ecirc;ncia Adquirida &eacute; uma condi&ccedil;&atilde;o causada pelo <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/121684-virus-entenda-o-que-sao-o-porque-precisamos-deles.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">v&iacute;rus</a> HIV, que pode ser transmitido por contato sexual, compartilhamento de agulhas ou transfus&atilde;o de sangue contaminado. Dentro do organismo, ele passa a atacar o sistema imunol&oacute;gico humano e facilita o surgimento de infec&ccedil;&otilde;es oportunistas e c&acirc;nceres.&nbsp;
A doen&ccedil;a foi reconhecida pela primeira vez em 1981, nos Estados Unidos, mas sua origem remonta ao in&iacute;cio do s&eacute;culo XX, na &Aacute;frica Central. A teoria mais aceita atualmente &eacute; que ela surgiu a partir de um v&iacute;rus chamado SIV, que infecta s&iacute;mios, e teria passado para os humanos por meio do contato com sangue ou carne desses animais, que eram ca&ccedil;ados ou domesticados por alguns povos africanos.
Existem dois tipos principais de HIV: o HIV-1 e o HIV-2. O primeiro &eacute; mais virulento e se originou dos chimpanz&eacute;s, j&aacute; o segundo &eacute; menos agressivo, e teria vindo dos macacos-verdes. Ambos se espalharam pela regi&atilde;o ao longo das d&eacute;cadas, mas s&oacute; ganharam notoriedade mundial nas d&eacute;cadas de 1960 e 1970, quando foram levados para outros continentes por mercen&aacute;rios, trabalhadores e turistas.
O primeiro caso comprovado de morte ocorreu em 1959, em Kinshasa, na Rep&uacute;blica Democr&aacute;tica do Congo. A cidade &eacute; considerada o epicentro da epidemia, pois ali houve uma combina&ccedil;&atilde;o de fatores que favoreceram a dissemina&ccedil;&atilde;o do v&iacute;rus, como urbaniza&ccedil;&atilde;o, mobilidade, prostitui&ccedil;&atilde;o e uso de seringas contaminadas.
<h2>Descoberta do v&iacute;rus</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Getty Images&nbsp;" data-fonte-url="https://www.gettyimages.com.br/detail/foto-jornal%C3%ADstica/le-professeur-luc-montagnier-%C3%A0-linstitut-pasteur-en-foto-jornal%C3%ADstica/803849890?utm_medium=organic&amp;utm_source=google&amp;utm_campaign=iptcurl"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/05/08/08130209077140.jpg" alt="Luc Montagnier. (Fonte: Getty Images/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />Luc Montagnier. (Fonte: Getty Images/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Os esfor&ccedil;os iniciais para entender e combater a doen&ccedil;a foram marcados por desafios e controv&eacute;rsias. Um dos maiores avan&ccedil;os na hist&oacute;ria da medicina foi a descoberta do v&iacute;rus respons&aacute;vel pela AIDS em 1983, que permitiu que os cientistas entendessem melhor a origem, a transmiss&atilde;o e o tratamento para algo que j&aacute; havia matado milhares de pessoas no planeta.
Esse feito foi resultado do trabalho de dois grupos de pesquisa independentes, liderados por Luc Montagnier, do Instituto Pasteur, na Fran&ccedil;a; e Robert Gallo, do Instituto Nacional de Sa&uacute;de dos EUA. Por&eacute;m, por usarem m&eacute;todos diferentes para isolar e identificar o v&iacute;rus, acabaram entrando em uma disputa por patente e nomenclatura que s&oacute; foi resolvida em 1987, quando decidiram dividir os cr&eacute;ditos e lucros.
Montagnier e sua equipe foram os primeiros a publicar um artigo sobre o pat&oacute;geno em maio de 1983, no qual o chamaram de LAV (Lymphadenopathy Associated Virus &mdash; "V&iacute;rus Associado &agrave; Linfadenopatia"). Eles o isolaram em um paciente franc&ecirc;s com sintomas da s&iacute;ndrome e mostraram que ele infectava e matava c&eacute;lulas do sistema imunol&oacute;gico humano.&nbsp;
Gallo e seu time publicaram quatro artigos, em agosto de 1984, referindo-se ao agente causador da AIDS como HTLV-III (Linfotr&oacute;pico da c&eacute;lula-T humana 3). Eles obtiveram o agente de v&aacute;rios indiv&iacute;duos americanos com a doen&ccedil;a e demonstraram que ele era capaz de provocar a enfermidade em c&eacute;lulas cultivadas em laborat&oacute;rio. Al&eacute;m disso, os pesquisadores dos EUA tamb&eacute;m desenvolveram um teste sangu&iacute;neo para detectar a presen&ccedil;a do agente &mdash; contudo, ele tinha limita&ccedil;&otilde;es de sensibilidade e especificidade.
Em 1986, a Organiza&ccedil;&atilde;o Mundial da Sa&uacute;de (OMS) e o Comit&ecirc; Internacional de Taxonomia de V&iacute;rus renomearam o v&iacute;rus como HIV (V&iacute;rus da Imunodefici&ecirc;ncia Humana), que &eacute; o nome pelo qual &eacute; conhecido at&eacute; hoje.
Essa descoberta no in&iacute;cio dos anos 1980 foi fundamental para o avan&ccedil;o da pesquisa. Ela permitiu que os cientistas rastreassem sua origem em primatas africanos e estimassem quando ele surgiu pela primeira vez em humanos. Al&eacute;m disso, possibilitou o desenvolvimento de novas formas de prevenir e tratar a infec&ccedil;&atilde;o, como drogas antirretrovirais e terapias gen&eacute;ticas.
<h2>Impacto na &eacute;poca</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/05/09/09124257865146.jpg" alt="Ativistas do Act Up realizaram v&aacute;rios protestos em Wall Street na d&eacute;cada de 80 (Fonte: Timothy Clary/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />Ativistas do Act Up realizaram v&aacute;rios protestos em Wall Street na d&eacute;cada de 80 (Fonte: Timothy Clary/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
A identifica&ccedil;&atilde;o do <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/123247-contraceptivo-masculino-mostra-se-promissor-no-combate-ao-hiv.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">HIV</a> foi um marco para a medicina e a ci&ecirc;ncia, abrindo novas frentes de pesquisa para entender a complexidade e a diversidade do v&iacute;rus, e gerando uma colabora&ccedil;&atilde;o internacional e o financiamento p&uacute;blico que foram fundamentais para o avan&ccedil;o da luta contra a s&iacute;ndrome.
No campo social, ela auxiliou a lidar com a desinforma&ccedil;&atilde;o e o preconceito gerados em torno da doen&ccedil;a, mas n&atilde;o foi capaz de erradic&aacute;-los por completo. Muitos ainda viam a AIDS como a "peste gay", ou uma esp&eacute;cie de puni&ccedil;&atilde;o divina contra homossexuais, e alguns acreditavam que poderia ser at&eacute; mesmo uma conspira&ccedil;&atilde;o para eliminar grupos marginalizados. Para piorar esse estigma, a m&iacute;dia muitas vezes sensacionalizou os casos, criando manchetes alarmistas e perpetuando estere&oacute;tipos negativos.&nbsp;
Devido a isso, come&ccedil;ou a surgir uma mobiliza&ccedil;&atilde;o de ativistas e organiza&ccedil;&otilde;es n&atilde;o governamentais para defender a dignidade das pessoas infectadas, bem como para promover a educa&ccedil;&atilde;o e a preven&ccedil;&atilde;o da doen&ccedil;a, levantando tamb&eacute;m quest&otilde;es &eacute;ticas, pol&iacute;ticas e culturais sobre a sexualidade, a sa&uacute;de p&uacute;blica e os direitos humanos.
Conforme mais informa&ccedil;&otilde;es se tornaram dispon&iacute;veis e as campanhas de preven&ccedil;&atilde;o e tratamento se intensificaram, o medo e a histeria em torno da AIDS come&ccedil;aram a diminuir. No entanto, ela continua altamente estigmatizada e a discrimina&ccedil;&atilde;o contra seus portadores permanece um problema em muitas partes do mundo.
<h2>Evolu&ccedil;&atilde;o do tratamento</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/05/09/09124632507152.jpg" alt="(Fonte: GettyImages/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: GettyImages/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Na &eacute;poca, n&atilde;o havia nenhum tratamento espec&iacute;fico para a infec&ccedil;&atilde;o pelo HIV e muitos pacientes morriam em poucos anos ap&oacute;s o diagn&oacute;stico. A primeira droga antirretroviral aprovada foi a zidovudina (AZT), em 1987, que inibia a enzima reversa transcriptase do v&iacute;rus e impedia sua replica&ccedil;&atilde;o nas c&eacute;lulas. No entanto, o AZT tinha muitos efeitos colaterais e n&atilde;o era suficiente para controlar a doen&ccedil;a.
Nos anos seguintes, novas classes de antirretrovirais foram desenvolvidas, como os inibidores da protease, que bloqueavam outra enzima essencial para o ciclo viral, e os inibidores da entrada do v&iacute;rus na c&eacute;lula, que impediam sua liga&ccedil;&atilde;o aos receptores das c&eacute;lulas CD4+.&nbsp;
Esses medicamentos permitiram a combina&ccedil;&atilde;o de diferentes drogas em um coquetel antirretroviral que aumentava a efic&aacute;cia do protocolo e reduzia o risco de resist&ecirc;ncia viral. A terapia antirretroviral combinada (TARV) foi introduzida em 1996 e transformou a AIDS de uma senten&ccedil;a de morte em uma doen&ccedil;a cr&ocirc;nica gerenci&aacute;vel. Os pacientes que aderiam ao tratamento podiam viver mais e melhor, com menos complica&ccedil;&otilde;es e infec&ccedil;&otilde;es.
<h2>Brasil pioneiro no tratamento da AIDS</h2>
O Brasil &eacute; um dos pa&iacute;ses que mais se destaca na resposta &agrave; epidemia de AIDS, tanto pela sua pol&iacute;tica de distribui&ccedil;&atilde;o gratuita dos antirretrovirais (ARV) pelo Sistema &Uacute;nico de Sa&uacute;de (SUS), quanto pelas suas a&ccedil;&otilde;es de preven&ccedil;&atilde;o, testagem, diagn&oacute;stico e assist&ecirc;ncia &agrave;s pessoas vivendo com HIV. A hist&oacute;ria do tratamento da doen&ccedil;a pode ser dividida em algumas fases principais:
A fase inicial foi marcada pelo surgimento dos primeiros casos da doen&ccedil;a no pa&iacute;s, no come&ccedil;o da d&eacute;cada de 1980, e pela falta de conhecimento sobre ela e o v&iacute;rus causador. Nessa &eacute;poca, n&atilde;o havia tratamento espec&iacute;fico e os pacientes morriam em pouco tempo ap&oacute;s o diagn&oacute;stico. O estigma e a discrimina&ccedil;&atilde;o eram muito fortes e a enfermidade era associada a grupos considerados marginalizados, como homossexuais, usu&aacute;rios de drogas injet&aacute;veis e hemof&iacute;licos.
A segunda etapa foi caracterizada pelo reconhecimento da AIDS como um problema de sa&uacute;de p&uacute;blica e pela mobiliza&ccedil;&atilde;o da sociedade civil organizada, especialmente dos movimentos sociais ligados aos direitos humanos e &agrave; sa&uacute;de. Nessa &eacute;poca, surgiram os primeiros medicamentos antirretrovirais (ARV), como o AZT, que come&ccedil;aram a ser distribu&iacute;dos pelo SUS em 1991. Tamb&eacute;m foram criados os primeiros servi&ccedil;os especializados, como os Centros de Refer&ecirc;ncia e Treinamento (CRT) e os Servi&ccedil;os de Assist&ecirc;ncia Especializada (SAE). Al&eacute;m disso, foram implementadas as primeiras campanhas de preven&ccedil;&atilde;o e conscientiza&ccedil;&atilde;o, enfatizando a import&acirc;ncia do uso do preservativo nas rela&ccedil;&otilde;es sexuais.
A terceira trouxe a consolida&ccedil;&atilde;o da pol&iacute;tica nacional de enfrentamento &agrave; doen&ccedil;a e o fortalecimento do SUS como respons&aacute;vel pelo acesso ao tratamento. Nessa fase, o Brasil se tornou refer&ecirc;ncia mundial ao adotar uma postura soberana e ousada na negocia&ccedil;&atilde;o com as ind&uacute;strias farmac&ecirc;uticas para a produ&ccedil;&atilde;o nacional e a importa&ccedil;&atilde;o compuls&oacute;ria de medicamentos gen&eacute;ricos mais baratos e eficazes. Em 1996, o nosso pa&iacute;s passou a oferecer gratuitamente o coquetel antirretroviral (combina&ccedil;&atilde;o de v&aacute;rios ARV) a todas as pessoas infectadas que necessitavam de cuidados. Em 1999, foi assinado um acordo com o Banco Mundial para impulsionar as a&ccedil;&otilde;es de controle e preven&ccedil;&atilde;o.
A quarta fase foi caracterizada pela amplia&ccedil;&atilde;o das estrat&eacute;gias de preven&ccedil;&atilde;o combinada e pela incorpora&ccedil;&atilde;o de novas tecnologias para o tratamento do HIV. Nela, surgiram novas classes de ARV, como os inibidores de protease, os inibidores de integrase e os de entrada, que aumentaram as op&ccedil;&otilde;es de tratamento e melhoraram a qualidade de vida dos indiv&iacute;duos vivendo com o v&iacute;rus.
Tamb&eacute;m foram introduzidas novas interven&ccedil;&otilde;es biom&eacute;dicas baseadas no uso de antirretrovirais para reduzir o risco de infec&ccedil;&atilde;o, como a profilaxia p&oacute;s-exposi&ccedil;&atilde;o (PEP), a profilaxia pr&eacute;-exposi&ccedil;&atilde;o (PrEP) e o tratamento como preven&ccedil;&atilde;o (Tasp). Al&eacute;m disso, foram refor&ccedil;adas as medidas de preven&ccedil;&atilde;o cl&aacute;ssicas, como o uso do preservativo masculino ou feminino, a testagem regular para a doen&ccedil;a e outras infec&ccedil;&otilde;es sexualmente transmiss&iacute;veis (IST), a redu&ccedil;&atilde;o de danos para usu&aacute;rios de drogas injet&aacute;veis e a preven&ccedil;&atilde;o da transmiss&atilde;o vertical (de m&atilde;e para filho).
Atualmente, cerca de 920 mil pessoas vivem com HIV no Brasil, segundo o Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de. Dessas, 89% foram diagnosticadas e 77% fazem tratamento com ARV. O n&uacute;mero de casos e mortes por AIDS vem caindo nos &uacute;ltimos anos, gra&ccedil;as ao avan&ccedil;o do tratamento e da preven&ccedil;&atilde;o. No entanto, ainda h&aacute; desafios a serem enfrentados, como a amplia&ccedil;&atilde;o do diagn&oacute;stico precoce, a ades&atilde;o ao tratamento, a elimina&ccedil;&atilde;o do estigma e da discrimina&ccedil;&atilde;o e a garantia dos direitos das pessoas convivendo com o v&iacute;rus.
<h2>Cura?</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/05/09/09125325070162.jpg" alt="Paciente Londres (Fonte: John Attenborough - The Times/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />Paciente Londres (Fonte: John Attenborough - The Times/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Apesar dos avan&ccedil;os na interven&ccedil;&atilde;o medicamentosa, ainda n&atilde;o existe uma <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/122585-pesquisadores-confirmam-4-caso-de-paciente-curado-do-hiv.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">cura</a> definitiva para a AIDS. O v&iacute;rus permanece latente em alguns reservat&oacute;rios celulares, como nos linf&oacute;citos T memoriais, que escapam da a&ccedil;&atilde;o dos antirretrovirais e podem reativar a infec&ccedil;&atilde;o se o tratamento for interrompido. Por isso, os pesquisadores buscam desenvolver terapias que eliminem ou controlem o problema sem depender de medicamentos.&nbsp;
Uma das estrat&eacute;gias &eacute; o transplante de medula &oacute;ssea com c&eacute;lulas-tronco hematopoi&eacute;ticas de doadores que possuem uma muta&ccedil;&atilde;o gen&eacute;tica que confere resist&ecirc;ncia ao HIV. Essa muta&ccedil;&atilde;o impede a express&atilde;o do receptor CCR5 nas c&eacute;lulas CD4+, que &eacute; usado pelo v&iacute;rus para entrar na c&eacute;lula.&nbsp;
Essa abordagem foi bem-sucedida em dois casos conhecidos como o "paciente de Berlim" e o "paciente de Londres", que se tornaram os primeiros e &uacute;nicos indiv&iacute;duos curados da s&iacute;ndrome at&eacute; o momento. No entanto, esse procedimento &eacute; muito arriscado e invi&aacute;vel para a maioria das pessoas.
Outras terapias em estudo envolvem o uso de anticorpos monoclonais, vacinas terap&ecirc;uticas, edi&ccedil;&atilde;o gen&eacute;tica e imunoterapia. Essas t&aacute;ticas visam eliminar ou silenciar o v&iacute;rus nos reservat&oacute;rios celulares, ou estimular o sistema imunol&oacute;gico a reconhecer e eliminar as c&eacute;lulas infectadas. Apesar dos desafios e limita&ccedil;&otilde;es, essas terapias representam uma esperan&ccedil;a para os milh&otilde;es de pessoas que convivem com HIV no mundo.

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