Artes/cultura
01/10/2017 às 08:00•2 min de leitura
Talvez você não saiba, mas a foto de uma modelo da revista norte-americana Playboy publicada em 1972 ajudou a criar o formato de imagem JPEG que usamos até hoje para publicar conteúdo digital na web. A imagem em questão é de Lena Söderberg, que se tornou uma espécie de padrão para pesquisadores e programadores testassem seus algoritmos de compressão.
A história da imagem remete a Alexander Sawchuk, um engenheiro que fazia parte da equipe que elaborou, em 1973, o padrão JPEG de compressão. De acordo com ele, o grupo estava procurando uma imagem intrigante, preferencialmente com um rosto humano, para escanear a fim de obter resultados para um artigo acadêmico. Ao que parece, alguém do grupo levou a Playboy de novembro de 1972 para o laboratório, edição que trazia Lena Söderberg nua em uma página central.
“Lena” is perhaps, and may remain, the most analyzed image in the history of the world. pic.twitter.com/fPeSpAIpUb
— SwiftOnSecurity (@SwiftOnSecurity) 28 de setembro de 2017
O grupo de pesquisadores acabou usando a foto para fazer o escaneamento, mas apenas a parte do ombro de Lena para cima para que o papel coubesse no escâner Muirhead adaptado que eles tinham. O aparelho contava com conversores digitais para identificar as cores vermelho, verde e azul. O resultado disso foi processado em um “minicomputador” HP 2100. A ideia era obter uma foto quadrada com 512 x 512 pixels. Como o escâner tinha apenas 100 linhas sensíveis por polegada, eles capturaram 5,12’’ da foto, o que eliminou a “parte pornô” da imagem.
Depois disso, o padrão que continha três conjuntos de 512 linhas coloridas se tornou o padrão mais popular para compressão de imagens digitais. Outros pesquisadores que trabalhavam em seus próprios algoritmos acabaram usando a mesma foto de Söderberg para testar suas criações e comparar os resultados aos obtidos pelo formato JPEG.
Com o tempo, a fotografia se popularizou e chegou a ser distribuída para que outras pessoas pudessem fazer seus próprios testes no mesmo material usado pelos criadores do JPEG. Por conta disso, a Playboy chegou a fazer reclamações de direitos autorais, mas acabou desistindo dos processos na justiça. Söderberg eventualmente aceitou sua fama e o título de “primeira dama da internet” e compareceu em 1997 a uma convecção de pesquisadores para falar sobre o papel de sua foto nua na criação do JPEG.
Depois de algum tempo, entretanto, a famosa fotografia foi sendo esquecida, uma vez que os novos algoritmos para compressão precisavam usar imagens com mais definição em seus testes. Ainda assim, os pixels na foto de Söderberg podem ter sido os mais analisados e processados da história da ciência da computação.