Artes/cultura
22/05/2018 às 08:30•4 min de leitura
Como muita gente por aqui deve saber, Bill Gates adora ler. O cofundador da Microsoft afirmou que devora nada menos do que 50 livros por ano. Como muita gente fica curiosa para saber o que ele anda consumindo, então o executivo passou a escrever notas sobre as obras e publicar no blog Gates Notes. O verão estadunidense vem chegando e as férias escolares escolares de lá batem com as de julho por aqui, então Gates aproveitou para listar cinco recomendações que merecem atenção.
Os gêneros mudam de ficção para memória histórica e biografia e, segundo o literato, suas seleções procuram fazer grandes questionamentos, como “o que faz um gênio funcionar?”, “por que as coisas ruins acontecem com pessoas boas?” ou “de onde vem a humanidade e para onde estamos indo?”.
Ainda que pareçam complexas, as experiências são divertidas, garante. Vamos ao rol — que, como você vai perceber, conta com algumas versões disponíveis em português:
“Nem tudo tem razão para acontecer. Não fiquei surpreso em constatar que, em certos momentos, o livro de Kate é de partir o coração. Mas não esperava que fosse engraçado. Às vezes é ambas as coisas em uma mesma parte”, conta Gates, ao descrever a obra em que autora parte em uma busca espiritual sobre suas crenças depois que ela é diagnosticada com câncer.
A publicação também tocou o cofundador da Microsoft de uma forma pessoal, pois seus avós eram devotos e acreditavam que as coisas ruins aconteciam por conta de um pecado. Quando seu avô ficou doente, culpou sua esposa. A lição estaria em entender que nem todas as perguntas podem ser respondidas de forma direta.
Além de um pintor habilidoso, Da Vinci era inventor, engenheiro, pesquisador sobre medicina, entre outras coisas. Segundo Gates, a biografia é sobre “uma das pessoas mais fascinantes de todas”. “Quando você observa todas as habilidades e os poucos fracassos de Leonardo, o atributo que se sobressai é seu senso de admiração e curiosidade.”
“Quando ele tentava compreender algo, fosse o fluxo sanguíneo para o coração ou o formato da língua de um pica-pau, observava atentamente, anotava seus pensamentos e então tentava descobrir”, conta maravilhado. Para o executivo, Isaacson conseguiu unir diferentes aspectos da vida de Da Vinci de uma forma agradável de ler — mas que deve ter sido um trabalho árduo.
“Melhor do que qualquer outro livro que já li sobre Leonardo, esse aqui ajuda a vê-lo como um ser humano completo e entender como era especial. Ele veio a compreender quase tudo o que era sabido sobre o planeta naquela época.”
O historiador David Christian é o criador do curso online Big History, em que ele aborda o que sabemos sobre os 13,7 bilhões de anos de nossa existência, desde o Big Bang e a origem da vida até as sociedades mais complexas de atualmente. Gates é muito fã desse projeto e o livro “vai deixar você mais feliz com o papel da humanidade no universo”.
O executivo afirma que é uma ótima maneira de compreender alguns conceitos sobre o assunto e, caso você já acompanhe o Big History, é uma forma de atualizar o conteúdo já visto por lá. “O livro mostra como tudo está conectado com todo o resto, tecendo reflexões e evidências de várias disciplinas em uma única e compreensível narrativa.”
O romance mistura ficção com história e acontece em uma noite logo após a morte de Willie, seu filho de 11 anos. Depois de visitar seu túmulo, o espírito do menino se recusa a partir e, apesar da súplica de outros espíritos no limbo. A contemplação do presidente estadunidense sobre a perda do garoto, que acontece apenas um ano após o início da Guerra Civil norte-americana lhe dá uma nova compreensão sobre o luto vivenciado pelas famílias que perdem suas crianças durante a batalha.
“Achava que sabia tudo o que precisava sobre Abraham Lincoln, mas esse romance me fez repensar em partes de sua vida”, comenta Gates, que chama a obra de “história americana de fantasmas”. Ele ainda diz que não sabe se a morte de Willie mudou a maneira do político mudar o conflito, mas, de uma forma “misteriosa e engraçada”, é um exercício de imaginação para pensar o peso da dor sobre a determinação de impedir mais mortes em massa.
O professor de saúde global Hans Rosling morreu no ano passado e ele descreve essa obra como sua “última batalha em minha missão ao longo da vida para combater a devastadora ignorância” — algo que pode ser visto nas mensagens do próprio Gates, que nos últimos anos tenta ser mais didático em todas suas entrevistas, textos e explicações.
O falecido palestrante, juntamente com o filho e a nora, analisam o que seriam os dez instintos que distorcem nossa perspectiva sobre o mundo, levando-nos a subestimar dramaticamente a quantidade de progresso que fizemos como sociedade.
A ideia é observar que, ao nos distraímos demais pensando que as coisas são piores do que aparentam, perdemos a capacidade de nos concentrar nas questões que realmente valem a pena se preocupar. “É a mais apropriada palavra final de um homem brilhante e um dos melhores livros que já li”, diz Gates.
Bill Gates revela suas 5 grandes recomendações de leituras para as férias via TecMundo