Ciência
20/09/2019 às 09:09•2 min de leitura
O bombardeio que pegou de surpresa os norte-americanos na base naval de Pearl Harbor, em 1941, é bem conhecido mundo afora. Foi esse evento que tornou decisiva a participação dos Estados Unidos da América na Segunda Guerra Mundial. Mas o real motivo pelo qual o Brasil também aderiu ao combate não é um tema muito abordado e praticamente desconhecido da população.
A Segunda Guerra Mundial durou de 1939 a 1945 e contou com a participação de grandes potências mundiais e muitos outros países que foram se envolvendo ao longo do conflito. Durante os primeiros anos do embate, a Alemanha ocupava partes estratégicas nos oceanos com sua ampla frota marítima para minar o apoio aos seus inimigos. Diversas embarcações brasileiras foram afundadas perto da costa dos EUA durante esse período, pois, apesar de ainda neutro, o Brasil fornecia borracha para o vizinho do norte. Mas o evento que ganhou o nome de “Pearl Harbor brasileiro” aconteceu entre os dias 15 e 19 de agosto de 1942 próximo à costa da Bahia. O capitão alemão Harro Schacht, à frente do submarino U-507, afundou navios da Marinha Mercante brasileira matando ao menos 600 pessoas.
A missão de Schacht era interceptar navios aliados que estivessem na rota entre o Caribe e a África do Sul. Como depois de mais de 30 dias nada acontecia, ele pediu permissão para se aproximar do Brasil. A manobra foi permitida pelo Comando de Submarinos e a orientação foi para que o U-507 fosse em direção a Pernambuco. O capitão, no entanto, seguiu em direção a Bahia, onde pode atirar a vontade nas embarcações brasileiras.
O primeiro a ser atingido foi o Baependi, depois o Araraquara, seguido por Aníbal Benévolo, Itagiba, Arará e a barcaça Jacira. Os quatro primeiros eram navios de passageiros e os outros dois, embarcações de carga. A precisão e a frieza do capitão alemão impressionam. Os três primeiros navios foram atingidos no dia 15. No dia seguinte, o submarino alemão acertou em cheio o Itagiba, navio pertencente à Companhia Nacional de Navegação Costeira, que afundou em apenas oito minutos. Quem conseguiu se salvar foi resgatado pelo cargueiro Arará, que levava sucata de ferro de Salvador para Santos. O submarino nazista estava à espreita e atingiu o navio na casa de máquinas, fazendo com que todos a bordo fossem ao mar pela segunda vez. Ainda no dia 17, o U-507 afundou um pesqueiro não identificado e dois dias depois, a barca Jacira.
A notícia demorou a atingir a terra firme, mas quando chegou provocou a revolta popular. Foi essa ação que praticamente empurrou o Brasil para a guerra contra os nazistas alemães. “Esse duplo naufrágio foi a gota-d`água”, diz o historiador Edgard Oliveira, que estuda o episódio desde 1998. “Houve campanha nacional para que o presidente Getúlio Vargas respondesse aos ataques”. Cinco dias depois, o Brasil declarava guerra contra a Alemanha e seus aliados do Eixo. Antes desse episódio pode-se dizer que havia uma desconfiança no ar com relação aos EUA. O governo de Vargas se aproximava muito mais das crenças de Hitler do que da nação estadunidense. O ataque aos navios brasileiros, porém, aproximou de uma vez por todas os brasileiros aos Aliados, e nosso país logo deixou para trás o receio de aderir ao combate mundial.