Instalação lembra as vítimas de feminicídio na Turquia em 2018

01/10/2019 às 14:002 min de leitura

Para não serem apenas um número em uma estatística, as 440 mulheres assassinadas em 2018, vítimas de violência doméstica e sexual, estão representadas, cada uma, por um par de sapatos na mais recente instalação do artista turco Vahit Tuna.

Na quina formada pelos fundos e pela lateral de dois prédios, Tuna dispôs os sapatos femininos, todos pretos, de cima abaixo das paredes, cobrindo uma área de 260 metros quadrados. "Esse trabalho é a memória da violência contra as mulheres exposta na rua e pode funcionar como um mediador do debate e da conscientização pública em um mundo em que, hoje, uma em cada três mulheres é vítima de violência física ou sexual”, diz ele sobre a obra.

A instalação cobre a parede de dois prédios em uma das ruas mais movimentadas de Istambul. (Fonte: Xinhua News Agency/PA Images/Xu Suhui)

De acordo com um relatório publicado pela Kadin Cinayetlerini Durduracagiz Platformu (Plataforma Pelo Fim da Violência Contra as Mulheres), que mantém registros de feminicídios praticados no país, 46 mulheres foram mortas apenas no mês de agosto de 2019, pelas mãos de um homem de suas relações: 14 pelos maridos, 8 por um parente, 7 pelo namorado, 8 pelo ex, 2 pelo pai, 2 pelo ex-marido, 2 por um irmão, 2 por um filho e 1 pelo filho adotivo.

Galeria 1

Pés descalços pela violência

O uso de sapatos femininos (usualmente, vermelhos) tem-se popularizado como símbolo de mulheres vítimas de feminicídio no mundo. A origem é a instalação Sapatos Rojos, da artista plástica mexicana Elina Chauvet, composta de sapatos femininos vermelhos, uma forma de protesto pelas mulheres e meninas desaparecidas e assassinadas devido à violência masculina.

Sapatos Rojos, instalação da artista plástica Elina Chauvret, cuja irmã foi assassinada pelo marido, deu início ao uso de sapatos vermelhos como forma de lembrar mulheres vítimas de feminicídio. (Fonte: LincMagazine/Reprodução)

A primeira instalação foi montada em 2009, como uma resposta à onda de feminicídios que assolou Ciudad Juarez (sua cidade natal) nos anos 1990. Elina se inspirou em sua própria irmã, morta pelas mãos do marido.

Em dezembro de 2018, centenas de sapatos vermelhos encheram a Praça Habima de Tel Aviv como um protesto contra a violência que atinge mulheres israelenses. (Fonte: AP/Oded Balilty)

Para montar a primeira Sapatos Rolos, ela recebeu a doação de 33 pares de sapatos. O protesto ecoou internacionalmente, e logo depois começaram a surgir réplicas, montadas pelo público, não só em outras cidades do México como também na Argentina, Itália, Noruega, Espanha, no Equador, Canadá e nos EUA, entre outros países. Em 2015, já haviam sido montadas cerca de 50 instalações pelo mundo.

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