Ciência
03/04/2020 às 08:29•2 min de leitura
Uma equipe de cientistas chineses e americanos divulgou um estudo na revista Antiquity provando que os burros, além de animais de carga, eram utilizados pela nobreza imperial na China do século IX na prática do polo, jogo muito popular e conhecido como "esporte dos reis".
As evidências da descoberta foram encontradas na tumba de uma mulher da nobreza chamada Cui Shi que morreu na cidade de Xi'an há mais de dois mil anos. Ossos de burros foram encontrados junto aos da mulher, o que significa, segundo os pesquisadores, que os animais teriam sido colocados na sepultura para que a nobre pudesse continuar praticando o esporte na sua vida pós-morte.
O túmulo de Cui Shi havia sido pilhado antes da descoberta, mas os saqueadores retiraram apenas artefatos, deixando intactos apenas os ossos, da senhora e dos seu animais, entre eles os burros. A presença dos equinos na tumba mortuária de uma mulher da elite social indica que eles eram mais do que simples animais de carga, e podem ter sido as montarias utilizadas por Cui Shi durante as partidas de polo, dizem os cientistas.
(Fonte: National Geographic/Reprodução)
A prática ancestral do polo
Uma das participantes da pesquisa, Fiona B. Marshall, antropóloga da Universidade de Saint Louis da cidade homônima no estado norte-americano do Missouri, afirmou que existiam relatos datados da Dinastia Tang (618 a 907 d.C.) sugerindo que nobres chineses usavam jogos de polo para matar seus oponentes, tropeçando de propósito na montaria e atropelando o cavaleiro depois da queda.
Segundo a pesquisadora, esse fato demonstra que a prática do esporte em burros, além de fazer mais sentido, fazia da prática um evento mais seguro.
Após a morte de Cui Shi, no ano 878 d.C., seus burros foram sacrificados e colocados ao lado da cavaleira. Um epitáfio, esculpido na parede de pedra da própria câmara, descrevia as características da falecida. A análise dos ossos dos animais mostrou que eles eram pequenos burros que haviam sido alimentados com grãos domésticos.
A maior descoberta do estudo, porém, foi a de que, além de menores, aqueles burros tinham os ossos úmeros mais grossos do que os de burros comuns, sugerindo um tipo diferente da marcha lenta característica de animais de carga, e mais compatível com o movimento de corridas, onde se destacam as paradas bruscas, retomadas e mudanças de direção, próprias das práticas esportivas.