Ciência
13/07/2020 às 09:00•2 min de leitura
Antigos povos polinésios e nativos americanos teriam tido contato pela primeira vez há cerca de 800 anos atrás, muitos anos antes da colonização europeia, é o que conclui um estudo de Stanford publicado na revista Nature, na última quarta-feira (8).
Para chegar nesta conclusão, os pesquisadores realizaram análises genéticas em mais de 800 moradores da América do Sul e da ilha Polinésia Francesa, “as duas regiões menos estudadas do mundo”, explicam os cientistas.
De acordo com a publicação Nature, o estudo se encarregou de filtrar e analisar gigantes bancos de dados genéticos coletados de moradores de 17 ilhas da Polinésia, além de 15 grupos indígenas do continente americano, principalmente do México e Chile.
Chamado de Fluxo gênico de nativos americanos na Polinésia antes da colonização na Ilha de Páscoa, o estudo concluiu que nativos americanos e polinésios teriam começado a ter filhos entre os anos 1150 e 1230, mesmo que essa mistura possa ser “um evento de contato único”, escrevem.
Acredita-se que esse cruzamento de culturas, há cerca de 800 anos, tenha sido estabelecido na atual ilha de Páscoa, no Oceano Pacífico. A ilha de Páscoa é mundialmente conhecida pelos seus gigantes monumentos de cabeças humanas chamados moais.
Polinésios. (Fonte: Louis Choris / Wikimedia Commons)
Um dos principais autores do estudo, o pesquisador Alexander Ioannidis, da Faculdade de Stanford, conta que, normalmente, a história dessas regiões é contada a partir da colonização europeia.
Já Andrés Moreno-Estrada, também autor do estudo, conta: “Com essa pesquisa, queríamos reconstruir as raízes ancestrais que moldaram a diversidade dessas populações e responder a perguntas profundas e antigas sobre o contato em potencial entre os nativos americanos e as ilhas do Pacífico”.
O contato inusitado entre os povos nativos não é tudo: o estudo solucionou também o misterioso caso de como a batata-doce migrou das Américas para as ilhas do Pacífico Sul.
"A batata-doce é nativa das Américas, mas também é encontrada em ilhas a milhares de quilômetros de distância. Além disso, a palavra batata-doce nas línguas polinésias parece estar relacionada a uma palavra da língua dos índios dos Andes”, explica Ioannidis.
Antes deste estudo, acreditava-se que polinésios teriam visitado as Américas e levado a planta de volta para a Polinésia. No entanto, esta nova pesquisa, juntamente com outros estudos recentes, evidenciam que os índios americanos que teriam levado a batata-doce para as ilhas distantes.