Ciência
13/10/2020 às 10:00•2 min de leitura
O ano de 2020 vai ser daqueles difíceis de explicar no futuro. Não bastasse a pandemia, o cancelamento de grandes eventos, como os Jogos Olímpicos, e outros fatos inusitados, esse ano registra a volta do conflito armado entre Armênia e Azerbaijão.
Muitos se perguntam o porquê de uma guerra nessa altura do campeonato. Na verdade, guerras nunca se justificam, mas essa tem um motivo chamado Nagorno-Karabakh, uma região montanhosa, no formato de um grão de feijão, coberta de florestas e localizada no Pequeno Cáucaso. A área fica no território do Azerbaijão e é reconhecida pelas leis internacionais como parte do país.
Mas, por questões histórias que remontam quase a um século, os armênios étnicos, maioria da população local de Nagorno-Karabakh (estimada em 150 mil habitantes), não aceitam o domínio azeri.
Quando o Exército Vermelho russo marchou sobre os dois países na década de 1920 para formar a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), a área foi agrupada ao Azerbaijão. o problema é que boa parte da população da Armênia é cristã. Já os azerbaijanos, são mulçumanos.
Quando a União Soviética começou a ruir, houve pedidos para que Nagorno-Karabakh fosse entregue ao controle armênio. Com as negativas, veio a guerra.
Em 1992, os dois países entraram em conflito pesado. O saldo: 30 mil mortos e 1 milhão de refugiados. Dois anos depois, foi negociado um cessar fogo (com a derrota azeri), que se manteve relativamente tranquilo até 2016.
Em 2020, os ânimos voltaram a se acirrar.
“Não estou surpreso com a escalada de violência desde que o exército do Azerbaijão aumentou sua capacidade de fogo nos últimos anos”, explica Arsen Gasparyan, ex-conselheiro do governo armênio e professor de Relações Internacionais da Universidade Lomonosov.
Gasparyan acrescenta que a pandemia aumentou a insatisfação com o governo, levando a população a reclamar da administração, incluindo (sempre) a questão territorial.
A troca de acusações permanece com um governo apontando o dedo para outro dizendo que foi alvo do primeiro ataque. Mas o que pesa hoje, segundo especialistas, é o apoio da Turquia ao Azerbaijão, enquanto a Rússia fica do lado dos armênios. E tudo indica que os problemas não devem ser solucionados tão cedo.