Artes/cultura
28/10/2020 às 03:00•2 min de leitura
O artesão russo Alexei Antonov, de Yekaterinburg, empenhando em continuar o legado do lendário Peter Carl Fabergé, levou a arte do corte volumétrico em pedra para um novo nível, utilizando tecnologia moderna e metais preciosos em suas esculturas para criar projetos cheios de detalhes incríveis.
“Inicialmente, queríamos reviver a arte quase esquecida do trabalho com pedra, mas com o tempo, percebemos que muita coisa mudou nesses mais de cem anos. Se antes o escopo do trabalho era limitado pelo tamanho pequeno de um item caro, hoje usamos tecnologia que nos permite aumentar o volume de uma figura, mantendo o acabamento primoroso”, explicou Antonov.
Antes de começar os trabalhos em sua oficina, o russo precisa criar antes maquetes das futuras obras de arte, o que por si só já é bem trabalhoso.
Primeiro o conceito é debatido entre uma equipe de artistas, para depois ser realizado um esboço preto e branco, e por fim, um colorido com base na cor e na textura das pedras que serão utilizadas.
Com o processo de design finalizado, o próximo passo é a criação de um molde 3D em plástico com algumas partes soltas sendo fixadas com ímãs, o que facilita destacar peças para estudá-las sem prejudicar o andamento da criação.
Além disso, esta forma de escultura não requer apenas habilidades extraordinárias, mas também um amplo conhecimento dos minérios utilizados. Por exemplo, a Fluorita tem bolhas brancas em seu interior, sendo uma boa escolha para criações que envolvem ondas e espuma do mar, já a Ágata translúcida é excelente para representar a água.
Entretanto, mesmo com toda a evolução tecnológica que auxilia muito o artesão, o corte real da pedra ainda é feito completamente à mão, e não há margem para erros, pois senão será preciso recomeçar do zero, e encontrar placas adequadas para cada composição pode ser muito difícil.
“Quando você trabalha com pedra, sempre há muitos mistérios nela: ela pode se desintegrar ou ter um tom interno diferente do que você esperava. Faz parte da natureza. Está viva. Os melhores artesãos ouvem e ela lhes diz o que fazer. É por isso que o trabalho de um cortador de pedras nunca se tornará um processo mecânico”, afirmou o russo.
Com todo o tempo e esforço necessários para criar estas maravilhas, é claro que o preço do produto final não seria barato. Peças menores, com cerca de 23 cm de altura, chegam a valer até US$ 20.000 (por volta de R$ 112 mil). As médias, com 30 cm e pesando entre 15 e 20 kg, podem custar US$ 100.000 (quase R$ 563 mil); já as maiores podem ter um peso de até 100 kg e medir um metro, com um preço estimado em US$ 1 milhão (mais de R$ 5 milhões)!
Mas para Alexei e sua equipe, sua missão vai além do ganho financeiro. “Uma interpretação artística de qualquer personagem é uma grande responsabilidade porque a arte de um cortador de pedras é eterna, e nossas obras estarão em museus ou estantes de colecionadores em 200 anos”, comentou o artista.