Artes/cultura
13/04/2021 às 05:00•2 min de leitura
Artyom Fedorovich Sergeyev não é um nome muito conhecido da história da União Soviética. Ele foi um militar dedicado, bastante fiel aos ideais da nação e tem uma trajetória cheia de reviravoltas e tragédias que se entrelaçam com a formação do Estado.
Só que o que torna Sergeyev mais famoso é a sua ligação familiar. De fama bastante discreta, ele era o filho adotivo de ninguém menos que Joseph Stalin, o revolucionário e governante que atuou como primeiro-ministro entre 1941 e 1953.
Artyom (também grafado como "Artem") nasceu em uma família de bolcheviques. O pai, Fyodor Sergeyev, era um líder sindicalista e partidário de respeito, sendo até mesmo um contato próximo de Lenin. Após ser preso na Sibéria, ele escapou e foi parar na Austrália, onde ajudou na fundação do partido socialista local.
De volta à Rússia, o camarada virou um aliado de Stalin e uma das cabeças do Partido Comunista de Moscou.
Fyodor, pai biológico de Artyom.
Só que o revolucionário Fyodor morreu em 1921, após um acidente ferroviário de circunstâncias misteriosas: uma locomotiva de alta potência em que ele estava descarrilhou após bater em pedras, colocadas propositalmente nos trilhos — as suspeitas recaem sobre partidários aliados de Trótski, embora a autoria nunca tenha sido confirmada.
O ano de 1921 foi o mesmo do nascimento de Artyom. Sem o pai e ainda bebê, ele foi adotado por Stalin após indicação de Lenin. Sem condições de criá-lo, a mãe da criança também foi ajudada pelo partido.
Ele também ficou bastante amigo de Vassily, filho biológico de Stalin e de idade similar.
Vassily, Svetlana e Stálin: criação de Artyom foi junta a dos filhos biológicos do político.
Já como filho de um dos principais líderes políticos da época, Artyom iniciou a carreira militar rapidamente em divisões de artilharia. Aos 20 anos, participou de batalhas contra os alemães e foi ferido gravemente em duas oportunidades: o fígado foi perfurado por uma baioneta e a mão direita quase foi inteiramente decepada por uma bala.
Em 1942, participou também das batalhas em Stalingrado e, aos 23 anos, já era tenente-coronel do exército.
Artyom no início de carreira e já fora da atuação militar.
Artyom chegou até o posto de major-general, atuando ainda na década de 1960 ao comandar pelotões aéreos em regiões de testes de missões nucleares em um território que hoje pertence à Ucrânia.
Após a vida militar, o filho adotivo de Stalin continuou como um de seus maiores admiradores. Escreveu dois livros cheios de elogios ao pai, além de considerar como "traidores" os políticos que iniciaram os processos de abertura econômica e política da União Soviética.
Entre diversas condecorações, Artyom recebeu a Ordem Imperial de Santo Alexandre Nevsky, uma das medalhas de maior mérito da União Soviética, pelos serviços militares prestados.
Sergeyev morreu em janeiro de 2008, aos 86 anos. Ele foi casado com Amaya Ruiz Ibárruri, filha de uma famosa dirigente comunista de origem basca.